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Coluna

Dias de quarentena: mães imperfeitas, mães maravilhosas

Alessandra Steffens Bartz
Psicóloga
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Eis um dia em que uma mulher se torna mãe. Com o rebento em seus braços, abraça a maternidade e muitas vivências novas. Mal sabe ela que as dores do parto são talvez um ensaio para as demais dores maternas. Como dói o choro triste de um filho, um rosto contorcido de dor, olhos assustados de medo, os castigos, as perdas sofridas por esse ser que muitas mães desejariam colocar numa redoma protegida de vidro.

No imaginário popular, mães são personas perfeitas, dedicadas, amorosas. As altas expectativas sociais deixam implícito o desejo de que se assemelhem a Maria, nossa doce mãe celeste. Mas as mães terrenas são humanas e imperfeitas. Acertam muito e também erram. Porém, erram no intuito de acertar. Infelizmente, mães já foram muito culpabilizadas, numa conotação de que quem pariu é responsável pelas mazelas do filho. Ter gestado e dado à luz parece transmitir maior responsabilidade às mulheres. Porém, não deve ser assim. Criar um filho não é tarefa para um só, apesar de, por vezes, necessitar ser.

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Uma boa rede de apoio é essencial para o exercício da maternidade. O parceiro deve dar suporte para que seu par possa exercer o papel de mãe da melhor forma. Quando o companheiro pega junto na educação e no cuidado dos filhos, na lida da casa, na resolução dos problemas, favorece que a mãe tenha mais tempo de qualidade com a prole. Os avós, que são as mães e pais açucarados, também ofertam grandes auxílios. Alegra observar que os homens vêm se apresentando, querendo ser pais presentes, daqueles que trocam fraldas, cozinham, comparecem à escola. Um grupo cada vez maior está descobrindo o prazer incrustrado nessas atividades corriqueiras. Pais, não abram mão do direito e do dever de participar da vida dos filhos! Conviver de perto fomenta proximidade, fortalecimento do vínculo afetivo, provoca confidências que podem ser dividas com mães e pais.

Enquanto sociedade, precisamos olhar para as mães não com o viés julgador, mas de ajuda. Se uma mãe se descontrola quando um filho pequeno faz birra no mercado, parte da plateia presente olha com reprovação, alguns tecem críticas em voz baixa. Crianças, esses seres maravilhosos em desenvolvimento, apresentam certa preferência por aprontar quando há público, o que constrange a mãe, aumentando a chance de ceder. Mães, eduquem conforme acharem correto, repreendam o filho que pede limites, mesmo no supermercado. Adultos precisam se apoiar na educação dos menores. Os grupos de mães, o chá com as amigas, o krentzia das avós, são atividades benéficas que reúnem mulheres para a troca de todos os tipos de receitas e ajudas.

Neste ano as mães precisam ainda lutar contra a pandemia, ocupar os filhos, ajudar nas tarefas escolares mais intensamente, trabalhar de casa, limpar, conviver com sua rede de apoio apenas por vídeochamadas. Cada mãe está tentando fazer o seu melhor, o possível e até o impossível. Assim são as mães, essas criaturas sem medida quando o assunto é a prole.

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Essa mulher moderna, que trabalha, estuda, cria os filhos, dá atenção ao companheiro, a si mesma, cuida do cachorro, do jardim, vai à feira… Essas mães devem ter muitos braços invisíveis que permitem dar conta de tantas atividades. Contudo, não são a Mulher-Maravilha, não possuem superpoderes e podem adoecer. Muitas mães estão enfrentando muito estresse e ansiedade. Estudos apontam que as mulheres são mais afetadas pelo efeito nocivo do isolamento, sofrendo com depressão, ansiedade, o que reforça a necessidade de atentar para a saúde mental das mães.

“Ser mãe é padecer no paraíso”, diz o ditado antigo. É ao mesmo tempo um desafio maravilhoso e uma tarefa árdua. A visão romântica da maternidade pode pegar de surpresa uma mãe jovem, imatura. Por isso, planejar a vinda dos filhos é tão importante. O ideal é poder escolher o momento de maior maturidade e motivação para o exercício da maternidade. Ser mãe é uma dádiva da vida, uma bela oportunidade de crescimento. Não é à toa que muitas mulheres desejam ser mães de um ou vários filhos.

O melhor presente de uma mãe é ver os filhos com saúde, felizes, sendo pessoas de bem. É enxergar no filho o reflexo do trabalho tecido com todo amor, muitas aprendizagens e imperfeições meramente humanas. Por isso, o presente mais desejado no Dia das Mães não se compra no comércio. É aquele que se ganha através do sorriso, do gesto de carinho, da gratidão por sua mãe ser única e especial do jeito que ela é. Parabéns, mãe! Parabéns, mães!

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