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A VIDA NO BAIRRO

Bairro Universitário: formado a partir da educação

Foto: Alencar da Rosa

Assim como no seu entorno muitos prédios foram sendo erguidos a fim de receber os alunos, o comércio também passou a aproveitar a movimentação e começou a se instalar no Bairro Universitário, para atender a essa demanda

Se o ensino é algo que pode levar o ser humano a se desenvolver pessoal e profissionalmente, para um bairro ou uma cidade ele vem para engrandecer e fazer valer o significado – de forma literal – da palavra desenvolvimento. Foi  assim (e ainda é) com o Bairro Universitário. Com a instalação da Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) naquele local, limítrofe com os bairros Santo Inácio e Independência, por óbvio, o nome dado ao bairro tema desta reportagem não precisa ser explicado. 

Com 4.517 habitantes, conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Universitário expandiu-se ao redor da Unisc e, hoje, abriga milhares de estudantes que vêm das mais diversas partes do Rio Grande do Sul, e até de fora dele, para estudar naquela que é considerada uma das 410 melhores universidades da América Latina e está entre as 15 melhores do Estado, segundo o levantamento de 2020 da Quacquarelli Symonds (QS).

Assim como no seu entorno muitos prédios foram sendo erguidos a fim de receber os alunos, o comércio também passou a aproveitar a movimentação e começou a se instalar no Bairro Universitário, para atender a essa demanda. Com isso, hoje, pode-se dizer que, além de um município industrializado, Santa Cruz também é uma cidade universitária.

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Histórias que se cruzam

É inevitável. A história do Bairro Universitário se entrelaça com a da Universidade de Santa Cruz. O ano de 1993 marcou a instalação da Unisc. Arquivos da Gazeta do Sul daquela época definem o momento histórico como a realização de “um dos grandes anseios da região”. A história do ensino superior no município, porém, é anterior. A Associação Pró-Ensino em Santa Cruz do Sul (Apesc) foi criada em 1962.

Depois, em 1967, nasceu a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FFCL). Em 1980 surgiram as Faculdades Integradas de Santa Cruz (Fisc), com alguns prédios na Rua Coronel Oscar Jost, próximo ao Parque da Oktoberfest. Contudo, com a transformação da Fisc em universidade, a transferência para o novo campus foi se aproximando. “O prédio central da Universidade de Santa Cruz do Sul, na Rua Coronel Oscar Jost, que gradativamente está sendo transferido para a Prefeitura em troca da construção de novos blocos no Campus Universitário, foi construído de 1973 a 1977”, conta a edição da Gazeta do Sul de 11 de agosto de 1993. 

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A mesma edição da Gazeta teve até um caderno especial sobre a universidade, já que, no dia 11 de agosto de 1993, uma solenidade marcou a instalação da Unisc. No suplemento, fala-se, na página 8, que as primeiras obras foram concluídas em 1984 e os primeiros estudantes foram para lá deslocados. “A área, de 42 hectares, conhecida antigamente como Chácara Meinhardt, localiza-se a dois quilômetros do centro da cidade. Ela foi adquirida em 1974, com verba que o então deputado Silvérius Kist obteve junto ao governador Perachi Barcellos”, descreve a reportagem. Ao longo do tempo, mais blocos foram sendo construídos, transformando aquilo que muitos chamavam de “descampado” em um bairro atrativo e desenvolvido. 

Professor por quase 40 anos no Bairro Universitário, Elenor José Schneider recorda que, à época, a transferência da universidade para o local onde hoje está recebeu muitas críticas. “Lembro bem que, quando se estabeleceu que o campus da Unisc iria para lá, o quanto de crítica isso provocou. ‘O que querem naquele descampado’, diziam. Na década de 1980, os primeiros cursos foram deslocados para seu novo espaço. Como não havia ar-condicionado, nas noites muito quentes, ou se fechavam as janelas, ou se convivia com verdadeiros exércitos de mosquitos. A parte baixa do campus era um grande banhado.”

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Em obras: construção dos primeiros blocos que fariam parte do campus da Unisc

Para Schneider, o campus proporcionou um visível crescimento ao bairro e também a tantas outras áreas do município, com destaque para o setor de habitação. “Os loteamentos após a Unisc explodiram, constituindo hoje expressivo núcleo populacional. Muitas casas e novos apartamentos foram destinados a aluguel de estudantes e professores. Na década de 1990, houve um grande impulso na implantação de novos cursos, sobretudo na área das engenharias e da saúde”, observa.

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O professor relembra também das dificuldades iniciais em relação à mobilidade urbana. “Algumas dezenas de ônibus acessavam o campus de modo especial nos horários de início e final das aulas do turno da noite. Vinha intenso movimento do norte e do sul, depois também do leste, pela Avenida João Pessoa. Quem quisesse acessar a Independência vindo da São José, por exemplo, ficava muito tempo esperando, devendo contar com a colaboração dos motoristas que vinham da primeira via. A implantação de um semáforo ali amenizou o problema.”

