Dois meses depois de a Corsan dar início a uma série de anúncios de ações para combater a crise no abastecimento em Santa Cruz, a população segue convivendo com a falta d’água. Após moradores de nove bairros ficarem sem fornecimento no feriadão (alguns por mais de 48 horas), nessa sexta-feira foram registradas pelo menos quatro situações ao longo do dia.

Os problemas começaram durante a madrugada, quando uma rede rompeu no Bairro Pedreira. Pela manhã, o mesmo aconteceu no Centro e no Schulz e, no fim da tarde, na RSC-287, afetando a região de Linha Santa Cruz. Crises semelhantes haviam ocorrido na virada do ano e no Carnaval.

Até agora, a Corsan já anunciou seis medidas para amenizar a situação, mas muito pouco se tornou realidade.  Segundo o secretário municipal de Meio Ambiente, Anderson Mainardi, a Prefeitura, que já multou a companhia duas vezes, estuda novas atitudes. “Eles vêm aqui, apresentam uma série de melhorias, mas os problemas seguem acontecendo. Vamos ter que analisar de novo a situação”, disse.

 

Estamos agindo rápido, diz Corsan

Passados quase três anos da assinatura do contrato com a Prefeitura, o superintendente regional da Corsan, José Epstein, diz que não há como prever quando a situação do abastecimento estará mais tranquila. Ele alegou, no entanto, que a estatal espera obter um “conforto maior” no decorrer deste ano, com as ações que estão sendo anunciadas.

“Não é uma resposta matemática. Não há como garantir que não vai ocorrer rompimentos em uma cidade que tem 680 quilômetros de rede. Ninguém consegue eliminar isso 100%”, disse.
Epstein reafirmou ainda que a companhia está tentando agir com o máximo de urgência. “Estamos agindo de uma forma rápida, na nossa visão. Pode não ser rápido na visão da população.”

A Corsan alega que, além de a rede ser extensa, o fato de o território de Santa Cruz ser muito irregular favorece o rompimento de redes, já que é preciso colocar muita pressão no sistema para que a água chegue a regiões altas. Outro problema é que as redes são antigas e o processo de substituição é lento.

PROMESSÔMETRO DA CORSAN

Diante da necessidade urgente de investimentos para melhorar o sistema de abastecimento em Santa Cruz,
a Gazeta do Sul passou a verificar periodicamente o andamento das obras anunciadas pela Corsan:

1) AMPLIAÇÃO DA ETA
A promessa: implantar novos módulos junto à estação de tratamento para ampliar em 20% a produção de água.
Quando foi prometido: 15 de março.
Status: está andando, mas licitação para contratação da empresa ainda não foi concluída. 

2) REFORÇO DE EQUIPES
A promessa: deslocar equipes para atuar temporariamente na cidade, auxiliando em serviços da área comercial e liberando os técnicos locais para se dedicaram à parte operacional, como consertos de vazamentos.
Quando foi prometido: 15 de março.
Status: cumprido. Cinco equipes estão em atuação no município.

3) CONTRATAÇÃO DE EMPRESA PRIVADA
A promessa: licitar uma empresa para fazer um diagnóstico operacional do sistema e atuar nos pontos críticos, em paralelo ao trabalho da Corsan.
Quando foi prometido: 7 de março.
Status: não andou. Empresa ainda trabalha na elaboração do projeto.

4) RESERVATÓRIOS
A promessa: implantar dois reservatórios-pulmão, um no Bairro Santo Antônio e outro próximo à estação de tratamento.
Quando foi prometido: 10 de janeiro.
Status: não andou. Licitação está prevista para julho.

5) NOVA ADUTORA
A promessa: construir um nova adutora ligando o Lago Dourado à estação de tratamento, desativando duas adutoras antigas que rompem com frequência.
Quando foi prometido: 22 de março.
Status: está andando. Obra deve iniciar na semana do dia 15.

6) POÇOS ARTESIANOS
A promessa: perfurar cinco poços nos bairros Santo Antônio, Esmeralda, Aliança e Linha Santa Cruz.
Quando foi prometido: 5 de abril.
Status: está andando. Poços começaram a ser perfurados essa semana.