Para os antigos povos germânicos, de antes do cristianismo, as árvores eram sagradas e as florestas, seus templos. O mundialmente conhecido geógrafo, filósofo, historiador, pesquisador, naturalista alemão Alexander von Humboldt (1769-1859) retoma essa reverência em um pensamento seu:
“Habt Ehrfurcht vor dem Baum.
Er ist ein einziges grosses Wunder,
und euren Vorfahren war er heilig.
Die Feindschaft gegen den Baum ist ein
Zeichen der Minderwertigkeit eines Volkes
und von niederer Gesinnung des einzelnen”
Ou seja: “Tende reverência diante da árvore. Ela é uma maravilha grandiosa, única e para vossos ancestrais era sagrada. A hostilidade para com a árvore é sinal de inferioridade de um povo e de compreensão de mundo restrita do indivíduo.”
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Igualmente o escritor alemão Hermann Hesse resgata a compreensão da sacralidade das árvores. Hesse foi um escritor, poeta e pintor alemão. Filho de pais missionários luteranos que haviam pregado o cristianismo na Índia. Hesse foi laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1946. De seus livros destaco Steppenwolf / O lobo das estepes, editado também em português. Suas obras mostram, principalmente, a procura do indivíduo por autoconhecimento, por autoconsciência.
Para Hermann Hesse – “Árvores são santuários, quem souber falar com elas, quem souber ouvi-las, aprende a verdade. Elas não pregam aprendizagens e preceitos. Elas pregam, sem se abalar, a antiga lei da vida.” – “Bäume sind Heiligtümer, wer mit ihnen zu sprechen, wer ihnen zuzuhören weiß, der erfährt die Wahrheit. Sie predigen nicht Lehren und Rezepte, sie predigen, um das einzelne unbekümmert, das Urgesetz des Lebens.”
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Hesse nos faz vislumbrar a nossa irmandade para com as árvores, com o todo no universo em seu poema escrito em setembro de 1904 – Manchmal – “Às vezes”:
“Manchmal, wenn ein Vogel ruft
oder ein Wind geht in den Zweigen
oder ein Hund bellt im fernsten Gehöft,
dann muß ich lange lauschen und schweigen.
Meine Seele flieht zurück,
bis wo vor tausend vergessenen Jahren
der Vogel und der wehende Wind
mir ähnlich und meine Brüder waren.
Meine Seele wird Baum
und ein Tier und ein Wolkenweben.
Verwandelt und fremd kehrt sie zurück
und fragt mich. Wie soll ich Antwort geben?
September 1904”
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Traduzindo:
“Às vezes, quando uma ave chama
ou um vento sopra por entre galhos
ou um cão ladra no sítio mais distante,
aí preciso por longo tempo espreitar e silenciar.
Minha alma se evade, retorna,
até onde, há mil esquecidos anos,
a ave e o sopro do vento
se pareciam comigo e eram meus irmãos.
Minha alma se torna árvore,
um animal e uma nuvem em tecedura.
Transformada e estranha, ela (a alma) retorna
e me pergunta. Como devo responder?”
Saibamos reverenciar as árvores, saibamos nos irmanar com elas; saibamos preservá-las, possibilitar mais vida à diversidade de vidas existentes em nosso lugar de viver. Empenhemo-nos por mais árvores em nossos arruamentos e pátios. Fraternizemo-nos com as árvores, as aves, o ar, com o universo.
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