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ELENOR SCHNEIDER

Água, essa querida

Há alguns dias, em matéria veiculada por um canal de televisão, uma moradora próxima do rio Gravataí, entrevistada, lamentava a falta de chuva, pois “se tivesse chovido, esse lixo todo teria ido embora”. Toneladas de material tinham vindo à tona, porque as águas do rio baixaram e mostraram como nós, os autodenominados seres mais inteligentes do universo, lidamos com a mãe Natureza.

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Segundo consta nas datas comemorativas de março, 22 foi instituído pela ONU como o Dia Mundial da Água. Bom momento para olharmos com mais carinho e respeito esse elemento fundamental para a vida. Parece que só assim o percebemos quando secas implacáveis se abatem sobre nós e descem seus mantos de pânico sobre nossas cabeças. Aparecem as primeiras chuvas e tocamos o barco como se nada tivesse acontecido.

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Muitas pessoas conspurcam as águas por ignorância, mas muitas também o fazem em plena consciência do que estão fazendo. Sempre existiu o entendimento que, despejando ou desovando no rio, no arroio, no riacho, a água leva e a pessoa lava as mãos. Quem despeja, ficando acima, acha que se livrou do problema, esquecendo-se de que, quem vive abaixo, recebe esse presente desprezível, indesejável.

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Como em tudo, a mudança de atitudes começa no individual, começa comigo mesmo. Aproveitemos a data para repensar o que fazemos em relação ao uso e ao consumo da água em nossas casas, nas escolas, na comunidade. É impossível pensar a vida sem a água, por isso cabe uma luta ingente e incansável pela preservação dos recursos hídricos que a natureza nos oferece graciosamente.

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Se não há muito tempo as árvores, que das margens projetavam sua sombra e sua vida para dentro dos rios, foram derrubadas, é hora de lhes restituir o espaço, para que as águas permaneçam fluentes e generosas. Programas como o Protetor das Águas, que Vera Cruz abraçou, deveriam estar em todas as plataformas governamentais. A decisão de preservar as nascentes é um gesto de carinho e amor ao futuro, às próximas gerações.

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Aquele cenário do rio tomado de lixo chocou demais e deveria servir de mínima lição para todos, ricos e pobres. As imagens poderiam chegar a todas as salas de aula, a todos os espaços sociais, para desencadear uma reflexão com impacto incomensurável. O rio Gravataí exibiu aquela montanha de lixo, mas muitos outros devem ocultar realidade igual. Atitudes irresponsáveis e criminosas só mudam de endereço. E um questionamento se impõe: será que temos que esperar várias gerações passar para concretizar uma consciência mais limpa, mais suave, mais humana?

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As águas são inconscientes, mas exigem respeito. Se ao longo dos tempos construíram seus caminhos, esperam que não sejam atrapalhadas em sua marcha. Várias tragédias envolvendo águas se sucedem, mas em geral não são elas que as patrocinam. Muito antes sinalizam que aqueles espaços são seus, que cedo ou tarde podem pedir passagem.

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Cumprida a sua missão, a água retorna às profundezas da terra ou navega até as altas nuvens, porque, num ciclo infinito, aceita regar e preservar a vida. Mesmo maltratada, desrespeitada, sabe perdoar, aplaca a sede, refresca os corpos cansados, se espalha em ruidosas cachoeiras ou em suaves murmúrios dos riachos. A sua força gera energia, a sua serenidade gera paz.

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