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DOCUMENTOS FALSOS

Ronaldinho Gaúcho e Assis estão impedidos de deixar o Paraguai

Foto: Reprodução

Os dois passaram a noite sob custódia das autoridades paraguaias

Ronaldinho Gaúcho e Roberto de Assis Moreira ficarão à disposição da Justiça do Paraguai por tempo indeterminado, segundo afirmou nesta quinta-feira, 5, o promotor Federico Delfino, responsável pela investigação contra os dois ex-jogadores por porte de documentos falsos.

O astro do futebol e o irmão, que gerencia sua carreira há anos, foram detidos nessa quarta-feira, 4, e passaram a noite sob custódia das autoridades paraguaias após operação policial na suíte presidencial do Hotel Resort Yacht y Golf Club, em Lambaré, cidade vizinha a Assunção. Os brasileiros entraram no país com passaportes autênticos, mas conteúdos falsos. Ronaldinho disse em depoimento que os documentos eram “presentes”.

Nesta quinta-feira, ambos prestaram depoimento na sede do Ministério Público paraguaio, localizada em Assunção. Em seguida, o ex-jogador foi encaminhado para o Departamento de Crime Organizado do país. “Foi checada a documentação, que chamou a nossa atenção. Para ter a nacionalidade paraguaia, ser paraguaio naturalizado, tem de estar vivendo há algum tempo no país e ter um trabalho fixo, essas coisas. Ronaldinho é uma pessoa de fama mundial… Já verificamos que os números de passaporte pertencem a outras pessoas. São passaportes originais, mas com dados apócrifos. Esses passaportes foram tirados em janeiro deste ano”, informou o promotor Federico Delfino.

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O paraguaio explicou que ambos desembarcaram no Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi por volta das 9h05 de quarta-feira, onde receberam os passaportes e cédulas de identidade falsos. Portanto, eles não teriam saído do Brasil com os documentos paraguaios. Ainda de acordo com Delfino, os documentos foram expedidos e retirados no Paraguai entre dezembro do ano passado e janeiro deste ano. As cédulas de identidades eram de 2019. As numerações corresponderiam a de outras duas pessoas, que não tiveram as identidade reveladas, assim como não foi informado se estão enquadradas como suspeitas ou vítimas.

Ronaldinho afirmou, em depoimento, segundo o promotor, que identidades e passaportes foram presentes de uma pessoa que o convidou para visitar o Paraguai, sem revelar seu nome. Na noite de quarta, o brasileiro Wilmondes Sousa foi detido no hotel onde estavam os brasileiros.

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Em sua chegada, Ronaldinho foi tratado pelos paraguaios quase como um chefe de Estado. Andou em uma luxuosa picape, que contava com custódia policial pelas ruas da capital. A virada começou mais à noite, quando a polícia e setores de investigação de imigração receberam uma denúncia e fizeram uma batida onde ele estava hospedado.

O terceiro preso é apontado como a pessoa que entregou os documentos a Ronaldinho logo depois do desembarque no aeroporto paraguaio, antes de irem para o controle de migração. Fontes do Ministério do Interior do Paraguai explicaram à imprensa local que o Departamento de Identificação informou ao de Migrações que os passaportes não estavam registrados no sistema.

Em uma das cédulas, ele era o cidadão paraguaio número 3.122.656. Era um documento feito na década passada pelos órgãos competentes do Paraguai. Portanto, autêntico. Mas Ronaldinho não era seu primeiro dono. Sobre ser um cidadão paraguaio, a Constituição do país estabelece que qualquer pessoa nessa condição deve ser filho de paraguaios nascidos no estrangeiro ou ter cinco anos de residência no país e um emprego fixo. Ronaldinho não se encaixa em nenhuma destas condições.

Presente
O comissário Gilberto Fleitas, diretor de investigação criminal da Polícia Nacional, afirmou que Ronaldinho disse a ele que recebeu os documentos falsos das mãos de Wilmondes Sousa Lira, também preso na operação, em sua residência no Brasil.

