Rádios ao vivo

Leia a Gazeta Digital

Publicidade

Cultura

Amigos do Cinema exibe documentário sobre Chico Buarque

Miguel Faria Jr. lembra-se: “Nos anos 1960, o pessoal do cinema e da música era muito próximo, no Rio. Frequentávamos os mesmos bares, os mesmos restaurantes”. Vem daí a longa amizade – 50 anos – do diretor com o cantor, compositor e escritor Chico Buarque de Holanda. Ela culmina no documentário Chico – Um Artista Brasileiro, que a Amigos do Cinema exibe hoje, a partir das 20 horas, no Sindibancários. É a última sessão antes do recesso de férias do cineclube. Depois, só na segunda quinzena de fevereiro.

Miguel documenta o artista que tem fama de ser reservado. Deve ser por conta da proximidade, que produziu confiança. Chico diz coisas tão íntimas que você fica pensando. Como ele conseguiu? Ele, Miguel. Chico fala da ex-mulher, Marieta Severo, de quem está separado há 17 anos. Diz que teve vários amores depois, mas as outras passam. Marieta foi a companheira em momentos decisivos, a interlocutora. Marieta era a primeira ouvinte das músicas, a primeira leitora dos textos. E Chico tinha absoluta confiança nela, no seu gosto, na sua sensibilidade. 

Há quase 40 anos, em 1977, Miguel Faria Jr. contactou o amigo Chico para que ele fizesse a trilha de Na Ponta da Faca. A parceria não se concretizou, mas dois anos depois Chico compôs duas canções para a trilha de República dos Assassinos, que Miguel adaptou do livro de Aguinaldo Silva, ficcionalizando a ligação de setores da repressão do regime militar com o Esquadrão da Morte. E agora o documentário. 

Publicidade

Chico descontraído e exposto como você nunca viu. Miguel Faria Jr., que já foi diretor maldito, lotou os cinemas com a ficção O Xangô de Baker Street. Ele reflete: o documentário sobre Chico é um desdobramento do outro, sobre Vinicius, outra figura emblemática – poeta, cantor, compositor, crítico de cinema, diplomata – que Miguel Faria Jr. também documentou, em outro belo trabalho, Vinicius. 

Como se deu

Miguel levou a ideia ao amigo. Chico disse sim, mas não queria se envolver. Dava a entrevista, e só. Chegou a brincar. “Não vou nem querer ver pronto.” Miguel começou a gravar as entrevistas no fim de 2013. Gravava, editava, definia o material para a pesquisa iconográfica. A pauta ia sendo definida nas conversas. “Gravei cerca de 30 horas que abordam 70 temas.” Vida, obra, família, censura… Chico foi perseguido durante a ditadura, teve de se exilar. Tudo é contado, esmiuçado. 

Publicidade

Hoje, muitas histórias soam divertidas, mas na época… Se a música era dele, já estava proibida. Iniciava-se, então, um processo de negociação com a censura. Até que ponto mudar palavras podia alterar o sentido? Chico conta tudo, e em clima de descontração. “A grande diferença em relação a Vinicius é que ele está vivo”, esclarece o diretor. “Lá, eu precisava de outros para contar a história de Vinicius. Aqui, o próprio Chico conta. A fala é dele, mas o olhar é meu.”

* Com informações da Agência Estado.

Publicidade

Aviso de cookies

Nós utilizamos cookies e outras tecnologias semelhantes para melhorar sua experiência em nossos serviços, personalizar publicidade e recomendar conteúdos de seu interesse. Para saber mais, consulte a nossa Política de Privacidade.