Tradição que se iniciou na década de 1930 na Região Centro-Serra, o ritual da passagem sobre as brasas na véspera de São João foi cancelado pela primeira vez em quase nove décadas no ano passado, por causa da pandemia. Neste ano, mais uma vez a tradição precisa ficar de lado para preservar a vida das pessoas, já que a Covid-19 não foi superada e a vacinação ainda não alcançou o número suficiente de pessoas.

O município de Sobradinho, que sedia, na comunidade Nossa Senhora de Fátima, em Linha Carijinho, a tradicional passagem nas brasas, compõe a Região 27 no mapa do sistema de acompanhamento da Covid no Estado. Segundo informações da Secretaria de Saúde, a região possuía no início da semana uma taxa de ocupação de 135% dos leitos de UTIs nos hospitais.

Para Ingrid Hermes, diretora de Cultura e Turismo de Sobradinho, a nova suspensão é triste, pois o evento é uma celebração muito esperada pelos moradores e turistas. “As pessoas esperam por esse momento. É um dos maiores públicos de festas em nossa cidade. Chega a dar congestionamento na estrada para Linha Carijinho”, comenta. Ela aponta que a comunidade ainda deve realizar alguma atividade alusiva à data, mas longe do que ocorreu em outros anos, quando o município realizou a maior festa junina da Região Centro-Serra.

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INÍCIO DA TRADIÇÃO É INCERTO
Na última vez em que a passagem das brasas aconteceu, na festa junina de 2019, a reportagem da Gazeta do Sul esteve lá. Segundo apurou na ocasião o jornalista Rodrigo Nascimento, a tradição de passar sobre as brasas da fogueira não tem uma origem conhecida, mas diz-se que, em meados de 1930, dois irmãos fizeram uma aposta: quem conseguisse passar por cima das brasas da fogueira de São João sem queimar os pés ganharia um cavalo encilhado.

Desde então, a tradição ganhou força e o ritual foi se repetindo, até a interrupção por causa da pandemia. Em 2019, oito “corajosos” participaram da passagem das brasas e a festa reuniu cerca de cinco mil pessoas em Sobradinho.

A passagem pelas brasas ocorre em diversas festas juninas pelo País. Em diversos locais, o ato de encarar as cinzas ardentes é visto como um momento de demonstrar a fé em São João Batista, o santo que, segundo a tradição cristã, batizou Jesus Cristo nas águas do Rio Jordão.

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