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A vida no bairro: de Vila Operária a Bairro Senai

Foto: Rafaelly Machado

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Na reportagem da série A Vida no Bairro deste final de semana, a Gazeta conta sobre um espaço da cidade que já teve diferentes nomes e, em 1998, passou oficialmente a homenagear a escola que ali se instalou, no início da década de 1950. Em uma Santa Cruz do Sul muito impactada pela industrialização, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) veio para concretizar esse foco e oferecer mão de obra qualificada para as tantas indústrias que se fixaram no município.

Depois de se chamar Camboim e Bom Jesus, o espaço situado entre os bairros Goiás, Centro, Schulz, Ana Nery e Bom Jesus passou a se denominar, finalmente, Bairro Senai. Predominantemente residencial, com o tempo, o bairro também foi atraindo negócios. O eixo dele ainda é a escola do Senai. De lá, todo ano, jovens e adultos saem prontos para o mercado de trabalho. Com boa localização, próximo da área central e também da BR-471, acaba sendo escolhido por muitos que lá decidem fazer moradia.

Delimitação

“Inicia em um ponto localizado no eixo da Rua São José, no entroncamento com o eixo da Rua Fernando Abott, de onde segue, por este eixo, no sentido leste, até encontrar um ponto localizado no entroncamento com o eixo da Rua Carlos Trein Filho, seguindo por este eixo, no sentido sul, passando pelo ponto localizado no eixo desta via, seguindo então, em linha curva, no sentido sudoeste, pelo eixo da Rua Carlos Trein Filho até encontrar um ponto localizado no entroncamento deste eixo com os eixos da Av. Gaspar Bartholomay e Rua Felipe Jacobus Filho, seguindo por este eixo, no sentido sudeste, até encontrar um ponto localizado no entroncamento com o eixo da Rua Da Pedreira, seguindo pelo eixo desta, até encontrar um ponto localizado no entroncamento com o eixo da Rua Bela Vista, seguindo pelo seu eixo, no sentido sudoeste, até encontrar um ponto localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua Lindolfo Collor, seguindo daí, pelo eixo da Rua Lindolfo Collor, no sentido norte, até encontrar um ponto localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua Feliciano Barbosa, partido deste ponto, no sentido sudoeste, por este eixo, até encontrar um ponto localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua José do Patrocínio, seguindo daí, por este eixo no sentido sul, até encontrar um ponto localizado no eixo da Rua José do Patrocínio, no seu alinhamento sul, partindo deste ponto, no sentido sul, até encontrar um ponto localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua Dr. Cleóbis Dorneles da Fontoura, seguindo por este eixo, no sentido oeste, até encontrar um ponto localizado no entroncamento desta com o eixo da Rua São José de onde segue, pelo eixo da Rua São José, no sentido norte, passando pelo ponto localizado no entroncamento desta com o eixo da Av. Gaspar Bartholomay, até encontrar o ponto inicial.” – Trecho da Lei Ordinária 8714, de 14 de setembro de 2021.

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Histórico

A história da formação do Bairro Senai ajuda a contar a história de uma Santa Cruz do Sul que verificou grande crescimento industrial, principalmente nas décadas de 1930 e 1940. Na época, o então prefeito Alfredo Kliemann e a Associação do Comércio e Indústria do município buscavam formas de qualificar a mão de obra. Assim, em outubro de 1948 foi confirmada a doação de uma área da Prefeitura para o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), para que fosse instalada uma escola. Segundo pesquisa de José Augusto Borowsky, o lugar escolhido, com área aproximada de dois hectares, foi a chamada Aldeia Municipal, no então Bairro Camboim, que depois se chamou Bom Jesus e hoje é denominado Bairro Senai.

No mesmo período, uma área de dois hectares também foi destinada ao Serviço Social da Indústria (Sesi) para a construção da Vila Operária, ou Vila Sesi. A vila foi o primeiro núcleo habitacional popular da cidade, e foi implantada nos fundos da escola, com 40 unidades destinadas a trabalhadores das indústrias. A maioria das casas se concentrava na Rua Caramuru.

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Em 1º de abril de 1949, a Gazeta noticiou o início das obras da escola do Senai. Em outubro de 1951, o professor Simão Honorato Macarthy Campis assumiu a direção da escola, que entrou em funcionamento no início de 1952. Os primeiros cursos oferecidos foram os de eletroeletrônica, mecânica e marcenaria. Simão Campis dirigiu o Centro de Formação Profissional Senai Carlos Tannhauser por 26 anos. O logradouro público em frente da escola, implantado em 1961, é denominado de Praça do Senai Simão Honorato Campis, em homenagem ao diretor que marcou época.

