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Meio ambiente

Esgoto e presença de algas são os maiores problemas do Rio Pardinho

Foto: Bruno Pedry

Último relatório da Fepam aponta que Bacia do Pardo tem qualidade de água ruim

O Rio Pardinho, principal recurso hídrico no abastecimento de Santa Cruz do Sul, sofre cada vez mais as consequências do descaso do homem com o ambiente. Além da mata ciliar reduzida, há contaminação orgânica com o despejo de esgoto sem tratamento. Outro problema é a eutrofização, causada pelo acúmulo de nutrientes com origem em produtos usados nas lavouras, como fertilizantes.

Tudo isso influencia negativamente na qualidade da água. De acordo com o último relatório publicado em março por meio do programa RS Água, da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam), a Bacia do Pardo apresenta qualidade de água ruim. O órgão tem cinco pontos de monitoramento – dois no Rio Pardo e três no Rio Pardinho – e alguns parâmetros apresentam valores compatíveis com a Classe 1 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), mas a maior parte se enquadra na Classe 3 ou 4, o que compromete a qualidade.

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O analista ambiental da Fepam, geólogo Rafael Midugno, explica que embora o órgão ainda não disponha de nenhum dado para esse recurso hídrico do Pardinho no âmbito do programa de monitoramento da qualidade da água do Estado, há uma degradação maior das condições ambientais em áreas urbanas. “No início de 2020, incluímos três estações de monitoramento ao longo desse rio, duas delas localizadas a montante – ou seja, antes de o rio passar pela zona urbana de Santa Cruz do Sul –, e uma a jusante, após essa zona urbana. Embora sem dados suficientes para avaliar se há tendência de melhora ou piora ao longo dos anos, a vegetação ciliar está mais concentrada e mais bem preservada próximo às nascentes e em trechos onde não há ação antrópica intensa, tais como núcleos urbanos e áreas de cultivo com irrigação”, afirma.

Ele acrescenta que a presença de coliformes está entre os maiores problemas na qualidade da água na bacia do Rio Pardo e, também, na maioria das bacias hidrográficas do Rio Grande do Sul. “Nosso maior problema está associado a estes microorganismos patogênicos, presentes nas fezes animais, e também ao fósforo. Esse elemento químico é encontrado, por exemplo, em detergentes e agrotóxicos. Em elevada quantidade, pode acarretar a eutrofização do ambiente, prejudicando a vida aquática”, esclarece.

Midugno acrescenta que a melhoria da qualidade da água superficial passa por implementação e intensificação de ações de gestão ambiental e do uso racional, especialmente em áreas onde esse recurso natural é destinado à irrigação. “Um monitoramento do Poder Público poderá verificar se as ações de gestão ambiental estão surtindo o efeito desejado. Além disso, o estímulo à redução e também a suspensão do uso de agrotóxicos são formas de diminuir o impacto humano sobre o ecossistema.” A estimativa é que a Fepam, após o veraneio, recolha amostras da água do Rio Pardinho para novos estudos e análise.

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Problema comum
A contaminação orgânica causada pela falta de tratamento de esgoto e presente no Rio Pardinho é semelhante à de outros rios de água doce do Brasil, segundo o biólogo e professor da Unisc Eduardo Lobo Alcayaga. “Este tipo de contaminação é muito comum e pode ocasionar infecções intestinais e diarreias”, diz. Outro problema recorrente, explica, é a eutrofização, pelo acúmulo de nutrientes com origem em fertilizantes e adubos. “Quando há este tipo de interferência, que enriquece a água com nitrogênio e fósforo, acontece a floração das cianobactérias, também conhecidas como algas, que passam a ser dominantes. Forma-se uma densa massa na superfície que altera o equilíbrio ecológico e os padrões de potabilidade para um consumo seguro.”

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Comitê Pardo busca alternativas para a segurança hídrica
Das 26 ações de recuperação do Rio Pardinho, previstas no Plano de Bacia do Comitê Pardo, elaborado em 2006, cinco estão diretamente relacionadas à qualidade da água e seis beneficiam indiretamente esse aspecto. A presidente do Comitê Pardo,Valéria Borges Vaz, explica que em 2018 o plano voltado para toda a área da bacia foi atualizado. “Das 17 ações previstas, quatro delas são diretas para qualidade e quatro indiretas”, destaca. “O comitê vem procurando alternativas para que esses projetos saiam do papel e possam dar garantia de segurança hídrica para a Bacia do Pardo, que envolve 13 municípios da região”, explica.

Entre as prioridades atuais está a recuperação do trecho do Rio Pardinho entre Sinimbu, Vera Cruz e Santa Cruz do Sul, que tem mais de 20 pontos críticos. Uma das deliberações de 2019 foi a criação de uma associação de direito privado, sem fins lucrativos, para que seja possível a contratação dessas ações previstas no plano. Em 2020, foi instituída a Associação Pró-Gestão das Águas da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo (Agepardo), que busca parcerias e negocia possibilidades para execução dos projetos previstos no plano.

Impactos na água que chega à Corsan
O superintendente da Corsan, José Roberto Epstein, destaca que o aumento de nutrientes causa impacto na água bruta recebida pela companhia e eleva os custos do tratamento. “A proliferação de algas no Lago Dourado acarreta em maior quantidade de produtos utilizados para tratamento da água”, explica. No último ano, diferentes dos anteriores, não foram registrados problemas acentuados de algas no lago.

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