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A VIDA NO BAIRRO

Avenida: o bairro que nasceu do futebol

Foto: Alencar da Rosa

A Avenida Independência foi o eixo central da fundação do E.C. Avenida e também do nome do lugar

“Não é só futebol!” Essa frase já virou um lema de quem quer demonstrar que o esporte mais popular do Brasil não está fadado a ser visto apenas como competição para angariar títulos. O objetivo dela é também apresentar o esporte como algo que inclui paixão, amor, amizades, solidariedade e empatia, entre tantas outras características que fazem o futebol não ser, apenas, futebol. 

Em Santa Cruz do Sul, mais precisamente no Bairro Avenida, a frase faz ainda mais sentido. Isso porque o Bairro Avenida, que tem aproximadamente 2.746 habitantes (segundo censo de 2010 do IBGE), nasceu de um clube criado por amigos apaixonados por futebol. Antes parte da Várzea, o bairro leva hoje o nome de Avenida, pois é ali, na Rua São José, que está situado o Estádio dos Eucaliptos, casa do Esporte Clube Avenida.

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Delimitações
Inicia em um ponto localizado no limite oeste da faixa de domínio da rodovia BR-471 com o eixo da Rua Ruy A. Kaercher, seguindo por este eixo, no sentido leste, até encontrar um ponto localizado no entroncamento com o eixo da Av. Independência, seguindo por este eixo, no sentido sudeste, passando pelo ponto localizado na rótula da Av. Independência, na conjunção dos eixos da Av. Independência e as Ruas Cel. Oscar R. Jost e Carlos Trein Filho, seguindo no sentido sul, pelo eixo da Rua Carlos Trein Filho, até encontrar um ponto no entroncamento desta com o eixo da Rua Félix Hoppe, seguindo então por este eixo, no sentido oeste, até encontrar um ponto no limite leste da faixa de domínio da rodovia BR-471, partindo daí, no sentido norte, acompanhando a referida faixa de domínio, até encontrar o ponto inicial.” Trecho da Lei Ordinária 8714, de 14 de setembro de 2021.

Da paixão pelo esporte ao amor pelo bairro

Clovis Koppe foi presidente do clube e também é filho do primeiro presidente

O eixo é a Avenida Independência
A história do Avenida se encontra com a do Bairro Universitário – já contada aqui nas páginas da Gazeta do Sul, na edição do dia 16 de janeiro, também na série de reportagens A Vida no Bairro. Os dois bairros são vizinhos e parte deles pertencia também à Chácara Meinhardt. Mais tarde, o local ficou conhecido como Várzea e ainda não tinha a denominação atual.

Com a fundação do E.C. Avenida em 1944 e mais tarde, em 1951, com a inauguração do Estádio dos Eucaliptos, o local se tornou a casa do time e, conforme contam moradores antigos, muitos começaram a dizer “eu moro lá no Avenida”. O boca a boca foi tanto que, anos depois, o lugar foi oficialmente chamado de Bairro Avenida. 

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Clovis Alberto Koppe, o “Chico”, de 73 anos, é filho do primeiro presidente do clube, Arno Evaldo Koppe. Anos depois, ele também foi presidente e hoje é conselheiro. Está sempre envolvido com as questões do time do coração e morou durante anos no bairro. Atualmente, reside na divisa do Centro e do Avenida, e confirma: 90% da população do Bairro Avenida torce para o time. 

Chico recorda que era desabitado o local onde hoje está o Estádio dos Eucaliptos. “Era um clarão, tudo verde, chamavam de Várzea e tinha uma grande plantação de eucaliptos. Só tinha casas na Coronel Jost, mas o eixo da coisa toda era a Avenida Independência, pois tinha um armazém e todo mundo se encontrava ali.”

É a partir da metade do século 20, para Chico, que o desenvolvimento começou a chegar com mais força no Bairro Avenida. “Hoje está cheio de comércio e cheio de habitações e edifícios.” No bairro, a maioria se conhece, é acolhedor, assim como o popular E.C. Avenida. O próprio time, de acordo com Chico, é uma extensão da família.

