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EMOÇÃO

Antony, de 7 anos, realiza sonho na pista de rodeio

Foto: Nathana Redin/Gazeta da Serra

Um “oi” tímido, da porta de casa, enquanto a equipe de reportagem da Gazeta da Serra chegava à varanda. Foi assim a recepção na casa do pequeno Antony Rafael Esperidião, o menino de 7 anos que encantou narrador, laçadores e público no último fim de semana, quando parou o Rodeio do CTG Galpão da Estância, em Sobradinho. O vídeo, que capta o momento em que Antony aparece dentro da pista de rodeio, foi publicado pela mãe, Jociéli dos Santos, 31 anos, no perfil dela no Facebook e recebeu muitos comentários.

Enquanto ele e o capataz do CTG, Kristian da Rosa, saem montados no cavalo e percorrem a pista para correr atrás do boi, o narrador Felipe Freitas descreve com emoção a cena, como se estivessem em uma armada. Eles são aplaudidos e Antony então retorna para a arquibancada para continuar aplaudindo os laçadores, após ter o sonho realizado. Foram poucos minutos e uma lembrança que a família vai guardar por toda a vida.

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Segundo os pais, Antony tem paixão pelos animais desde muito pequeno, mas o gosto por rodeios surgiu ao ver o vizinho em frente a propriedade da família, em Linha Carijinho, lidar com o gado. “Seu Muraro e o genro dele, Lucas Vieira, sempre que podiam davam algumas voltas a cavalo com Antony. Ele batia palmas vendo eles tocando o gado e foi presenteado com um troféu. Eles viam sua alegria. Na nossa família ninguém é ligado a essa tradição de rodeio. Nós prestigiamos quando podemos, mas não estamos sempre acompanhando, até por isso foi uma surpresa ele gostar tanto disso”, destacou a mãe.

Diagnosticado aos 4 anos de idade com transtorno do espectro autista, Antony expõe através das palmas a emoção de felicidade, euforia. Conforme explica Jociéli, o bater palmas foi a primeira característica que ele demostrou do autismo. “Com o passar do tempo a estereotipia dele não mudou, então ele repete este movimento. É mais forte que ele”, menciona a mãe.

Já o pai, o agricultor Rafael Esperidião (Mirna), de 31 anos, explica que no último fim de semana, muito em razão da pandemia, esta foi a primeira oportunidade que tiveram de levá-lo a um rodeio e naquela noite ele estava muito feliz. “Uns quinze dias antes comentei que o levaria. Depois disso, quando amanhecia ele me perguntava: ‘é hoje pai?’ Ele gosta muito de montaria com touros, pois assiste os rodeios no YouTube. Expliquei que esse não era exatamente igual, que era com cavalos. Aí ele recordou do filme Spirit: O Corcel Indomável, que trata da história de um cavalo, e nos disse que veria um igual quando fosse ao rodeio”, conta o pai.

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O autismo de Antony progrediu de moderado para leve, mas não gosta de barulho. Isso, no entanto, não foi impeditivo para permanecer no parque. “Quando ele viu os animais, parece que esqueceu o som ao redor. Ele continuava a bater palmas. Foi o chão dele. Uma alegria só”, destacam. “Ele nunca sai de perto de nós, então quando foi comentado da possibilidade lá na hora, achamos que ele não iria. Pensamos, ‘como eles iriam parar o rodeio’. E ele foi. Não conhecia o Kristian, e mesmo assim foi. Depois que ele voltou para a arquibancada, e os laçadores passavam e cumprimentavam, meu Deus, foi uma realização”, enfatizam. “Agora me encontram na cidade e perguntam: ‘e aí, Mirna, já comprou o cavalo?’”, acrescenta o pai sobre a repercussão do momento.

Mesmo sem ter um cavalo de verdade, em casa Antony laça a vaca parada, feita de forma artesanal, com um cavalete. O cavalo dele é a bicicleta, que ganha o reforço do pelego, e assim ele gosta de passar o tempo, além das brincadeiras com os tantos animaizinhos de brinquedo. Antony fez questão de explicar como faz para armar a corda e, com um sorriso, demostrou a alegria de falar sobre o que gosta. “Muitas vezes ele está no mundo dele, de imaginação. Ele adora pintura, recorte, tudo relacionado a animais. O primeiro acesso que deixamos ele fazer no YouTube foi com ele soletrando a palavra rodeio e desde então só assiste a vídeos assim, de animais e explicações da natureza”, enfatizam.

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Antony irá ingressar no 3º ano do ensino fundamental e possui o acompanhamento de uma monitora especial. Conforme a mãe, que também é professora, devido ao barulho e agitação ele não consegue permanecer muito tempo em sala. “Leitura e escrita, desenvolveu muito bem. Ele se interessa por Ciências, Geografia, planetas, natureza. Quando ele tem acesso ao YouTube, por exemplo, não assiste desenhos comuns, são vídeos de conhecimentos, como saber porque chove, as famílias dos animais, ele se interessa por coisas diferentes, então ele tem atividades diferenciadas”, menciona.

Antony já fez tratamentos com psicóloga e fonoaudióloga. Mais recentemente ingressou na Apae, com outras atividades, como a equoterapia, o que despertou mais ainda essa paixão por animais. “Ele precisou fazer uma cirurgia no ano passado, então não conseguiu frequentar a Apae por um tempo. Agora ele está pedindo quando vai retornar. Um de nós sempre acompanha. Ele só se sente seguro assim”, destacam.

Quanto ao futuro, Rafael e Jociéli esperam poder realizar muitos outros sonhos de Antony e vê-lo com brilho no olho e sorrindo ao fazer aquilo que o deixa feliz.

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Sobre o momento

Para Felipe Freitas, que narra rodeios há duas décadas e é pai de dois filhos pequenos, a cada final de semana algo diferente fica registrado. “Em Sobradinho, estava narrando e também competindo. Quando passei laçando percebi que tinha um gurizinho batendo palma toda hora. Pensei: ‘ele está faceiro’, então fiquei cuidando ele próximo dos pais. Depois, quando eu estava narrando, eles vieram perto da cabine e contaram a história dele, que gostariam que ele desse uma volta. Então o narrador que estava do meu lado me contou e chamei o Kris e contei pra ele. Se eu tivesse no lugar deles, gostaria que alguém fizesse o mesmo para os meus filhos. A gente se emociona também junto. Não é só o dinheiro. Quando vemos uma coisa boa temos que exaltar. Estamos sempre no meio, tentando ajudar”, enfatiza.

Antony com o narrador Felipe Freitas

Já o capataz Kristian da Rosa, que entrou na pista a cavalo com Antony, descreve o momento como de muita emoção. “A gente se coloca no lugar dos pais. Foi uma emoção muito grande pra mim, pra família dele, ao CTG e a quem estava presente. Ao final não consegui nem falar. Foi um momento muito diferente pra mim. Indescritível”, salienta Kristian, que também convidou Antony a participar de atividades ligadas à tradição gaúcha.

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