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HISTÓRIAS

A tarde que não será esquecida: sinimbuenses relatam momento em que água invadiu a cidade

Foto: Alencar da Rosa

Raimbaldo Henckes viu uma parte da Ponte Engelmann ser levada no dia 1o de maio

No início da tarde dessa quarta-feira, nuvens pesadas fizeram o dia perder um pouco de sua luz. A chuva caiu forte por alguns instantes em Sinimbu. E, junto com ela, voltou o temor de que a água do Rio Pardinho pudesse retomar os níveis registrados na quarta-feira, dia 1º, quando devastou boa parte do município. Enquanto assistiam assustados à precipitação, moradores, voluntários e representantes dos órgãos de segurança trabalhavam para restabelecer uma normalidade que demorará tempo para fazer parte do cotidiano.

Nas águas e nas margens, a equipe do Corpo de Bombeiros de Santa Cruz do Sul fazia busca por dois moradores. As informações que receberam é de que um deles, em Alto Sinimbu, tentou atravessar o rio nadando, mas foi levado pela correnteza. O outro estaria vendo a situação se agravar e não conseguiu se colocar em local seguro, sendo levado pelas águas.

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Preocupados com os amigos que estão desaparecidos, mas sem interromper os trabalhos, os demais sinimbuenses recordam da virada de abril para maio. Contam que na noite da terça-feira, dia 30, o nível do rio subiu, mas de forma semelhante a outras cheias, sem causar preocupação. Na manhã seguinte, chegou a baixar, o que soou como alívio para quem estava atento. Mas no início da tarde do dia 1º, a água desceu com força.

Raimbaldo Henckes, de Alto Sinimbu, lembra que observava a situação quando percebeu que, com a correnteza, vinham móveis, árvores e muito material. “Por volta das 13h15 aumentou a água, deu um estouro e a ponte se foi”, recorda ao citar a saída de um dos vãos da Ponte Engelmann, construída em 1966. Agora, ele está com as mãos calejadas de auxiliar os vizinhos a passar alimentos, utensílios e combustível para o outro lado do rio. Também são mandados celulares para carregar e até baterias, já que do outro lado há gerador.

Bombeiros fazem buscas por desaparecidos | Foto: Alencar da Rosa

Essa “travessia” é possível por meio de um mecanismo com roldanas montado pelos moradores. Uns aguardam os envios enquanto Henckes auxilia para quem está à margem direita do rio. Do lado da ponte, uma garagem permaneceu erguida, com o pote de ração para cães abastecido. A casa onde moravam os donos dessa garagem já não existe, assim como a do vizinho, onde restou erguida apenas a escada de poucos degraus, construída em alvenaria. “O cara fica olhando e se perguntando: o que está acontecendo? A gente chegou a tremer de medo, porque vinha mais coisa ainda”, diz Raimbaldo Henckes.

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Equipe de farmácia presenciou a força da correnteza

Há oito meses, a família de Ademir Sulzbacher adquiriu uma farmácia. Passaram a ser empreendedores. Nessa quarta, eles reconstruíam a parede e olhavam o estabelecimento sem acesso à Rua General Flores da Cunha e totalmente vazio – sem remédios e móveis. Quem relata é a funcionária da farmácia, Loana dos Santos. Ela mora na localidade de São João, que não foi atingida, mas assim que soube, foi auxiliar os patrões e colegas.

“Passamos parte da manhã ajudando. Baixou, mas no início da tarde começou a subir novamente. Estávamos entre cinco fazendo a limpeza, quando começou a entrar”, recorda. Sem saber a dimensão do que vinha, tentavam tirar a água com baldes e panos. Quando perceberam não ser mais possível, e com nível elevado na rua, foram para o segundo piso, onde ficaram até serem resgatados. Da sacada, viram um salão de beleza e um veículo da Brigada Militar serem levados pela água, assim como a cabeceira da Ponte do Centenário, que liga ao Bairro Rio Pequeno.

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A fé como reforço

Na frente da residência do casal Rogério Luís Bressler e Rosana (foto abaixo), na Rua Pedro José Miguel Backes, uma gruta com Nossa Senhora Aparecida evidencia a fé da família. Depois da cheia no dia 30, ele ficou mais tranquilo porque o rio havia baixado, mas o início da tarde do dia 1o motivou a corrida para salvar alguns itens, como televisão e máquina de lavar, além do automóvel e do ônibus da Viação União Santa Cruz, onde trabalha. “Queremos que todo mundo fique bem e reconquiste seus bens. E não podemos perder a fé”, diz Bressler.

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