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Direto da redação

Por onde anda

Para além do dever de ofício, frequento a Câmara de Vereadores toda semana há quase uma década pela sensação de assistir à história do município no momento em que ela é escrita. Gosto de pensar em cada lei que é aprovada (ou não) e em cada debate travado na tribuna como um capítulo de nossa biografia coletiva. Poder ser “testemunha ocular” disso é uma experiência que aprendi a valorizar.

Foi em uma segunda-feira qualquer que me flagrei imaginando a Câmara de antigamente. Pensei no tempo em que as reuniões aconteciam no segundo andar do Palacinho, a alguns passos do gabinete do prefeito – algo impensável nos dias atuais, em que a autonomia dos poderes é um princípio intocável –, e na época em que era relativamente comum vereadores irem armados para o plenário. Imaginei como seria interessante assistir a uma sessão protagonizada por políticos célebres, como Euclydes Kliemann e Arno Frantz.

E foi aí que surgiu a ideia da série Por onde anda, que estamos publicando aqui na Gazeta. A proposta é simples: localizar antigos personagens da vida pública local, contar a história deles e, por consequência, a história da cidade. Diferente de hoje, em que as sessões são transmitidas em tempo real, muitas dessas figuras sequer foram registradas em ação porque não havia tecnologia para isso, restando somente atas, reportagens e lembranças individuais. Ademais, boa parte dos que fizeram política por aqui nas últimas décadas não está mais entre nós, o que significa que uma parcela dessa memória já se perdeu.

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Vem sendo inspirador ouvir pessoas que contribuíram de alguma forma para construir a Santa Cruz que conhecemos. Pessoas que foram pioneiras e influentes, que romperam barreiras e ajudaram a ditar os rumos da nossa sociedade. Sem falar nas sempre deliciosas passagens “jamais contadas”. Poucos pareciam saber, por exemplo, que Seu Rubem Borba, campeão estadual de basquete pelo Corinthians, foi também o criador da bandeira do município. Quem diria que Dona Glorinha Jacobus, a primeira mulher eleita vereadora, era a moça que recebeu uma flor das mãos de Getúlio Vargas quando ele desfilou em carro aberto pela Marechal Floriano? Ou então que José Osmar Ipê da Silva, até hoje o único negro que conseguiu se eleger para a Câmara, por pouco não foi ordenado padre? E o que dizer de Gariba, um dos melhores oradores que o Legislativo já teve, que usou em seu primeiro santinho uma foto de corpo inteiro que havia tirado para um trabalho como modelo?

A repercussão tem sido excelente e ainda temos muitas entrevistas pela frente. Se é consenso que para entender o presente é preciso olhar o passado, nada mais justo do que dar a essas pessoas o lugar que merecem na História.

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