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CORONAVÍRUS

Como a pandemia afeta a vida das famílias no interior

Foto: Alencar da Rosa

Irmãos Raquel e Samuel Schmidt buscam alternativas para manter o Sítio 7 Águas

Engana-se quem pensa que as restrições econômicas e sociais impostas pela pandemia da Covid-19 provocam reflexos apenas na cidade. A vida na zona rural, da mesma forma, também sofre com os efeitos negativos e com as proibições de atividades e eventos. Além disso, os empreendimentos enfrentam dificuldades para continuar em funcionamento e buscam meios de adaptar-se, com o objetivo de manter a clientela e, ao mesmo tempo, respeitar os protocolos de distanciamento e higiene.

Morador de Linha Nova, no interior de Santa Cruz do Sul, o agricultor Nilo Goerck, 59 anos, conta que sua rotina se transformou desde o início da pandemia. “Aqui em casa, como trabalhamos ao ar livre e em família, não alterou muito em questão de trabalho. O que mudou é quando precisamos sair. Na volta tudo é higienizado, o calçado já fica do lado de fora e evitamos sair de casa ao máximo, só vamos quando é realmente necessário”, ressalta. Ele diz que nem todos os compromissos são adiáveis, mas o que é possível, fica para depois.


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A principal mudança apontada por Nilo diz respeito à comunidade, que teve uma redução quase que total em sua vida social. “Aqui temos várias entidades, então ocorriam quermesses, futebol, grupo de terceira idade, clube de mães e também o nosso Festival do Porco no Rolete. Essas coisas simplesmente pararam de uma hora para outra, e não vemos uma retomada em um futuro próximo.”

Ainda em relação a essas entidades, Nilo diz que praticamente todos os trabalhadores envolvidos são voluntários. Contudo, existem custos fixos que precisam ser pagos e já são impactados pela falta de receita.

Apesar do isolamento natural, a rotina dos moradores sofre os impactos das restrições | Foto: Alencar da Rosa


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Já em relação à renda da família, Nilo ressalta que o impacto foi pequeno por se tratar de uma atividade agrícola. Por outro lado, a falta de chuva afetou diversas culturas e gerou prejuízos. Para o futuro, o agricultor espera que a situação melhore com a ampliação da vacinação.

“Nós apostamos tudo nessa vacina, acho que ela vai ajudar e muito. De repente não vai cortar o mal pela raiz, mas já estaremos mais protegidos. Tudo o que vier a favor sempre é bem-vindo”, completa.

Incerteza para manter o empreendimento

Além das restrições impostas pelos decretos municipais e estaduais, bem como pelo modelo de distanciamento controlado, os empreendimentos existentes na zona rural ainda precisam lidar com as mudanças constantes nas regras e com a incerteza.

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Proprietários e administradores do Sítio 7 Águas, na localidade de Boa Vista, interior de Santa Cruz do Sul, os irmãos Raquel Schmidt, 38, e Samuel Schmidt, 31, tentam adaptar-se à nova realidade e buscam alternativas para manter o empreendimento.

“Aqui no nosso restaurante atendemos com a metade da capacidade durante o verão inteiro. Nossa área de camping estava liberada, mas controlamos bastante. Isso ajudava, porque podíamos atender. Agora, não podemos atender nada”, salienta Raquel.

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De acordo com as regras vigentes atualmente, o restaurante é um dos poucos setores do sítio que poderia funcionar, mas a limitação torna inviável. “Quando as pessoas vêm para o interior, elas não querem apenas comer, elas querem sentar na sombra, tomar um chimarrão. Ninguém viria até aqui apenas para almoçar”, acrescenta.

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Outra perda significativa de renda ocorreu em função da proibição das festas que movimentavam o local no mês de dezembro. “Era o mês todo com a agenda praticamente cheia, quase todos os dias tinha algum evento. No ano passado, isso zerou”, diz Samuel. Segundo ele, considerando movimentação de pessoas e de faturamento, a redução desde o início da pandemia é superior a 50%.

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Ao projetar o futuro, os irmãos preveem dificuldades. “Estamos em uma situação bem difícil. O custo para conservar tudo isso aqui é semanal, precisamos cortar grama, deixar as casas arrumadas, não consigo deixar as coisas para trás. Só de grama para cortar são dois hectares. Tentamos manter, mas está cada vez mais difícil”, afirmam. Para complementar a renda e ajudar nos custos, a família aposta na criação de gado leiteiro e de corte, além do cultivo de milho.

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