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Suécia: berço da dinamite e da seguridade social

Palácio Real: a rainha Silvia da Suécia é filha de brasileira e cresceu no Brasil

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Quando o ocaso da era glacial amenizou as gélidas terras onde hoje estão os países nórdicos, humanos passaram a migrar do norte da Europa para as altas latitudes da Escandinávia. No século 8, a era viking florescia na região, com suas jornadas épicas de conquista, massacre e exploração. Enquanto tribos da Noruega e Dinamarca partiam via marítima para as ilhas britânicas e para o norte da Europa, os suecos usavam vias fluviais em incursões pelo leste europeu.

A eficiência implacável de seus guerreiros levou o Império Bizantino a usá-los como mercenários nas guerras contra os califados. Um grupo de suecos da região de Roslagen, os Rus, conquistou os eslavos ao norte do Mar Negro e criou o poderoso estado de Kievan Rus, que deu origem à Rússia. Ou seja, o nome do maior país do mundo deriva de uma tribo de destemidos suecos.

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Na virada do milênio, o rei Olof Skötkonung (980-1022) adotou o cristianismo e, em 1250, a futura capital Estocolmo foi fundada. Cerca de um século depois, a Peste Negra devastou a nação, matando um terço da população. Sob o reinado de Gustav Vasa (1496-1560), o país ressurgiu para formar um império, que chegou ao ápice no início do século 18. Foi então que o rei Carlos XII (1682-1718) cometeu o mesmo erro que Napoleão e Hitler fariam depois, invadindo a Rússia. Derrotado, o império ruiu, perdendo o báltico e a Finlândia para os czares. Desde 1814, a Suécia adotou uma política de neutralidade, inclusive durante as duas guerras mundiais.

Nobel de Literatura entregue a Han Kang pelo rei Carl XVI Gustav, em Estocolmo

O país avançou significativamente a partir do século 19, baseado principalmente em avanços científicos. Além de Greta Garbo, Ingrid Bergman, do ABBA e da Volvo, a Suécia produziu eminentes cientistas, como o biólogo Carl Linnaeus (pai da taxonomia), Jöns Berzelius (um dos fundadores da Química moderna), Svante Arrhenius (pioneiro da físico-química) e o astrônomo Anders Celsius, eternizado nos termômetros. Ainda na Química, os suecos descobriram nada menos que 18 elementos da Tabela Periódica, atrás apenas dos britânicos.

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No início do século 20, surgiu na Suécia o conceito moderno de seguridade social (saúde, previdência e assistência social), que deu ao mundo um norte com relação aos direitos universais do cidadão. O país é hoje um dos mais ricos do planeta, destacando-se em desenvolvimento humano e qualidade de vida. Dos bárbaros vikings até se tornar referência mundial de justiça social e esforço pela paz, foi um longo percurso. Por falar em paz, não se pode deixar de citar outro químico sueco e seu importante legado ao almejar compensar o impacto de sua explosiva invenção.

Alfred Nobel (1833-1896)

Um certo dia, o inventor da dinamite, que enriqueceu com explosivos e armamentos, leu por acaso seu próprio obituário, previamente preparado por um jornal para o dia em que morresse. Ao ler as severas críticas relativas ao poder destruidor de sua invenção, o sueco decidiu que toda sua fortuna seria dedicada a um fundo que premiasse pessoas de destaque em várias áreas de atuação, incluindo a promoção da paz e da fraternidade. Por determinação de Nobel, os prêmios de Física, Química, Medicina, Literatura e Economia são escolhidos na Suécia e entregues em Estocolmo, enquanto o prêmio da paz é escolhido por uma comissão norueguesa, com a premiação em Oslo.

O Nobel da Paz, ao contrário dos demais prêmios, gerou algumas controvérsias. Em 1973, os escolhidos foram Henry Kissinger e o vietnamita Le Duc Tho. A escolha do americano, que mandou bombardear Hanoi enquanto negociava o cessar-fogo no Vietnã, foi duramente criticada. Le Duc Tho se recusou a dividir o prêmio. Em outra polêmica, o ativista indiano Mahatma Gandhi jamais foi agraciado. Um dos recentes diretores do comitê, Geir Lundestad, declarou: “Gandhi nunca precisou do Nobel da Paz. A questão mais importante é se o Nobel pode suportar não ter premiado Gandhi”.

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Relíquia: Museu Vasa contém um navio do século 16 resgatado do fundo do mar

Em 2025, a escolhida foi Maria Corina Machado, expoente da oposição venezuelana. Não há dúvida de que o regime do ditador Nicolás Maduro precisa acabar e, superficialmente, parece louvável exaltar sua mais ferrenha opositora. Um pouco mais de pesquisa e observação, contudo, pode mudar tal perspectiva e indica uma escolha equivocada, que beira a irresponsabilidade.

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A indicação de Corina partiu de Marco Rubio, ministro de Donald Trump e descendente de rancorosos refugiados cubanos que se beneficiavam da vassalagem aos EUA do ditador Fulgencio Batista. Corina, alinhada com a extrema-direita internacional, dedicou o prêmio a Trump, que está ameaçando a Venezuela militarmente, o que, invariavelmente, acentua o problema.

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A paz só pode ser alcançada com inteligência e serenidade, não com discórdia e truculência. Não se apaga fogo com combustível, nem com dinamite.

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