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Inteligência Artificial: perguntas necessárias e urgentes (final)

“A humanidade tem emoções paleolíticas, instituições medievais e tecnologias divinas.” Edward O. Wilson

Temos, ou deveríamos ter, questionamentos fundamentais diante de um cenário que pode ser dantescamente assustador e, ao mesmo tempo, maravilhosamente fascinante. Em vez de tentar entender quais profissões serão substituídas por máquinas, deveríamos refletir sobre como todas as profissões serão modificadas, sem exceção.

Um exemplo que salta aos olhos é a recente premiação do Nobel de química ao britânico Demis Hassabis, um prodígio da inteligência artificial que fundou e lidera a DeepMind (hoje parte do grupo Google). Demis não tem formação em química e, possivelmente, tem conhecimento limitado na área, mas foi ele o responsável pelo modelo de inteligência artificial que permitiu conhecer a estrutura de mais de 200 milhões de proteínas conhecidas. Os benefícios de tal avanço são inúmeros, desde o melhor entendimento da resistência a antibióticos até a criação de enzimas que decompõem plásticos no ambiente.

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Muito mais importante, que mudanças fundamentais serão geradas na espécie humana? A inteligência artificial não é uma ferramenta, e sim um agente que realiza atividades antes feitas por nós, agora de uma forma muito mais eficiente e rápida, o que nos leva a outra pergunta. Libertados de atividades repetitivas e de pouco valor, teremos mais tempo disponível. Como utilizaremos esse tempo? Para nos tornarmos mais evoluídos e solidários, ou para nos tornarmos escravos e vítimas de redes neurais eletrônicas?

A forma de inteligência artificial primitiva a que tivemos acesso até agora já faz com que algoritmos concluam o que desejaremos, ou nos leva a desejar aquilo que interessa aos seus criadores. Produtos comerciais não são mais aquilo que procuramos ou o que o mercado nos oferece. Os produtos são cada vez mais os usuários, em especial quando não estão pagando por algum serviço ou informação. As mercadorias somos nós.

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A ética também deve ser uma questão permanente. A combinação de perversidade comercial, uma velha conhecida, com a inteligência artificial agente – que não só gera informação e lógica, mas também toma decisões e produz ação física – pode ser brutal e decisiva para nosso futuro e até para a preservação da nossa espécie.

Um exemplo ilustra bem esse dilema. Um aplicativo chamado Gauth AI passou a ser usado por milhões de estudantes americanos. Os alunos colocavam ali suas tarefas e lições de casa, sobre qualquer matéria, e, em segundos, obtinham as resoluções e respostas. A empresa ByteDance, proprietária do aplicativo, é também dona do TikTok. Ou seja, o principal objetivo da inovação não era “auxiliar” as crianças, mas sim fazer com que elas tivessem mais tempo livre para a hipnose dos vídeos curtos. O referido aplicativo foi banido pelo congresso americano em janeiro de 2025.

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Mentir e iludir são ações que podem ser ensinadas aos sistemas neurais. “Diplomacia” é o nome de um jogo de tabuleiro considerado um dos mais difíceis, onde a estratégia principal é blefar e enganar os adversários. Após alimentar um sistema de inteligência artificial com as regras e noções básicas do jogo, um computador se tornou imbatível contra qualquer ser humano.

Por último, será esta uma tecnologia tecnicamente acessível e disponível para todos ou apenas mais uma forma de opressão e dominação econômica? Tornar-nos-emos melhores como humanidade ou será mais uma oportunidade perdida? Teremos tempo para processar em nossos cérebros algo que está acontecendo na velocidade da luz?

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Devemos buscar respostas para essas perguntas imediatamente e prosseguir com uma das características exclusivas da inteligência natural: a esperança. Até agora, não nos tornamos redundantes. Uma conclusão de um relatório da Nasa, de 1965, segue válida: “Humanos ainda são o sistema multidisciplinar e não linear de mais baixo custo que pode ser produzido por mão de obra desqualificada.” Por enquanto.

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