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Ramon Pedreira

Time de todas as gerações
Os mais novos também mantêm vivo o amor pelo Avenida. O atual supervisor de futebol do clube, Ramon Pedreira, de 35 anos, é exemplo disso. Sobrinho de Livino Ribeiro, autor do hino do time, Ramon começou a trabalhar no Avenida em 2014. “Eu organizo as viagens do clube, reservo hotel, contrato de jogadores, logística, documentação de atletas.” Para ele, o Avenida tem uma característica diferente dos outros: é mais popular e acolhedor. “A torcida está sempre presente, aonde tu vais, sempre tem algum torcedor”, destaca. 

Luiz Fernando Helfer

Uma superfamília
Estabelecimento tradicional do Bairro Avenida, o Super Família Helfer atualmente é administrado pela filha de Luiz Fernando Helfer, de 62 anos. Nascido no Bairro Avenida, Helfer conta que a região era um campo. “A gente pescava, era totalmente diferente do que é hoje”, relata. “Agora é um bom bairro para morar, bem calmo.”

Bem próximo ao acesso principal do Estádio dos Eucaliptos, hoje o mercado é mais frequentado por moradores locais e vem enfrentando dificuldades, principalmente devido à instalação de grandes redes de supermercados em Santa Cruz do Sul. “O custo é muito alto, é difícil sobreviver”, lamenta. Apesar das dificuldades no negócio, Helfer afirma que é avenidense de coração. “Com certeza, eu cresci vendo o time cair, levantar, sempre assim. Aqui no bairro a maioria é avenidense. Quando tem jogo, a turma se junta e vai, mesmo com chuva.”

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Registro da assinatura da compra da área do estádio do Esporte Clube Avenida

Uma cerveja para comemorar
É com riqueza de detalhes sobre o que houve quando surgiu a ideia do Esporte Clube Avenida que Daniro Wahrendorff, de 94 anos, conta parte da história do time do coração. Hoje residindo em Brasília, Daniro é o único fundador vivo do Avenida. “O clube se formou de uma turma que se reunia na frente do armazém do meu tio, entre a Independência e a Oktober. Já se vinha falando em formar um clube. Foi então que no dia 6 de janeiro de 1944, uma sexta-feira, pelas 14 horas, se decidiu fazê-lo de uma vez.”

Antes chamado de Varzeanos, o grupo se reunia no salão do tio de Daniro, onde hoje se localiza o Supermercado Miller da Avenida Independência. Com apenas 15 anos na época, Daniro relembra que o objetivo era criar um time de futebol para ser adversário do Santa Cruz. “Surgiram algumas opções de nomes, daí um dos presentes comentou que estávamos na Avenida Independência, então o time se chamaria Avenida. E assim ficou.”

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A primeira camiseta do time foi inspirada na do Palmeiras, de São Paulo. “Era exatamente o que queríamos, a cor verde.” Os primeiros treinos eram feitos em campos da antiga Várzea, onde hoje é o Bairro Avenida. “Procurávamos por um campo, e aí conseguimos que meu tio Arthur Meinhardt vendesse parte do campo dele, que pertencia à Chácara Meinhardt. Porém, aquele lugar tinha muitos altos e baixos, foi preciso colocar lá 1,2 mil carretas de areia e tirar os eucaliptos que tinha lá”, detalha Daniro.

Daniro Wahrendorff em uma de suas visitas a Santa Cruz do Sul, em 2009

Nesse lugar, hoje se situa o Estádio dos Eucaliptos, casa do Esporte Clube Avenida. Consequentemente, a região que teve os nomes de Várzea e fez também parte da Chácara Meinhardt hoje é conhecida como Bairro Avenida.
Mesmo morando em Brasília, Daniro acompanha e torce sempre pelo Avenida. São tantos os detalhes guardados no seu coração que ele recorda claramente que, no dia da confirmação da instalação do time, o padrasto abriu uma cerveja para comemorar. 

O salão onde surgiu a ideia do clube, porém, não sobreviveu às consequências da Segunda Guerra Mundial. “Era um lugar que tinha tiro ao alvo, bolão, argolinha, cultuava-se muito a tradição alemã. Com a guerra, pessoas invadiram e quebraram tudo. Depois de um tempo, por volta de 1945, foi vendido para uma cooperativa de Porto Alegre”, conta. 

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