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LISSI BENDER

Um Natal, duas culturas

Outro dia falei aqui sobre o meu Natal – como o vivenciei na infância e como o celebro hoje. Agora volto meu olhar para os diversos Natais vivenciados na Alemanha e como os tenho percebido e vivenciado no Brasil. Volvo-me para algumas diferenças observadas na forma de celebrar a vinda de Cristo entre essas duas culturas.

Primeira grande diferença: aqui, na época de Natal o Sol a pino domina o cenário. Isso certamente favorece para a festa ser mais expansiva, mais ruidosa. Na Alemanha é tempo invernal, frio enregelante impera. O que contribui para o evento ser mais recolhido; em lugar de fogos, sons de sinos por toda parte.

Aqui o grande evento acontece dia 24, à meia noite. No centro da mesa um peru ladeado de muitos pratos saborosos, diversidade de sobremesas e panetone. Existem lendas acerca de seu surgimento e o nome significaria “pão de Tone”.

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Conforme a Encyclopaedia Britannica, a origem não está definida, acredita-se que tenha surgido em Milão no século 15. Ainda segundo a enciclopédia, o termo italiano panettone significaria “pão grande” e teria sido registrado nos dicionários italianos em 1839. O panettone se tornou famoso no século XX na Itália. Foi trazido ao Brasil por imigrantes italianos na década de 1940 e angariou o gosto dos brasileiros, com a produção em grande quantidade, principalmente pela Bauducco, a partir de 1952.

Lá vivenciei o jantar da véspera no horário costumeiro e menos lauto: Kartoffelsalat mit Bratwurst – salada de batata com linguiça grelhada – está muito presente. Na família de minha amiga Sabine Heinle, a tradição é servir Königinpasteten com Ragout fin. O manjar, conhecido desde 1685, estaria ligado ao mundo prussiano de Berlim. No dia de Natal, ganso recheado assado é iguaria tradicional.

Na Alemanha, o bolo natalino é o Christstollen, ou Weihnachtsstollen, cuja história remonta à Idade Média e aos mosteiros. Os primeiros registros datam de 1329. Seu formato alongado, coberto de açúcar de confeiteiro, simboliza o Menino Jesus envolto em manto branco, de modo a enfatizar o significado espiritual do Natal. Outra delícia são os Weihnachtsplätzchen – biscoitos natalinos –, que têm sua origem em uma antiga tradição germânica. Muitas famílias fazem biscoitinhos em casa, com participação das crianças.

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Nas regiões de colonização alemã, os biscoitos natalinos são conhecidos como Weihnachtsdoss, e diversas tradições natalinas alemãs são cultivadas entre descendentes. Como aqui a festa está centrada na véspera, o dia 25 é menos celebrativo; depois da lauta ceia, comem-se as sobras no dia de Natal, sem grandes preparativos mais. Também não há o segundo dia de Natal, que na Alemanha é feriado – zweiter Weihnachtstag.

Aqui a árvore natalina, em grande medida, é artificial, muito enfeitada e com luzinhas elétricas coloridas, tipo “pisca-pisca¨, o que sinaliza para uma festa mais colorida em meio ao calor veranil. Lá, luzes e velas conferem aconchego em tempo invernal. – De Martin Luther vem a ideia de iluminar as árvores com luz de velas, luz de Cristo, e celebrar o Natal em família.

Na Alemanha, o Christbaum costuma ser natural; grandes plantações de Tannen são especialmente cultivadas para o Natal e contribuem para a manutenção da tradição do verde natural na celebração. A propósito, em Tübingen, onde estudei, cultiva-se a tradição de erguer uma enorme árvore natalina, em frente à prefeitura/Rathaus – um Christbaum para todos ilumina o centro histórico.

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Entre as muitas canções natalinas, ressoa no Brasil o canto “Então é Natal”, da Simone, e lá, “Stille Nacht, heilige Nacht”. O Weihnachtsmann/Papai Noel se apresenta, tanto lá quanto aqui, em seu traje usual. Apesar de aqui o coitado ter de aguentar calor de 30°/35° graus.

Independente da forma como o Natal é celebrado, aqui e lá, importa que no centro do evento se encontra Jesus – a luz do mundo, mensageiro de fraternidade e paz; seja PAZ nosso grande presente de Natal; cultivemos paz sempre. Frohe Weihnachten! Feliz Natal desejo a vocês, independentemente de como cada um celebra a vinda de Cristo.

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