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Mas essa versão se contradiz com o que informou o promotor Federico Delfino, da unidade de luta contra o crime organizado do MP paraguaio. Ele relatou em entrevista que os documentos foram entregues a Ronaldinho num salão VIP do Aeroporto Internacional Silvio Pettirossi quando se deu sua chegada ao Paraguai. E que os passaportes eram verdadeiros, mas pertenciam a outras duas pessoas paraguaias. Estavam adulterados.

A promotoria e a polícia paraguaia trabalham agora na checagem dos fatos com as informações recebidas. Os órgãos competentes têm 24 horas para apresentar um relatório, e uma possível pena para Ronaldinho e seu irmão. “Dentro da lei, vamos ver que medidas tomaremos”, disse o promotor, após informar que a denúncia foi feita pela Policia Nacional.

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Outro lado
O advogado de Ronaldinho, em Assunção, Adolfo Marín, disse que seu cliente está sendo extorquido e que “não entende o que aconteceu”. Disse ainda que sua primeira missão é tirar Ronaldinho e Assis da condição de cidadãos presos no Paraguai. Eles não podem deixar o país por tempo indeterminado. “Não entendo por que eles usaram esses documentos se podiam entrar no Paraguai com qualquer RG do Brasil. Não entendo de documentos, mas acho que deram a eles por uma cortesia, um presente.” O advogado informou ainda que Ronaldinho usaria sua imagem em um cassino da cidade.

O senador Fernando Lugo, ex-presidente do Paraguai e membro de uma coalizão de esquerda no país, disse que o episódio com Ronaldinho demonstra a existência de uma máfia dedicada a vender documentos falsos no Paraguai. “Não é uma coisa nova. Na década de 1970, tinha gente da Brigada Vermelha com passaporte paraguaio na Europa. Depois, veio a Máfia da Migração e tudo isso segue funcionando no país.”

Ronaldinho e a justiça
O ex-jogador fechou acordo em setembro de 2019 com o Ministério Público do Rio Grande do Sul para liberar o seu passaporte brasileiro, que estava retido pela Justiça, o que o impedia de realizar viagens internacionais. Ele fez o pagamento, acertado em acordo, que permitiu a liberação do documento.

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Anteriormente, Ronaldinho e Assis haviam sido condenados por crime ambiental em Porto Alegre, em área protegida, no Lago Guaíba. A condenação os multou em cerca de R$ 8,5 milhões. E como não havia feito o depósito do valor, o passaporte do craque havia sido retido pela Justiça, assim como o de Assis.

No ano passado, o ex-jogador foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro como embaixador do Turismo. No fim de outubro, já com o passaporte liberado, viajou para disputar partida festiva em Israel.

Diretor de migração do Paraguai renuncia ao cargo
A presença de Ronaldinho Gaúcho no Paraguai com documentos supostamente falsos provocou uma crise política no país, especialmente pela demora das autoridades para apontar e investigar as irregularidades. E uma das consequências foi a renúncia do diretor de migração do país, Alexis Penayo.

Pelo incidente envolvendo Ronaldinho, há uma troca de acusações pública entre autoridades paraguaias. Ministro do Interior, Euclides Acevedo afirma que o setor de migração foi alertado pela polícia da suposta irregularidade com os documentos de Ronaldinho e o seu irmão, Assis. Por isso, deveria ter agido imediatamente, não permitindo que os ex-jogadores deixassem o aeroporto.

A avaliação de Acevedo é que o status de ídolo de Ronaldinho, algo que levou uma multidão a recepcioná-lo no aeroporto, fez com que os procedimentos para liberar a entrada do astro no país não tenham sido realizados do modo correto. “Provavelmente, pela popularidade, pularam o protocolo. Se estivesse a cargo da polícia, não o teríamos deixado entrar”, declarou Acevedo.

Penayo, porém, assegura – e diz ter provas – que alertou Acevedo sobre o problema com a documentação de Ronaldinho, mas não recebeu um retorno. “Tenho as provas de que alertei o Ministério do Interior e o diretor de identificações. Enviei as fotos dos passaportes e disse: não figuram no sistema”, afirmou, de acordo com o site do diário paraguaio ABC Color.

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