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Dipretas: representatividade e empreendedorismo

Foto: Alencar da Rosa

De pé: Katiele Gehrke, Cíntia Mara da Luz, Bruna Gabriele Alves e Chaiene Nunes. Sentadas, Jeanine Cristina dos Santos, Carmen Lucia Kappel e Thaiz Alves

Representatividade, crescimento feminino e empoderamento preto. Esses são alguns princípios que o Grupo Dipretas quer fortalecer em Santa Cruz do Sul. O coletivo foi criado em busca de auxiliar mulheres negras a qualificarem as relações com seus empreendimentos e negócios.

A ideia surgiu durante uma conversa informal entre as sete fundadoras. Todas tinham o mesmo ímpeto: evoluir em seus negócios e contribuir para a ascensão de outras. “Eu acho que a gente precisa fortalecer a mulher negra em Santa Cruz, não temos muito espaço. Falo pela minha profissão, eu sou a única consultora de imagem negra, todas as outras são brancas. Quantas meninas negras querem trabalhar com moda e talvez não se acham capazes?”, diz uma das idealizadoras do projeto Thaiz Alves, de 35 anos.

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Apesar de outras iniciativas para empresárias já existirem em Santa Cruz, o Dipretas vem para se aproximar da realidade de mulheres negras, algo de que as próprias integrantes sentiam a falta. “A gente sabe que como mulher é muito difícil empreender no Brasil. Para a mulher negra, é o dobro. Entendemos que a fala da mulher branca para a negra é diferente. Então, nós como mulheres empreendedoras negras, vamos conseguir usar essa linguagem mais próxima”, continua Thaiz Alves.

A dificuldade relatada por Thaiz Alves é confirmada na prática com dados do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) de 2021. Segundo os levantamentos, a diferença de renda entre mulheres é contrastante. Enquanto as brancas recebem, em média, R$ 2.035, as pretas na mesma função chegam em apenas R$ 1.539. Embora as dificuldades, elas estão em potência crescente no ramo dos empreendimentos – 47% das mulheres que empreendem no Brasil eram negras em 2021.

O lançamento oficial do grupo estava previsto para o final de maio, mas foi adiado por causa das enchentes. Por enquanto, seguem aprimorando e propagando a missão, os valores e as estratégias do projeto. A expectativa é de que o coletivo venha para ser uma fonte de influência e aprendizagem.

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Entre as ações já planejadas, estão a de realizar palestras e treinamentos sobre o mundo dos negócios. Gestão financeira, precificação de produtos, posicionamento no mundo digital são alguns temas que pensam em compartilhar com outras empresárias. Para isso, as mulheres já estão em contato com organizações como a Central Única das Favelas (Cufa) e entidades semelhantes, que possam auxiliar as ações em Santa Cruz. 

Cíntia Mara da Luz, publicitária de 45 anos e uma das fundadoras, explica que os temas são pensados a partir dos próprios anseios das mulheres do grupo. “O Dipretas nasceu das nossas dúvidas e angústias como mulheres negras empreendedoras de vários ramos. Ainda temos muitos questionamentos, mas precisamos e queremos mais. Nos demos conta que muitas mulheres devem estar nesse momento”, afirma. 

Elas também reforçaram a importância da união dessas mulheres com os mesmos propósitos. Além da qualificação profissional, as idealizadoras também esperam que o espaço seja de trocas, de coworking e que as participantes se fortaleçam e se inspirem umas com as outras.

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“Fazer essas mulheres se verem como empreendedoras”

Um dos maiores destaques da ação é que ela também é focada em reconfigurar a palavra “empresária” no imaginário da sociedade e das próprias mulheres. “Existem muitas mulheres negras empreendedoras que não se veem assim. Por exemplo, a mulher que criou toda uma família vendendo seu churrasquinho. Ela é uma empreendedora. O mesmo vale para diaristas, domésticas, cozinheiras”, diz Cíntia Mara da Luz. 

Com o coletivo, as sete querem fazer outras mulheres entenderem que seus trabalhos não são apenas fruto de seus sustentos diários. Mesmo que inferiorizados pelas pessoas, toda a oferta de serviços é também um negócio, um empreendimento – e quem os faz, uma empresária. “Vou dar exemplo de uma nail designer: precisamos fazer com que ela entenda que não é só uma pessoa que faz unhas. Ela é uma empresária da área da beleza. É sobre fazer essas mulheres se verem como empreendedoras”, diz Thais Alves. 

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Investimento e participação

As meninas também destacaram que toda ajuda é bem-vinda. Mulheres negras que se sintam à vontade para contribuir nas ações podem entrar em contato pelo Instagram (@di_pretas). Pessoas não negras que quiserem prestigiar o lançamento do coletivo são bem-vindas para participar como ouvintes. 

Até agora, a ação andou por recursos próprios das integrantes. Para todos que quiserem contribuir no fomento da representatividade em Santa Cruz do Sul, o projeto aceita investimentos. “Não é doação. As pessoas que quiserem auxiliar vão investir em nós, porque elas acreditam no nosso potencial e que mais adiante terá como rendimento um valor social”, finaliza Cíntia Mara da Luz.

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