“Tenho raízes aqui”

Na Rua Caramuru, onde foi erguida a maioria das residências da Vila Sesi, permanece uma das primeiras moradoras. Dona Irene Cecília de Sena, de 89 anos, relembra com precisão a época em que ela e o marido, já casados e com dois filhos pequenos, foram morar na casa. Rubem Sena, já falecido, trabalhava em uma indústria fumageira, por isso, o casal pôde adquirir a casa. “Aqui era chamado de ‘as casas populares do Sesi’. O funcionário que trabalhava em firma fazia uma inscrição e, devido ao ordenado que a pessoa ganhava, tu recebias uma casa. Sobrou essa aqui para nós, aumentamos ela porque era bem pequena. E eu criei meia dúzia de filhos aqui. Hoje eu tenho 14 netos e nove bisnetos, a família é grande”, ressalta. Dois dos filhos de Irene chegaram a estudar no Senai, nos cursos de marcenaria e tornearia mecânica.

Dona Irene ainda reside em uma das casas da Vila Sesi. Ela e o marido realizaram algumas reformas de aumento na residência e troca de janela e porta da fachada

Morando há mais de 70 anos no mesmo lugar, ela recorda das amizades que fez durante todo esse tempo. “A convivência era ótima, a gente se dava bem com todos os vizinhos. Só aqui na Rua Caramuru tinha 37 crianças na época que eu vim morar”. As famílias foram crescendo e, com o passar do tempo, as casas foram ficando para os filhos e netos. Como eram imóveis pequenos os da Vila Operária, muitos moradores resolveram ampliar ou modificar a estrutura, que também foi ficando desgastada com o passar dos anos. Como dona Irene, que também fez reformas e mudou parte da fachada, trocando as aberturas e o telhado.

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Muito conhecida no Bairro Senai por todo o tempo em que vive no local, ela destaca que a chamam de Vó Irene. “Tenho muitos netos aqui no bairro”, enfatiza. Há algum tempo, já pensou em vender a casa, mas acabou por desistir. “Tenho raízes aqui, tenho história aqui”, define.

A escola senai

Experiência em educação

Tradicional, com 70 anos de história, o Senai Santa Cruz do Sul é a prova de que tempo é experiência. Experiência para inovar, seguir se modernizando e entrar na onda da nova revolução industrial que é, atualmente, chamada de Indústria 4.0. “Em nível nacional, o Senai completou 80 anos, e a nossa escola foi uma das primeiras do Estado. As obras começaram na década de 1940 e o início oficial a gente considera 1952, porque foi a primeira turma. Por isso comemoramos sete décadas em março deste ano”, explica o gerente de operações do Senai de Santa Cruz, Daniel Niehus Machado.

Para fazer jus a tanta história, o Senai busca, ano após ano, a modernização. Por isso, em 2020, uma nova estrutura passou a ser utilizada pelos professores e alunos. Devido à pandemia, somente neste ano, junto às comemorações do septuagésimo aniversário, as novas salas poderão ser inauguradas oficialmente. “Passamos por uma ampliação e pela reforma de todo o prédio antigo, que possui 70 anos”, completa Machado.

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Em todo esse tempo, milhares saíram do Senai Santa Cruz capacitados e aptos a ingressarem em um mercado de trabalho pujante que crescia ano após ano, com a implantação de muitas indústrias que fizeram o município como casa. “Costumamos brincar que a história do Senai se mistura com a da cidade, tanto que damos nome para um dos bairros”.

O Senai passou por atualizações e hoje oferece uma gama diversificada de cursos, desde os de iniciação até os técnicos. As aulas são oferecidas nas modalidades presencial, semipresencial e à distância. “Temos aproximadamente 900 a mil alunos por ano aqui. Só da lei da aprendizagem, são mais ou menos 350 alunos que estudam no Senai, indicados por indústrias em cursos gratuitos”, detalha o gerente de operações.

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Estudo e moradia

Não querer parar de estudar e ir morar no Bairro Senai foi um encontro que deu certo para Christian Ferreira, de 41 anos. Natural de Candelária, ele se mudou para Santa Cruz do Sul em 2003 e passou a residir com a então namorada, atual esposa. Em 2021, formou-se no curso de Técnico em Eletroeletrônica pelo Senai. Essa formação possibilitou o ingresso de Christian em um setor do mercado de trabalho que possui bastante demanda. “Em um primeiro momento, o curso, para mim, foi uma opção de qualificação para que no futuro eu experimentasse o mercado. É um curso no segmento em que gosto de trabalhar, por causa do alto índice de empregos na cidade, e uma área que tem uma excelente remuneração e que acaba gerando um retorno rápido”, comenta.

O curso também fez com que o morador do Senai chegasse a ser aprovado em concurso público da Prefeitura de Santa Cruz do Sul. No entanto, Christian recusou a nomeação, já que a formação também lhe garantiu a entrada na empresa onde atualmente é coordenador de filial. “A empresa em que eu trabalho é a MATVsul, uma distribuidora de tecnologia que atua em segmentos como energia solar, telefonia, redes, segurança, sistema de incêndio, controle de acesso e automação, entre outros”, explica.

Para Christian, a principal vantagem de residir no Senai é a localização. “É um bairro que está a minutos do Centro e não tem tanto fluxo de veículos. Também tem uma vasta gama de pontos comerciais, tem posto de saúde, escolas, principalmente a escola técnica do Senai. Enfim, a localização do Bairro Senai, no meu ponto de vista, significa um conforto para minha família”.

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*Colaborou o jornalista José Augusto Borowsky

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