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As saudações das ruas

Um dos prazeres do caminhar rotineiro pelas ruas da cidade, como testemunho todos os dias, é o do encontro, ainda que rápido, e da paralela troca de saudações com os que cruzam os caminhos. Algo um tanto automático, mas, ao pensar um pouco, não resta dúvida de que traz consigo um sentimento muito forte de carinho, consideração, empatia e conforto pessoal, de que tanto se precisa.

É sempre bom ouvir um simples “oi”, “olá”, ou um pouco mais formal “Bom dia!”, “Boa tarde!”, acrescidos normalmente do “Como vai? Tudo bem?”. Às vezes, não se está tão bem, mas acaba-se respondendo que, sim, “está tudo bem”, o que parece fazer bem, pois é certo que, quando se deixa as queixas e reclamações um pouco de lado, o “clima” melhora. No entanto, dando-se tempo para uma pequena parada, também é bom compartilhar, ainda que rapidamente, algumas “dores” que se está a sentir – e quem não as tem?, o que traz sempre um mútuo alívio.

No caso pessoal, o nome auxilia a acrescentar outros tipos de saudações: “Olá, como vai? Tudo “benno”?”, lembrando um slogan que usava em tempos de vida política, em que os companheiros na disputa, mas nunca inimigos, colocavam uma ressalva: “Tudo não, deixa um pouco para mim…”. Mas, nas ruas, e mesmo em outros ambientes, ele não é esquecido, inclusive com variações, como: “Tudo Benno, Bernardo?”, acrescendo o segundo nome. Outros ainda lembram de cargos ocupados – “Tudo bem, meu vereador!”, e até lançados: “Tudo certo, meu deputado!”.

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Há os que, junto às saudações, querem fazer algum comentário político, ao que tento mudar de assunto, já que me afastei há tempo dessa seara, onde procuro me informar pelos melhores canais (a leitura de várias fontes), mas evito maiores discussões, que nunca me apeteceram muito e agora, com polarizações acirradas, menos me atraem, direcionando as falas para temas mais leves. Digo que já há opinadores aos borbotões expondo o tema, e que se sentem mais à vontade para tal, crendo assim que me cabe contribuir, ainda mais nesta altura do campeonato, para um ambiente menos tenso e mais pacífico.

Ainda lembrando o período político, nas ruas não faltam os pedintes, ainda mais presentes naquele tempo. Há os mais diferentes tipos, que variam as saudações, para, espertamente, insuflar o ego: “E aí, chefia, sai um trocado?”, “Como vai patrão, dono da empresa? (ao verem o emblema na roupa)”, ou, “Como está, doutor?”. Sabe-se que qualquer ajuda momentânea não vai “curar” sua situação, mas, por mais que se tente auxiliar de outra forma, a saída mais exigente não é acolhida. Insiste-se no apoio imediato, para o qual o sentimento da compaixão, mesmo buscando evitar a simples exploração, acaba cedendo na maioria das vezes.

E, nos tempos atuais, existe às mancheias (mais um termo de outras eras…) o que se pode chamar de “romaria digital”, em que a maior parte das ruas é ocupada pelos que estão em outro mundo, não rezando, é claro, mas quase totalmente abduzidos pelo onipresente celular, com as mãos e mentes absortas no que o aparelho oferece, por pouco não se chocando com outros caminhantes. Para eles, não há mais tempo para qualquer saudação. Compartilham apenas, sem querer, uma e outra conversa (nada baixa) ao telefone. Mas é de se esperar que ainda persista um tanto de bom senso nos próximos tempos e não desapareçam totalmente os tão gostosos “Bom dia!”, “Tudo bem?”. Ou talvez só então se deem conta de quão bem faziam tais gestos, para quem deseja realmente permanecer “humano”.

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