O escritor indiano Salman Rushdie, hoje com 73 anos, teve seu nome projetado para o mundo de forma imprevista, e que ultrapassou o terreno da literatura. Em virtude da publicação do romance Os versos satânicos, em 1989, há mais de 30 anos, o aiatolá Khomeini, do Irã, emitiu uma fatwa, no dia 14 de fevereiro daquele ano, uma ordem, convocando os muçulmanos a matarem o autor.
Ele fora acusado de apostasia, de ter ferido preceitos do Alcorão, crime punível com a morte, e teve de ficar por 12 anos escondido, sem aparição pública, sob risco de ser assassinado. A fatwa nunca chegou a ser de todo eliminada, embora tenha sido revogada em 1998, mas o fato é que o próprio Khomeini morreu em junho de 1989, meses depois de anunciar a condenação de Rushdie.
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E em maio de 2014, há pouco mais de seis anos, o escritor Salman Rushdie esteve em Porto Alegre para proferir a palestra de abertura do ciclo de estudos Fronteiras do Pensamento daquele ano. Pela importância daquela visita, e pela envergadura internacional do nome de Rushdie nas artes, a Gazeta se fez presente para conferir a programação.
Ainda sob forte aparato de segurança, mas mantendo ao máximo a normalidade, Rushdie subiu ao palco do Salão de Atos da Ufrgs para atividade muito concorrida. Na ocasião, ele tinha lançado em 2012 um livro autobiográfico, Joseph Anton: uma memória, no qual compartilhava sua experiência de anonimato máximo. Pela obra, soube-se que Joseph Anton foi o pseudônimo, o nome falso que Rushdie adotou no período em que ficou oculto de toda atividade pública, numa tentativa de burlar a perseguiçao de algum fiel muçulmano decidido a cumprir a fatwa de Khomeini.
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Durante o período em que evitou aparições públicas, Rushdie publicara uma série de romances e volumes ensaísticos. Mais recentemente, após sua autobiografia, lançou Dois anos, oito meses e vinte e oito noites (uma releitura de As mil e uma noites) e A casa dourada.
Na palestra em Porto Alegre, acompanhada pelo jornalista Romar Rudolfo Beling, então editor na Editora Gazeta, e pelo fotógrafo Lula Helfer, Rushdie enfatizou o papel inalienável da liberdade, seja no ir e vir, seja na expressão ou na criação artística, e a necessidade premente de a sociedade, em todos os lugares, rechaçar toda e qualquer forma de ditadura ou de opressão. “O mundo quer o tempo todo nos estreitar, nos embretar, e o romance está aí para nos dizer, para nos lembrar, que somos amplos, que somos muito maiores do que dizem ou que pensam”, frisou. Quando Rushdie, em sua peregrinação pelo mundo para levar um alerta contra a opressão, esteve em Porto Alegre, a Gazeta esteve lá. Por você.
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