
O dia 15 de junho marca o Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. A data, que nomeia este mês como Junho Violeta, foi instituída em 2006 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e pela Rede Internacional de Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. É um alerta sobre a responsabilidade individual na construção de uma sociedade capaz de respeitar e garantir os direitos dos idosos.
Conforme explica a enfermeira e empresária na área da saúde geriátrica Denise Lopes, a violência contra a pessoa idosa é qualquer ação ou omissão que cause dano, sofrimento físico, psicológico, financeiro ou que atente contra a dignidade e os direitos dessa população. Essa violência pode ocorrer em casa, em instituições ou em espaços públicos. Infelizmente, muitas vezes parte de familiares, cuidadores ou pessoas próximas. É um problema sério que afeta muitas pessoas em todo o mundo. Por isso, é importante reconhecer os diferentes tipos de violência e saber como denunciar casos de abuso.
Como identificar a violência contra os idosos
A conscientização sobre esse tema é fundamental para proteger a população idosa. “Reconhecer essas violências é o primeiro passo para combatê-las. Mais do que um problema individual ou familiar, a violência contra a pessoa idosa é uma questão social e exige resposta coletiva”, ressalta Denise.
Profissionais de saúde, familiares e membros da comunidade devem estar atentos a mudanças no comportamento e na condição física dos idosos.
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Sinais físicos
Lesões inexplicáveis, perda de peso repentina, má higiene e roupas inadequadas para o clima podem ser sinais de abuso ou negligência. Observar a interação entre o idoso e o cuidador também pode revelar comportamentos abusivos, como controle excessivo ou falta de empatia.
Sinais emocionais
Mudanças no humor, ansiedade, depressão e retraimento social são indicadores importantes de abuso emocional. A diminuição do interesse em atividades anteriormente apreciadas e a relutância em falar sobre a vida cotidiana podem sinalizar problemas graves.
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Ela pode se manifestar de diferentes formas:
- Violência física: uso da força que cause dor, lesões ou até morte.
- Violência psicológica ou emocional: humilhações, ameaças, isolamento, intimidação, xingamentos e constrangimentos.
- Violência financeira ou patrimonial: uso indevido dos bens, aposentadoria ou rendimentos da pessoa idosa, muitas vezes sem seu consentimento.
- Violência sexual: qualquer tipo de atividade sexual sem o consentimento da pessoa idosa.
- Negligência: recusa ou omissão de cuidados essenciais como higiene, alimentação, saúde, medicação e segurança.
- Abandono: quando a pessoa idosa é deixada sozinha, sem amparo, por quem tem a responsabilidade de cuidar.
- Autonegligência: quando o próprio idoso, por fragilidade física ou emocional, deixa de cuidar de si mesmo e não há intervenção de familiares ou rede de apoio.
É preciso estar atento
Denise salienta que identificar a violência contra a pessoa idosa exige atenção aos sinais físicos, comportamentais e até financeiros. “Muitas vezes, essas violências são silenciosas, escondidas pela vergonha, medo ou dependência emocional e econômica. Após a pandemia este número principalmente da violência financeira cresceu drasticamente. Observar mudanças de comportamento, perda de autonomia ou sinais físicos é fundamental. A escuta atenta e sem julgamentos pode salvar vidas. Neste tempo exige paciência, acolhimento e escuta ativa”, diz.
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Ela ressalta que a violência contra a pessoa idosa não é um problema isolado do Brasil, mas uma realidade crescente em várias partes do mundo. “Um exemplo marcante é o Japão, país com a maior população longeva do planeta. Lá, os casos de maus-tratos aos idosos cresceram quase 16% em 2022, e os abusos cometidos por familiares chegaram a mais de 17 mil em um único ano. Isso mostra como o envelhecimento acelerado, somado ao isolamento social e à escassez de cuidadores, tem gerado situações de vulnerabilidade até mesmo em nações desenvolvidas.”
Para Denise, é preciso encarar o problema com urgência. “Cuidar dos idosos não é só uma questão familiar, mas um compromisso social, ético e de saúde pública. Tem sido bem preocupante, pois eles ainda são resistentes a institucionalizar os idosos, devido à cultura asiática. Isso faz com que muitos familiares sobrecarregados e com problemas de saúde muitas vezes cometam esse crime.”
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Dignidade e respeito
A construção de uma cultura de respeito e dignidade para os idosos é fundamental para prevenir a violência. Isso começa com a valorização dessas pessoas nas comunidades, reconhecendo suas contribuições e garantindo que seus direitos sejam respeitados. Educar as gerações mais jovens sobre a importância do respeito aos idosos é um passo importante nessa direção.
O combate à violência contra esse público é uma responsabilidade coletiva que exige a ação de governos, comunidades e indivíduos. “Sempre digo que cuidar da pessoa idosa é garantir que ela envelheça com respeito, dignidade e proteção. Combater a violência é valorizar toda uma história de vida. Ao identificar uma violência, o mais importante é não se omitir. Quem cuida, denuncia. Quem respeita, protege”, conclui Denise.
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