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ROMEU NEUMANN

Como vamos achar a saída?

A vida é mesmo surpreendente. Algumas semanas atrás, recebemos uma visita na chácara. Ambiente aberto, arejado e com muita sombra, nos permitiu oferecer um acolhimento seguro para o pequeno Arthur, a Carol, mãe dele, e a Elis, que não cabe em si de tanta felicidade com o neto.

Acostumadas a viver na escaldante Cuiabá, aquele agradável dia de primavera, sonorizado por uma sinfonia de pássaros que nem conseguíamos identificar, foi para elas e para nós um privilégio.

A mãe do Arthur logo tratou de estender uma colcha na varanda e espalhou alguns brinquedos. Um rola-rola, acessível às mãozinhas e que faz barulhos que os bebês adoram, era um dos preferidos.

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Mas o que nos chamou atenção mesmo é que, entre vários e coloridos objetos havia, sabe o quê? Um livrinho. Nada de textos (o risonho Arthur tem apenas seis meses de idade), mas ele acompanha a mãe virando as páginas com figuras de bichinhos. A Carol conta historinhas sobre cada um deles. E o menino sorri.

Já vi jovens pais acalmando (ou tentando entreter) seus filhos com um celular na mão. Há uma infinidade de vídeos que atraem as crianças. Mas ver uma mãe que incentiva seu filho a se habituar tão precocemente com um livro, sem dúvida, foi inspirador. Inclusive, ela nos contou, já tem espaço planejado no quarto do menino para montar a sua biblioteca. Desde o primeiro livrinho com figuras de bichinhos.

– Meu filho tem que aprender desde cedo que livros são algo interessante, atraente e que eles fazem parte da nossa vida. Não quero que o Arthur, mais tarde, entenda que ler é uma obrigação, mas que ele já tenha isso incorporado aos seus hábitos.

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Sábio ensinamento!

Mas que não se encerra em si. Há algo subliminar que talvez a jovem mãe nem percebesse em sua atitude: a de que precisamos estar receptivos e dispostos a buscar conhecimento.

A leitura, sem dúvida, é um caminho. – Ler é um presente que se dá a si mesmo – ensinou-me um professor quando ainda jovem. – É dar asas à mente para que alcance o desconhecido, é libertar-se das gaiolas da ignorância, da pequenez, da pobreza de espírito.

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Há uma passagem no livro O silêncio das montanhas, em que o autor, Khaled Hosseini, reproduz um diálogo muito interessante e propõe uma reflexão ainda mais instigante. “… Se uma avalanche nos enterrar, quando se está soterrado por toda aquela neve, não dá para dizer o que está em cima ou embaixo. Nós queremos nos desencavar, mas se escolhermos o caminho errado vamos entrar mais fundo até morrermos.”

Em um mundo tão paradoxal e que nos expõe a difíceis escolhas e decisões a todo momento, o que poderia nos orientar a nos “desencavarmos” para o lado certo? A fé é a salvação, dirá alguém. A intuição é o melhor caminho, proporá outro. O jeito é esperar que alguém nos encontre, há de se conformar um terceiro.

Respeitadas as convicções de cada um, há um componente que não deveríamos dispensar jamais: a busca pelo conhecimento, da forma que estiver ao nosso alcance. Por analogia com a colcha estendida para o Arthur, precisamos de espaço sim para “brinquedos coloridos” que nos divirtam, nos proporcionem entretenimento e lazer, até para atenuar a rotina dos compromissos e do trabalho estafante.

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Mas há que se ter ao alcance também um livro – símbolo de saber e disposição para conhecer mais – que nos dê luz, que nos convide a ampliarmos nossa visão sobre o mundo, que abra nossa mente para “cavarmos” na direção certa quando estivermos soterrados por avalanches de incertezas e desafios.  E que nos inspire a encontrar ou a retomar o caminho quando necessário for.

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