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ELENOR SCHNEIDER

As imagens tristes da guerra

Em nossas andanças, inúmeras vezes estudamos sobre guerra, vimos filmes, quadros, lemos livros, poemas, quase todos sobre eventos pregressos e que estavam distantes da nossa aldeia, da nossa vida. Passamos ao largo do sofrimento imposto quase sempre a pessoas indefesas, inocentes, que nada tinham a ver com os interesses dos senhores da guerra, esses que ficam em casa, em seus palácios, protegidos, e enviam os outros, principalmente jovens, a morrer por eles.

Visitando a história, localizamos uma quantidade imensa de conflitos, grande parte deles civis, portanto de irmãos contra irmãos, de filhos da mesma pátria trucidando filhos da mesma pátria, em lutas cujo combustível explosivo e irracional é o ódio, o rancor, um coração vazio de amor e sensibilidade. Uma mínima forma de pensar diferente, de interesses diferentes, logo remete às armas, evoca as forças e dispara o espírito do mal. É preciso varrer o outro.

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Até a Bíblia, no Antigo Testamento, contém grande quantidade de narrativas envolvendo guerras. Quando pesquisamos sobre o tema, a enumeração se apresenta sem fim, desde os primórdios da humanidade até os dolorosos dias da contemporaneidade. Guerra de Troia, dos Cem Anos, Guerras Napoleônicas, do Paraguai, Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, do Vietnam, os cruéis e infindáveis conflitos internos dos países africanos e asiáticos, não faltam dados para escrever esse lado triste e rancoroso do ser humano.

Toda essa lista, porém, se passava longe, era apenas conteúdo para a prova de História. Excepcionalmente, conhecemos alguém que esteve em campo de batalha, que sofreu na carne esse encontro com a desesperança e a dor. Tudo que vimos, até há pouco, era distante, nos deixava insensíveis ou, no máximo, nos trazia um desconforto momentâneo. Jamais, no entanto, estivemos tão presentes, tão próximos como agora, com os meios de comunicação mostrando praticamente ao vivo o impiedoso massacre de, na maioria, inocentes criaturas.

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Ninguém dotado de mínima misericórdia consegue permanecer insensível vendo casas, prédios, escolas, hospitais sendo destroçados por poderosas bombas assassinas. Não apenas patrimônios materiais são devastados, mas também histórias de vida, de gerações. É doído ver as pessoas andando sem rumo, um saco nas costas com as únicas lembranças do que fora até então uma vida feliz.

Eu não consigo aceitar uma humanidade que não titubeia em deixar órfãs crianças absolutamente inocentes perambulando desorientadas entre destroços e estilhaços nos espaços que antes eram sua alegria de viver. Não há clemência com ninguém quando a intolerância e o ódio cegam os corações. É impositivo mostrar força, determinação, poder das armas, poder de guerra. Se Santo Agostinho diz “meu coração não descansará enquanto não repousar no Senhor”, os senhores da guerra copiam o santo dizendo que seu coração não repousará enquanto o inimigo não virar pó.

Reconheço que o tema é controverso e que cada lado envolvido se cobre de razões. Estou observando de fora, mas não posso admitir que conflitos bélicos se sobreponham, por exemplo, ao combate à fome, essa guerra triste que também mata implacavelmente milhares de pessoas a cada ano. Melhor seria o mundo se, em vez de encher os paióis com moderno e pesado arsenal de guerra, enchesse os silos com alimentos capazes de amenizar o flagelo da fome que pouco a pouco ceifa o direito de viver de tantas pessoas.

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