O chefe do exército de Israel, general Eyal Zamir, alertou nessa sexta-feira, 20, para que a população se prepare para uma “guerra longa” contra o Irã. A mensagem foi dada em meio a mais um dia de intensos ataques trocados entre israelenses e iranianos. “Lançamos a campanha mais complexa da nossa história”, disse o general. “Devemos nos preparar para uma campanha prolongada. Apesar dos avanços importantes, dias difíceis nos aguardam.”
Entre os avanços, segundo Zamir, está a redução do arsenal iraniano, que deve motivar novas reações dos opositores. Antes da operação, o Irã possuía cerca de 2,5 mil mísseis terra-terra e planejava produzir outros 5,5 mil nos próximos dois anos, e estava promovendo avanços no campo nuclear. Israel diz, sem apresentar provas, que o governo iraniano caminhava para a fabricação de uma bomba atômica, embora Teerã negue que o programa tenha fins militares.
LEIA TAMBÉM: Em março, inteligência dos EUA negou que Irã construísse arma nuclear
Publicidade
Também na sexta, representantes de Israel e Irã na Organização das Nações Unidas (ONU) trocaram acusações de violações de guerra e indicaram que devem continuar o conflito em andamento, durante sessão do Conselho de Segurança.
O enviado iraniano à ONU, Amir Saeid, alegou que o país persa toma precauções para evitar a morte de civis. “A agressão de Israel viola a Carta da ONU, rompe o princípio básico de proibição de uso de força, viola nossa soberania e integridade territorial, viola a lei internacional de direitos humanos”, disse.
Saeid acrescentou que o Irã exerce o direito “legítimo” de autodefesa. Segundo ele, a situação já difícil foi exacerbada por indícios de envolvimento dos EUA no conflito. Em seguida, o enviado de Israel à ONU, Danny Danon, defendeu as ações do país e acusou o Irã de mirar civis em sua ofensiva, inclusive com um ataque a um hospital na quinta-feira, 19.
Publicidade
Estados Unidos
A Casa Branca informou na quinta-feira que o presidente Donald Trump decidiria “se vai ou não vai” envolver os EUA no conflito nas próximas duas semanas, citando a possibilidade de negociações sobre o Irã em um futuro próximo. Nas últimas semanas, Trump tem alternado entre ameaçar Teerã e instar o país a retomar as negociações nucleares.

Novo ataque em meio às negociações
As Forças Armadas do Irã lançaram um novo ataque com mísseis balísticos contra Israel na tarde dessa sexta-feira. Segundo o Exército israelense, ao menos 35 mísseis foram disparados contra as cidades de Haifa, Bersheeva e Tel-Aviv. Pelo menos 23 pessoas ficaram feridas.
Os ataques ocorrem em meio a negociações entre diplomatas iranianos e europeus que discutem o programa nuclear iraniano e o futuro do conflito em Genebra, na Suíça. Apesar da disposição em negociar, os principais líderes iranianos condicionam o sucesso das negociações ao fim das hostilidades de Israel, que lançou um ataque na semana passada com o objetivo de destruir o programa nuclear iraniano.
Publicidade
LEIA TAMBÉM: Desde 2008, Câmara devolveu R$ 218 milhões aos cofres públicos de Santa Cruz
O ataque em Haifa teve como principal alvo a área do porto da cidade, um dos principais em Israel. Grandes colunas de fumaça foram vistas na região, depois que o sistema de defesa aéreo israelense não conseguiu interceptar todos os mísseis balísticos iranianos.
Sarit Golan-Steinberg, vice-prefeito de Haifa, disse que edifícios próximos ao principal porto da cidade foram danificados após um míssil iraniano ter caído nas proximidades. “Estamos indo de prédio em prédio para avaliar os danos”, explicou. Em resposta, a Força Aérea israelense atacou baterias antiaéreas no sudoeste do Irã.
Publicidade
Protestos no Oriente Médio
Milhares de pessoas no Iraque, Líbano e Irã – países de maioria xiita – foram às ruas nessa sexta-feira para protestar contra a guerra. Em Teerã, capital do Irã, multidões saíram das mesquitas e invadiram as praças centrais, pisoteando e queimando bandeiras israelenses e americanas enquanto erguiam retratos do líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei. Gritos de “Morte a Israel” e “Morte aos Estados Unidos” ecoaram da multidão de manifestantes enquanto marchavam no que a mídia estatal iraniana chamou de protestos de “raiva e vitória”.
Manifestações semelhantes em apoio às forças armadas do país também foram relatadas em outras cidades iranianas, incluindo Tabriz e Mashhad.
Para saber

Os ataques aéreos israelenses mataram 639 pessoas no Irã, de acordo com a Human Rights Activists News Agency, uma organização de direitos humanos com sede nos EUA que acompanha o Irã. Entre os mortos estão membros do alto escalão das Forças Armadas e cientistas nucleares.
Publicidade
Israel começou a atacar o Irã na sexta-feira, 13, dizendo que seu inimigo estava prestes a desenvolver armas nucleares. O Irã, que afirma que seu programa nuclear é apenas para fins pacíficos, retaliou com ataques de mísseis e drones contra Israel. Acredita-se amplamente que Israel tenha armas nucleares, embora o país não negue nem confirme. (Agência Estado com agências internacionais)