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As lições da compra do material escolar

Manter as finanças em dia é – ou deveria ser – um cuidado permanente das pessoas e famílias.  Mas, no início de cada ano isso nem sempre é fácil ou possível. Nesse período, é normal o aumento das despesas com festas, viagens, férias, além de impostos como IPTU e IPVA, e, para quem tem filhos menores, despesas com a compra de material escolar.

Antes de sair às compras do material escolar, o que parece ser apenas mais um encargo de pais e responsáveis, é a oportunidade de transformar o limão não exatamente numa limonada ou numa caipira, mas num motivo para exercitar a educação financeira.

É fato que o custo dos materiais escolares causa algum impacto no orçamento das famílias, às vezes bem acima do esperado. De acordo com levantamento da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), apenas 11% dos consumidores estão preparados para pagar à vista a compra do material escolar

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Pensando nas dificuldades de pais e responsáveis com o delicado equilíbrio entre as contas e os pedidos das crianças e, ao mesmo tempo, reduzir o consumismo infantil – a publicidade infantil incentiva as crianças a associar a volta às aulas à aquisição de novos produtos, de modelos e marcas específicas, – o programa Criança e Consumo, mantido pelo Instituto Alana, listou algumas dicas:

1ª) comprar somente o que for necessário – junto com as crianças, escolher os materiais, usados no ano anterior e em bom estado, que podem ser utilizados no presente ano; envolver a criança nessa decisão é uma forma de incentivar o consumo consciente;

2ª) customizar materiais usados – nos materiais escolhidos para continuar em uso neste ano, dar um toque especial, aplicando bottons ou adesivos o que os tornará diferentes e exclusivos;

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3ª) o que é combinado não sai caro – ao efetuar as compras do material escolar, se for a uma loja física, deixar as crianças em casa, o que evita situações desagradáveis e até constrangedoras, com pedidos insistentes por itens dispensáveis ou muito caros; se for comprar pela internet, preferir  horários em que as crianças não estiverem por perto; se nenhuma dessas estratégias for possível, explicar para a criança o limite do gasto; pode ser  necessário dizer  que determinado item não cabe no orçamento e que não poderá ser comprado;

4ª) personagens encarecem os materiais – a presença de personagens e logotipos de produtos licenciados encarecem os materiais, em média, seis vezes, comparados a itens sem essas estampas;

5ª) feiras de trocas – algumas escolas promovem feiras de troca de livros e uniformes; além da economia financeira, a atitude contribui para a sustentabilidade e incentiva as crianças a cuidarem mais dos materiais que poderão ser trocados no ano seguinte;

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6ª) publicidade nas escolas – caso exista, converse com a direção, explicando que a publicidade dirigida ao público infantil, principalmente no ambiente escolar, é abusiva e ilegal;

7ª) mais brincadeiras e menos telas nas férias – para afastar as crianças da publicidade infantil de materiais escolares na TV e da influência de youtubers mirins que, às vezes, promovem produtos, sugerir brincadeiras ao ar livre.

A Associação Proteste, por sua vez, também deu dicas para economizar na hora da compra do material escolar, com destaque para as seguintes:

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1ª) conhecer os seus direitos – de acordo com a Lei 12.886/2013, não podem ser incluídos na lista materiais de uso coletivo, higiene e limpeza ou taxas para suprir despesas com água, luz, telefone, impressão e fotocópia; a escola também não pode exigir que os pais ou responsáveis comprem o material no próprio estabelecimento nem determinar marcas e locais de compra, exceto apostilas;

2ª) esperar o momento certo para comprar – muitos materiais não precisam estar com o aluno, desde o primeiro dia de aula; deixar para comprá-los para mais tarde, quando os preços podem ser menores;

3ª) ser objetivo – manter-se fiel à lista do material;

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4ª) comparar os preços – realizar pesquisas de preços em lojas e sites;

5ª) exigir a nota fiscal.

Mais importante do que a economia, pais e responsáveis devem priorizar a qualidade e segurança do produto para uso das crianças. Alguns itens como lápis, borracha, apontador, compasso, régua, cola, caneta, massa de modelar, tinta guache e tesoura só podem ser comercializados se apresentarem o selo do Inmetro na embalagem; evitar, portanto,  comprar de vendedores ambulantes, que cobram preços menores, mas não há emissão de nota fiscal e os produtos podem não ser seguros.

Na compra do material escolar tem, também, a importante lição dos impostos que deveria ser aprendida pelos cidadãos, para saberem para que servem e exigirem sua contrapartida de políticos e governantes de plantão. Mesmo que a educação seja tema permanente nas campanhas eleitorais, com propostas para facilitar o acesso a todos os cidadãos, a maioria dos itens de materiais escolares carregam uma absurda carga tributária. Uma agenda escolar, por exemplo, paga 43,19% de tributos; uma simples caneta, 47,49% de impostos.

A partir deste ano de 2020, é obrigatória a disciplina da educação financeira, na grade curricular das escolas. Experiências espontâneas, já desenvolvidas em milhares de  escolas,  replicaram positivamente nas famílias dos alunos.  Por isso, melhor ainda se a prática da educação financeira começar ou continuar em casa, mostrando às crianças e jovens a maneira correta de lidar com os recursos financeiros e, assim, evitar que se tornem adultos inadimplentes, cheios de dívidas e completamente atrapalhados em relação às receitas, despesas e investimentos. Não importa a situação financeira da família; é básico mostrar desde cedo o valor do dinheiro que não surge como num passe de mágica ao inserir um cartão, num caixa eletrônico. Há um longo processo para se chegar até ele.

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