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Para não errar o passo

A quem caminha por Santa Cruz do Sul (aliás, é característica recorrente em nossos centros urbanos, tenham o tamanho que tiverem) não escapará um detalhe. Um pequeno detalhe: o quanto é difícil… caminhar pela cidade. Eis algo sério, que precisa ser abordado, discutido. Antes e acima de tudo, para o bem de quem caminha (tenha a idade que tiver). Logo, para o bem público.

A dificuldade de caminhar pela cidade deve-se a um sutil obstáculo. As calçadas, aquele espaço reservado para as pessoas (onde estas deveriam estar a salvo de veículos), são ameaçadoras. Há quem diga que a culpa é das lajotas, que se soltam fácil. Outro que é das árvores, as que ficam na calçada ou nas imediações, e das raízes delas. Outro que é do terreno, instável. Um quarto dirá que a culpa é de quem deveria cuidar delas. Mas quem deveria cuidar delas? Aí está. Quem quer que seja, precisa fazê-lo.

Nesse empurra-empurra, não raro a culpa acaba mesmo sendo da árvore, a pobre coitada que nada tem a ver com isso e quer apenas sobreviver, num ambiente hostil. Não se trata de procurar culpado, ou culpados. Talvez eles nem existam. Trata-se, isso sim, de procurar interessados em solucionar a demanda. Nessa hora, ao invés de criticar ou de acusar, bem melhor que cada um se coloque à disposição para ajudar.

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Nas tantas andanças pelo mundo, pude reparar o quanto uma calçada com pavimento uniforme é boa saída, de preferência um piso antiderrapante, e melhor se for de cimento, num molde básico, para facilitar a rápida remoção e reposição. O segredo é não inventar moda. É simplificar. E criar unidade. Em Genebra, onde estive recentemente, a calçada é bem plana, e não é porque não existam árvores. Ao contrário: há muitas árvores. Todas, e não importa a espécie, são cuidadas, preservadas, e devidamente protegidas.

Por lá se caminha muito. Todos caminham. Poucos carros na rua, em proporção ao que vemos por aqui. Um país tão rico e com tão poucos carros na rua. Comentei isso com um porteiro do hotel no qual estava hospedado, um português. E o que respondeu? “Talvez seja rico justamente por isso!” Com aquela franqueza. Cogitei que talvez tivesse razão. Menos carro e mais gente caminhando. Ou andando de trem. Quando eu ia de trem, pensava comigo: “Alguém precisa avisar os suíços que trem é coisa do passado. No mundo desenvolvido, como o que temos no Brasil, o trem foi eliminado da paisagem faz tempo. Modernidade.”

E muita gente engravatada caminhando. Isso também faz diferença. Gente de gravata é tomadora de decisão. E quem caminha repara em lajota fora do lugar, em lajota que respinga água na calça ou no sapato. Caminhando, toma-se contato com esse ambiente: a realidade. Ela não chega por terceiros, nem por uma câmera. Então se trata de melhorá-la, quando necessário (a realidade, não a câmera). É preciso pensar nisso. Para o bem de todos. Afinal, todos estão no mesmo barco. Quer dizer, na mesma calçada.

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