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No mesmo local, é possível ver a expansão no entorno da universidade | Foto: Alencar da Rosa

Local já teve vários nomes

Por um tempo, antes do desmembramento dos bairros, o Avenida e o Universitário fizeram parte de uma mesma região. Arbino Claas, de 81 anos, por exemplo, hoje mora no Bairro Avenida, mas já foi morador do atual Universitário. Vindo de Sinimbu com a família, ele conta que era normal pessoas vindas daquele município em busca de trabalho se estabelecerem na região próxima de onde hoje é a Unisc, pois a localidade era como uma extensão de Rio Pardinho.

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Arbino tinha 8 anos de idade quando o pai dele, que era marceneiro, comprou um chalé para morar, bem próximo da atual entrada da Unisc e do lugar que chamavam de Chácara Meinhardt. “Até 1953 era tudo Entrada Rio Pardinho. Isso consta na planta do chalé do meu pai. Depois tudo se chamou Bairro Avenida e, com o novo desmembramento, do lado oeste da Independência, passou a se chamar Bairro Avenida; e do lado leste, da Coronel Oscar Jost para cima, se tornou Bairro Universitário”, recorda. Há também quem diga que parte dos bairros era, antigamente, chamada de Vila São Luiz. Na lembrança de Claas, ela ficava da Comunidade Bom Pastor até a parte leste.  

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Investimento em imóveis

Com a presença da universidade, o bairro rapidamente expandiu seu potencial imobiliário. As pessoas vindas das mais diversas partes do Rio Grande do Sul para estudar ou lecionar precisavam encontrar opções próximas da Unisc para morar. Assim, foram sendo erguidos edifícios com diversos apartamentos, pensões e outras edificações. 

O presidente da Sociedade das Empresas Imobiliárias de Santa Cruz do Sul (Seisc), Flávio Bender, considera que o Bairro Universitário cresceu muito com a ida da Unisc para a região. Vendas e aluguéis movimentam o mercado imobiliário. “Para alugar, é preciso imóveis, e estes foram adquiridos por investidores que compraram para locar aos alunos que vieram para a universidade. Há também pais de alunos que, ao invés de alugar, compraram para seus filhos. O bairro se valorizou muito e vai continuar se valorizando.” Atualmente, segundo Bender, não só estudantes residem no Universitário. “Nossa cidade cresceu muito para todos os lados. Este é mais um bairro que atraiu muitos moradores.” Ele salienta que o Universitário é um bom local para investir, pois sempre haverá procura.

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Escolhido pelos universitários

Monique Buchaim, de 23 anos, é uma das tantas estudantes vindas de outros municípios para se estabelecer no Bairro Universitário. Natural de Rio Pardo, a jovem se formou nessa sexta-feira, em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda. Hoje, ela reside no apartamento de um condomínio situado na Rua Augusto Spengler, bem perto da Unisc. No início do curso, porém, precisava viajar de Rio Pardo até Santa Cruz e passar boa parte do dia participando das atividades curriculares. 

Há cerca de dois anos, porém, resolveu se mudar para o Bairro Universitário e nem chegou a cogitar morar em outro local. “Já vim direto para o Universitário porque o foco era mesmo a Unisc. Por estudar de noite, seria mais perto, mais seguro, e não preciso gastar com transporte”, relata. 

Mesmo agora, com o diploma em mãos, ela afirma que não tem a intenção de sair do apartamento. “Pretendo continuar por aqui, porque é onde meus amigos estão, e, como trabalho em home office, não tem necessidade de estar mais perto do trabalho”, diz a jovem, que atua com redação publicitária em uma agência. Para Monique, o Bairro Universitário é bom, o condomínio onde mora tem segurança e tem por perto tudo de que ela precisa. “É próximo do supermercado, da farmácia… Eu gosto bastante.”

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Monique diz que continuará morando no bairro após formada

Movimento positivo

Há 15 anos, quando montou a academia College Gym, na Rua Santo Amaro, a proprietária Carolina Borba, de 42 anos, viu no Bairro Universitário um grande potencial para iniciar seu negócio. “Quando abrimos, não tinha nenhuma academia no bairro. Então, vimos um lugar que teria um nicho muito grande para esse tipo de negócio. Fomos a primeira academia; começamos pequenos e logo tivemos que aumentar muito o nosso espaço, porque a demanda foi grande. Com a Unisc, o bairro todo deu uma ‘prosperada’ grande em pouco tempo.”

Atualmente, em torno de 80% dos clientes são universitários. Porém, com as mudanças ocasionadas pela pandemia e algumas aulas ocorrendo de forma remota, Carolina comenta que esse movimento foi parcialmente afetado. Além disso, a empresária acredita que há sete anos o bairro estava mais próspero do que agora. “Mas muitos empreendimentos estão para esse lado. Então, acreditamos que em uns dois anos a coisa vai se recuperar”, observa. Ela afirma também que escolheu o Universitário para realizar outros investimentos. “Sempre acreditamos muito no bairro, tanto que compramos terrenos para investir. Vemos que mesmo quem não é universitário opta por morar aqui por ter facilidade de transporte, e é um bairro tranquilo, que tem tudo, e perto do Centro.”

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Academia: em torno de 80% dos clientes são estudantes

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