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ELENOR SCHNEIDER

A geração dos excluídos

As pessoas são mais longevas, vivem mais, segundo todas as estatísticas e todos os relatórios das últimas décadas. Ao lado desse fato, convive um extraordinário desenvolvimento científico e tecnológico, que beneficia, mas também gera angústias, desconfortos e humilhações. Muitas pessoas se especializaram em maldades perante as quais tentamos nos proteger enchendo nossa vida de senhas. O ser humano moderno vive cercado de senhas por todos os lados; portanto, é uma ilha.

Quem nasce no meio do cenário tecnológico, navega facilmente nesse mar. No entanto, uma multidão nasceu antes e, para essas pessoas, a parafernália eletrônica as persegue como um cão bravo prestes a morder os calcanhares. As mudanças são tão velozes, que, quando pessoas de mais idade aprendem alguns desses truques, eles já partiram, saíram do lugar e acenam sem constrangimento que os sigam se não quiserem perder o acesso ao universo. Se as pessoas não se atualizam, ficam excluídas, mesmo tendo condições de levar uma vida serena, que fizeram por merecer.

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O mundo de senhas gera medo. Quando uma nova é acrescentada, a recomendação é clara e enfática: não passe para ninguém! Mais alguns conselhos acompanham o recado: procure não repetir senhas, evite senhas óbvias, e tantos mais. Portanto, se não seguirmos esse roteiro, corremos riscos de toda natureza. E o medo e a desconfiança se impõem com plena razão, porque pessoas maldosas andam a rodo por aí, só pescando incautos e, principalmente, desprotegidos.

A tecnologia é fantástica, mas também assustadora.

Vejamos o caso dos carros. Numa evolução espantosa, vêm recheados de sofisticada tecnologia, que, evidentemente, tem seu preço. Para acessar todos os seus recursos, é indispensável realizar uma robusta aprendizagem, caso contrário ficam adormecidos para sempre. Dizer que não usa porque não quer é mais um recado para lembrar a nossa incompetência.

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E os aplicativos? A grande avalanche da hora são os aplicativos. Centenas de instituições e empresas pedem que baixemos seus aplicativos. Primeiro, de forma dócil, perguntam se temos. Mais adiante, só conseguimos comprar, com mínima vantagem, se tivermos aplicativo. Postos, supermercados, bancos, escritórios, todos te cobram esse instrumento. E, é claro, tens que ter a senha. Penso que, se abríssemos um cérebro, encontraríamos apenas senhas, muitas senhas.

Grande parte dos atendentes tem paciência e didática para ensinar o uso. Até entendo seu repetido espanto. Na cabeça deles tudo é de uma clareza primária, rutilante. Isso não ocorre, em geral, com pessoas que procedem de outros tempos, de outras tecnologias. Estas precisam de compreensão, de empatia, de tolerância, caso contrário saem atordoadas e se sentem verdadeiramente incapazes e excluídas.

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Aprendemos muito com a repetição. Se utilizamos determinada função uma vez por ano, provavelmente no ano seguinte não lembraremos como acioná-la. A recente pandemia demandou a criação e o desenvolvimento de uma enxurrada de plataformas. Crianças e jovens rapidamente aprenderam o uso. Funcionários, empresários, toda sorte de profissionais tiveram que aderir para não serem excluídos desse mal batizado novo normal. Trouxe vantagens e benefícios, sim, mas também gerou suas perdas, como escritórios fechados, prédios desabitados, salas de aula sem alunos e professores, entre tantas outras. E o pior: reduziu o convívio, o contato pessoal, o congraçamento, que tanto bem sempre fizeram a todos os corações.

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