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ELENOR SCHNEIDER

Esses comunitários

Inúmeras comunidades e entidades existem graças a pessoas abnegadas, solícitas, solidárias. Cada um, doando um mínimo de si, do que possui, contribuirá para que haja vida compartilhada para além de sua casa. É assim que se ergueram muitas escolas, pequenos pavilhões, modestas igrejas, até suntuosas catedrais. Ser comunitário é olhar para fora, é transcender as paredes da casa, é compreender o verso de João Cabral de Melo Neto que diz que um galo sozinho não tece uma manhã.

Hoje, quero trazer à luz um grupo de pessoas que, em nossas comunidades, promovem a alegria, o recolhimento, a beleza do canto e da música: os regentes de coros. Eles estão presentes nas igrejas, nas empresas, nas escolas, nas universidades, congregando pessoas, despertando talentos, tornando vozes solitárias harmônicos conjuntos de encantamento.

Muitos, atualmente, são remunerados (porque são trabalhadores como tantos outros), mas ao longo da história quase sempre agiram de forma gratuita, generosa, visando apenas ao bem que os cantos entoados pudessem oferecer aos corações dispostos a ouvir. É comum participarem, por sua conta, de cursos de formação, eles mesmos fazerem os arranjos, e até mesmo pagarem as cópias das partituras. Seguidas vezes, aceitando convites improváveis, deslocam-se para localidades distantes, ali promovendo a congregação das pessoas em torno da beleza do canto.

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Regentes de canto coral normalmente são exigentes, têm ouvidos perspicazes, cobram perfeição. E quando esta reluta, primeiro balançam a cabeça, mas são compreensivos, persistem, refazem o caminho tantas vezes quantas necessário em horas incontáveis de ensaio, até a obra estar madura para exibição pública. Regentes são líderes, agregadores, em geral pacienciosos porque sabem que seu grupo é amador, as pessoas estão ali pelo prazer de cantar.

Cabe, então, uma menção aos cantores de coral. A maioria deles abre mão de suas horas de lazer ou de convivência com a família para cumprir o tempo de ensaio e de apresentações. É um compromisso, sem dúvida, no entanto traz a recompensa do sentir-se bem e feliz. Artur da Távola, quando apresentava o programa “Quem tem medo da música clássica”, encerrava com esta rica frase: “Música é vida interior e quem tem vida interior jamais padece de solidão.”

Sei que vou me expor ao citar alguns nomes, pois certamente teríamos uma lista imensa. Mas, merecem os não citados a mesma consideração, o mesmo reconhecimento. Rendo minha homenagem, aqui, a Hermínio Haas, Carmo Gregori, Nelson Wagner, Ervino Schaefer, Abílio Piovesan, Íris Rutsatz, Írimo Panke, Nedi Fontoura, professor Kolling, Pedro Osvino Etges, Leandro Schaefer, Celso Sehnem. Como escrevi, são muito mais, todos dignos de registro e gratidão.

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Santa Cruz do Sul é um impressionante reduto de música. Orquestras inesquecíveis, bandas, conjuntos, coros até quase centenários, como é o da comunidade de Boa Vista, atualmente sob a regência do jovem Astor Hauser, cantores de alto nível, compositores, arranjadores, essa história toda aguarda um grande registro para a posteridade. Hoje, no entanto, a escolha foi nomear os regentes de canto coral e, assim, externar minha homenagem, que, acredito, muitos leitores subscreveriam.

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