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SANTA CRUZ

Comunidade segue com medo após crime em Linha Eugênia

Foto: Ricardo Düren

Silvério Wagner e o taco de sinuca que o irmão, Silvio, quebrou ao atingir um ladrão

O taco de sinuca, quebrado ao meio, ficou como uma triste recordação do último esforço de Silvio Aloísio Soder, 64 anos, de se defender de um dos assaltantes que invadiram o armazém do irmão dele na noite de domingo, em Linha Eugênia, lugarejo situado na divisa entre Santa Cruz do Sul e Venâncio Aires. Quem estava no local conta que Silvio quebrou o taco na cabeça do criminoso, enquanto ambos entravam em luta. Mas o bandido estava em vantagem: tinha um revólver, e acabou acertando um tiro na altura do peito de Silvio. A vítima morreu no local.

Outro irmão de Silvio, Silvério Wagner, 62 anos, também acabou baleado enquanto se engalfinhava com um segundo assaltante. A bala atingiu-o nas costas e saiu pelo ombro. Silvério teve alta do Hospital Santa Cruz na manhã de segunda-feira. O dono do armazém e irmão dos dois baleados, Guido José Soder, também acabou ferido, por conta de uma coronhada.

Após a confusão, os dois assaltantes fugiram do local sem levar nada. Deixaram para trás uma família de luto e uma comunidade em choque. “A população está apavorada. Minha mãe, de 84 anos, já não quer ficar um minuto sozinha em casa”, conta Nelsi Stolben, cunhada de Guido Soder.

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Silvério Wagner, 62 anos, também acabou baleado enquanto se engalfinhava com um segundo assaltante | Foto: Ricardo Düren

E o filho do proprietário do armazém, Marciano Alex Soder, 32 anos, clama por justiça. “Queremos esses bandidos presos. Eles tiraram a vida de um homem bom”, afirma. Marciano conta que Tuti, como chamavam o tio assassinado, era benquisto em Linha Eugênia por seu jeito brincalhão e por ser muito prestativo. “Para o tio Tuti, não tinha tempo ruim. Quem precisava de ajuda podia chamá-lo a qualquer hora da noite. Ele vinha.”

Marciano confirma que o desfecho do assalto deixou a comunidade com medo. Ele mesmo quase esteve sob a mira dos bandidos, mas conseguiu escapar a tempo com a esposa e a filha. “Vínhamos do meu sogro. Encostei o carro na frente do armazém do pai e cheguei a descer, mas então gritaram que estava acontecendo um roubo. Voltei para o carro e segui adiante com a mulher e a pequena, em busca de ajuda.”

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Ele desconfia que os criminosos tenham fugido em um automóvel Astra, visto naquela noite rondando a localidade. O caso está agora a cargo da Polícia Civil e, segundo o delegado Alessander Zucuni Garcia, as investigações estão em andamento. “Por enquanto não há nada de concreto, mas estamos trabalhando”, destaca.

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“Me agarrei no pé do ladrão”, relata sobrevivente

Situada em anexo ao armazém, a sala de estar da família Soder tem marcas de tiros por toda a parte: nas paredes, em um rodapé, na espuma do sofá. Foi ali que Silvério Wagner entrou em luta com o outro assaltante. Silvério foi o primeiro a ser abordado pela dupla de encapuzados, que chegou a pé e o surpreendeu do lado de fora do armazém. “Pedi para os bandidos terem calma, mas logo gritei, para avisar os outros que havia um assalto”, conta.

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Ele relata que um dos ladrões o forçou a ingressar na sala de estar – que tem uma porta exclusiva, na fachada do prédio – enquanto o outro bandido avançou na direção da entrada principal do estabelecimento. Foi ali que Silvio foi surpreendido, junto dos outros familiares que estavam no armazém.

Silvério não lembra direito do momento em que começou a luta. Recorda-se de ter ouvido muitos tiros, enquanto enfrentava o homem encapuzado. No meio da confusão, o criminoso ainda bateu, várias vezes, com a cabeça de Silvério no trinque da porta, chegando a entortar a maçaneta. Em outro momento, o ladrão tentou acertar um chute no oponente, mas só atingiu a parede, deixando-a marcada com a sola do calçado. “E eu me agarrei no pé dele, e arranquei a bota”, recorda Silvério.

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Uma das muitas marcas de tiro no local | Foto: Ricardo Düren

Após os tiros, o assaltante seguiu o comparsa em fuga, com um dos pés descalços. Foi então que Silvério percebeu que havia sido baleado. “A bala atravessou meu ombro, no meio da briga.”

Um baque na família

Solteiros e sem filhos, Silvio e Silvério estavam sempre orbitando ao redor do armazém do irmão, Guido. Gostavam de estar próximos dos familiares e do clima alegre do lugar – onde, nessa terça, reinava a tristeza. “Não é fácil perder um irmão dessa forma”, lamentava-se Silvério.

Em uma família com sete irmãos – cinco homens e duas mulheres –, Silvio foi o primeiro a falecer. Seu corpo foi sepultado na manhã de terça, no cemitério de Linha Araçá.

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Silvio Soder: benquisto na localidade

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