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GISELE SEVERO

A solidão e os silêncios que nos habitam

Foto: Freepik.com

A solidão é um tema que atravessa diferentes fases da vida, mas raramente é discutido com a profundidade que merece. Em uma sociedade que valoriza a produtividade, a rapidez e a exposição constante, admitir que nos sentimos sós ainda soa como sinal de fragilidade. No entanto, a solidão é uma experiência humana legítima, complexa e, muitas vezes, silenciosa.

É importante compreender que solidão não é sinônimo de estar fisicamente sozinho. Ela surge quando há um distanciamento entre o que sentimos e o espaço que encontramos para expressar isso. Podemos experimentar solidão dentro de uma relação estável, em ambientes de trabalho movimentados ou até mesmo cercados de amigos. O que nos desconecta não é a quantidade de pessoas ao redor, mas a falta de vínculos que acolham nossa verdade.

Na era da hiperconexão, esse paradoxo se intensifica. Nunca estivemos tão ligados por telas, mensagens e notificações – e, ao mesmo tempo, tantas pessoas relatam uma profunda sensação de vazio emocional. As redes sociais, marcadas por recortes idealizados de vidas perfeitas, criam comparações que reforçam inadequação, insegurança e distanciamento afetivo. Assim, muitos vivem cercados de interações, mas carecem de relações que realmente nutram.

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A solidão também aparece em momentos de transição: perdas, mudanças de carreira, separações, adoecimento, envelhecimento. Esses períodos nos obrigam a revisar a própria identidade, e é natural que surja um sentimento de deslocamento entre quem já fomos e quem ainda estamos aprendendo a ser. É nesse intervalo que a solidão costuma ganhar força, pedindo silêncio, pausa e reorganização.

Mas é importante lembrar: a solidão não é apenas ausência. Em alguns momentos, ela é convite. Um chamado para olhar para dentro, para perceber limites ignorados, para identificar necessidades emocionais que foram sendo deixadas para depois. Há uma forma de solidão que é fértil, que permite crescimento e reconexão consigo.

No entanto, quando persistente, a solidão pode se transformar em sofrimento psíquico. Ela afeta autoestima, qualidade do sono, humor e sensação de pertencimento. O ser humano precisa de vínculo – e isso não é fraqueza, é biologia, é história, é humanidade.

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Por isso, falar sobre solidão é um gesto de cuidado coletivo. Nomear esse sentimento é abrir espaço para que outras pessoas reconheçam o que também sentem. É quebrar o tabu e permitir que cada um busque apoio sem medo ou vergonha.

Se você percebe que a solidão tem se tornado parte constante da sua rotina emocional, procure conversar com alguém de confiança, fortalecer relações significativas e, quando necessário, buscar acompanhamento psicológico. A solidão pode até ser um ponto de partida, mas não precisa ser o destino. E não deixe de pedir ajuda profissional quando a solidão passar a ser dor constante na sua própria pele, pois a solidão pode se tornar muito dolorida se não tratada e compartilhada. Não estamos sozinhos nessa jornada, muitas vezes só precisamos de direcionamento adequado.

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