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Em Cartaz

‘Jojo Rabbit’ retrata o nazismo com uma pitada de humor

A mistura de nazismo e Holocausto com comédia costuma ser indigesta para muitos. A Vida É Bela, de Roberto Benigni, sobre um pai que transforma o campo de concentração numa experiência lúdica para o filho, na tentativa de protegê-lo, recebeu muitas críticas, mesmo tendo ganhado três Oscars. Não foi diferente com Jojo Rabbit, de Taika Waititi, que estreia nesta quinta-feira, 19, no Cine Max Shopping Germânia.

O ator e diretor neozelandês, famoso por fazer comédias como O Que Fazemos nas Sombras e, claro, Thor: Ragnarok, usou o mesmo princípio em seu novo filme, que ganhou o cobiçado prêmio do público no último Festival de Toronto e concorreu a seis Oscars, incluindo o de melhor filme – tendo ganhado o de melhor roteiro adaptado.

“Sinto muito” é a resposta do cineasta a quem critica o uso do humor para falar de assunto tão trágico. “Não é meu estilo. Nunca vou fazer um drama puro”, disse Waititi em entrevista à Agência Estado, em Londres. “Mas também não é uma ideia nova. Chaplin fez O Grande Ditador durante a guerra. Há uma tradição de satirizar ditadores e regimes que focam no ódio e na intolerância e espalham essas ideias vingativas.”

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Jojo Rabbit é inspirado no livro O céu que nos oprime, de Christine Leunens, sobre um menino alemão, Johannes (interpretado no filme por Roman Griffin Davis), o Jojo, que integra a Juventude Hitlerista como se fosse um clube de escoteiros. Um dia, ele descobre que uma menina judia, Elsa (Thomasin McKenzie), está escondida em sua casa. No filme, sua mãe, Rosie (Scarlett Johansson), membro da resistência aos nazistas e que cuida de Jojo sozinha, protege Elsa.

“Ela teme por sua vida, pela vida de seu filho, nada faz sentido. Perdeu muitos amigos, não sabe qual vai ser seu futuro e o do menino”, disse Johansson. Em geral, ela tenta manter alguma leveza em meio à guerra, sem fechar os olhos de Jojo para os horrores à sua volta. Mas não é fácil. “Às vezes, ela olha para o filho e vê nele tudo o que odeia”, afirmou a atriz. O pequeno Roman Griffin Davis, de 12 anos, tinha conhecimento do nazismo, do Holocausto e da 2.ª Guerra, mas não da Juventude Hitlerista. “Foi chocante ver como eles sofriam uma lavagem cerebral e se viravam contra seus pais.”

Lunáticos
Taika Waititi descobriu o livro cerca de oito anos atrás por meio de sua mãe, que, como Rosie, criou o filho sozinha. Quando leu, lembrou da Guerra da Bósnia, que acompanhou quando era adolescente. Mais ou menos na mesma época que o romance veio parar em suas mãos, ele se tornou pai pela primeira vez. “As crianças nos veem como guias, entidades em quem podem confiar. Mas, quando há uma guerra, tudo fica diferente. Todos agem como lunáticos, e nada mais faz sentido.” Por isso, acredita que a mensagem do filme é mais para adultos do que para crianças.

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Uma das coisas que ele mudou foi incluir o próprio Adolf Hitler – ou, na verdade, a visão que Jojo tem dele. “É o papel que eu nasci para interpretar. Olhe bem para mim”, contou Waititi, fazendo piada, em referência a sua ascendência judaico-russa por parte de mãe e maori do lado do pai. “Não queria uma celebridade fazendo o papel para não tirar a atenção do que é importante, a relação de Jojo com sua mãe e com Elsa, que vira sua visão de mundo de cabeça para baixo. Mas foi embaraçoso interpretá-lo, me vestir daquela maneira. Não fiz nenhuma pesquisa, porque acho que ele não merece. E também porque ele é fruto da imaginação de um menino de 10 anos, então resolvi fazê-lo como um menino de 10 anos.”

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