Os húngaros, assim como os turcos, são originários da Sibéria e se estabeleceram na fronteira entre Ásia e Europa há cerca de um milênio. Antes deles, a região intercontinental que conhecemos como Hungria sofreu inúmeras invasões. Do oeste, vieram os romanos, que fundaram a cidade de Aquincum (atual Budapeste), às margens do rio Danúbio. Depois, foi a vez dos francos de Carlos Magno. Do leste, chegaram os Huns sob a batuta de Átila no século 5 e, finalmente, no final do século 9, os povos dos Montes Urais conhecidos como magiares. Lideradas por Arpad, o pai da nação húngara, as sete tribos magiares criaram a nação que conhecemos hoje.
A origem remota dos húngaros explica a língua da nação, uma das únicas da Europa que não pertence à família indo-europeia – as demais são o basco, o finlandês e o estoniano. O primeiro monarca foi Estevão I (István, 975-1038), coroado no ano 1000 pelo papa Silvestre II. Por ter implementado o cristianismo entre seus súditos, o rei foi canonizado em 1083. Santo Estevão é até hoje o santo mais venerado em seu país e sua mão direita está conservada na Catedral Basílica de Santo Estevão.
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Os anos dourados da Hungria continuaram até o século 13, quando a primeira invasão mongol aterrorizou a região. As tropas de Ogedai Khan não permaneceram por muito tempo, mas foi o suficiente para dizimar a metade dos magiares. A devastação fez com que o território investisse pesadamente na preparação militar, com fortificações por todo o país. A precaução foi providencial. Quando os mongóis retornaram, em 1285, sofreram uma de suas maiores derrotas. O enorme Castelo de Buda, hoje uma atração da capital, surgiu nesse período, acrescentando ao longo dos séculos a arquitetura renascentista trazida pelo casamento do rei Matias Corvinus com a princesa Beatrice, de Nápoles e, posteriormente, o estilo barroco dos Habsburgos austríacos, que também dominaram a região.

O império turco-otomano, para o qual a Hungria capitulou em 1526, também deixou séculos de influência em Budapeste, com marcas na cultura, na culinária e nas construções locais, como os famosos banhos públicos que já somam cinco séculos em atividade. Situada em uma falha geológica, a capital se beneficia de águas termais que já eram exploradas pelos romanos e seguem à disposição do publico.
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Ainda sobre a culinária, o autêntico goulash, prato originário dos pastores magiares, é um de meus pratos favoritos. Em 1867, o Império Austro-Húngaro promoveu a fusão de três cidades vizinhas às margens do Rio Danúbio: Buda, Óbuda e Pest. As três formaram Budapeste, dividindo a sede do império com Viena. Foi também um período de construções monumentais. A mais marcante delas é a sede do parlamento, um dos mais belos prédios governamentais do planeta.

Na Primeira Guerra Mundial, a Hungria se aliou à Alemanha. A derrota e o chamado Tratado de Trianon fizeram com que o país perdesse 72% de seu território, 60% da população e o único acesso ao mar, onde está a atual Croácia. Como prova de que nem toda lição é aprendida, a Hungria se uniu novamente à Alemanha na Segunda Guerra. A população de origem judia, que representava um quarto dos habitantes de Budapeste, foi dizimada nesse período e o país viu sua economia desaparecer. Ficaram marcadas as execuções de judeus às margens do Danúbio. Ali, eram forçados a tirar os sapatos antes de serem fuzilados e jogados no rio. Um belo monumento formado por sapatos de metal relembra o massacre judeu em Budapeste.
O resgate da miséria do pós-guerra veio em 1945, quando a União Soviética resgatou o país dos nazistas, restaurou a economia e, é claro, assumiu o controle político, implantando a República Popular da Hungria. Em 1989, com a queda da cortina de ferro, a Hungria foi o primeiro país do leste europeu a se tornar democrático. Com a liberdade, veio o desenvolvimento e a subsequente admissão na União Europeia. A nova democracia húngara, contudo, passaria, a partir de 2010, por um intricado revés.
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