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Lavagem de dinheiro

“A facção almeja essa região”, diz delegado responsável pela megaoperação Kraken

Operação Kraken contou com mais de 1,3 mil policiais

O Vale do Rio Pardo esteve na rota daquela que já é considerada a maior operação da história da Polícia Civil gaúcha contra o crime organizado. Na ação denominada Kraken, deflagrada nessa terça-feira, 19, com foco no combate a um esquema de lavagem de dinheiro oriundo do tráfico, agentes da 1ª Delegacia de Polícia (1ª DP) de Sapucaia do Sul, com o apoio do Ministério Público do Rio Grande do Sul, representaram e obtiveram 1.368 ordens judiciais contra uma organização criminosa que tem seu berço na região do Vale dos Sinos, em municípios como São Leopoldo e Novo Hamburgo.

Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Vera Cruz e Candelária foram as cidades do Vale do Rio Pardo que estiveram no radar da megaoperação. Em apoio aos colegas de Sapucaia, agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Santa Cruz cumpriram um mandado de busca e apreensão em uma oficina do Bairro Senai, onde haveria um veículo em situação irregular, mas nada foi encontrado. Outros mandados foram cumpridos em locais nos bairros Esmeralda e Bom Jesus. Neste último, foram apreendidos celulares e documentos.

Em Vera Cruz, policiais da DP local foram a um endereço do Centro onde haveria uma motocicleta Honda de mil cilindradas, vinculada a pessoas investigadas. O atual dono do veículo, no entanto, estava em viagem fora do Estado e a moto havia sido enviada para São Paulo, para ser customizada.

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Agentes apreenderam partes de uma motocicleta

Também houve cumprimento de mandados em Candelária. “Fomos em dois locais do Centro onde poderia haver uma moto alvo de um sequestro judicial. Nós a localizamos, mas ela já havia sido depenada, estava desmontada. Apreendemos o motor, quadro e outras peças”, explicou a delegada Alessandra Xavier de Siqueira. Um mandado de busca ainda foi cumprido na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva), para apreensão de um celular.

Ao todo, a ofensiva se estendeu por 38 cidades do Rio Grande do Sul e quatro estados. Em entrevista à Gazeta do Sul, o diretor da 2ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (2ª DPRM), delegado Mario Souza, detalhou a importância da região para a organização investigada. “Um ponto de apoio do grupo é na região do Vale do Rio Pardo. A parte econômica de Santa Cruz é um dos alvos da facção, que tem a intenção estratégica de se estabelecer, pois o município é um corredor que liga várias regiões do Estado”, disse.

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“A facção almeja essa região, mas não consegue entrar. Existia uma pontinha querendo se estabilizar na parte econômica, mas o delegado regional Luciano Menezes e suas equipes, com um trabalho muito forte, combatem essa criminalidade, haja vista que não temos na região delitos como roubo a banco, por exemplo. Por isso, é importante atacar a questão econômica da facção e não deixar ela se criar”, ressaltou Souza, que reconheceu o trabalho policial desenvolvido no Vale do Rio Pardo. “O Menezes sabia das ações e delegou as ordens judiciais para suas delegacias, que cumpriram de forma exitosa os mandados. Agora, daremos sequências às investigações.”

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Segundo o delegado Mario Souza, objetivo da ação é descapitalizar grupo criminoso | Foto: Polícia Civil

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Porsche, Maserati, Cadillac e Camaro são apreendidos

As ações contaram com a atuação de 1.302 agentes públicos. Segundo Mario Souza, as investigações duraram um ano e meio. Descobriu-se que valores obtidos a partir do tráfico de drogas e crimes patrimoniais, como roubos e latrocínios, eram maquiados e investidos de forma empresarial pela facção gaúcha que atua no Rio Grande do Sul, parte do Sul do Brasil e tem ligações internacionais. A investigação alcançou cinco líderes do grupo criminoso.

Os policiais conseguiram mapear o organograma, a base de atuação, os ramos de condutas delituosas praticadas e a logística dos membros. Apurou-se que o grupo pratica ampla e complexa lavagem de bens e valores oriundos do tráfico de entorpecentes, comércio ilegal de armas de fogo, comércio ilegal de pedras preciosas, crimes patrimoniais (roubo, furto, extorsão, estelionato), crimes contra a fé pública (falsificação de documentos, falsidade ideológica, adulteração de sinal identificador de veículo automotor), comércio ilegal de camisetas e símbolos de órgãos e instituições públicas, entre outras infrações penais.

Ao longo da investigação, no ano passado a 1ª DP de Sapucaia do Sul prendeu 102 integrantes da facção, que atuavam em diversos níveis de comando, desde o “vapor” (traficante que atua nas ruas), ladrões de carros e até alguns gerentes. Mais de dez quilos de entorpecentes e 11 armas de fogo foram apreendidos. O saldo total da megaperação dessa terça compreende 273 mandados de busca e apreensão, 66 ordens judiciais de prisão, 13 casas prisionais que foram alvos de busca e apreensão e uma prisão federal com diligência para busca e apreensão.

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Ainda houve 38 sequestros de imóveis do crime e 102 veículos tirados da quadrilha, o que inclui carros de luxo como Porsche, Maserati, Audi, Cadillac e Camaro. A descapitalização do grupo criminoso envolveu também o bloqueio de 190 contas bancárias e 812 pedidos deferidos para quebras de sigilo fiscal, bancário e tributário.

Ao todo, 58 pessoas foram presas. Foram apreendidos 40 veículos, 87 celulares, R$ 72 mil em espécie e R$ 50 milhões em bens e valores. Os trabalhos na megaoperação Kraken contaram com o apoio da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros, Susepe, Polícia Rodoviária Federal (PRF), Departamento Penitenciário Nacional (Depen) e das polícias civis de Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul.

Veículo Porsche foi um dos confiscados pela Polícia Civil na megaoperação | Foto: Polícia Civil

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