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ECONOMIA

Durante a pandemia, número de novas empresas abertas em Santa Cruz cresceu

Foto: Alencar da Rosa

Mesmo em meio a um ambiente de dificuldades econômicas geradas pela pandemia, mais de 2,4 mil empresas foram criadas em Santa Cruz do Sul ao longo do ano passado, o que representa um crescimento de 5,5% na comparação com 2019. O número de negócios constituídos supera o de fechamentos e também é maior do que os de 2018 e 2017, segundo dados da Junta Comercial, Industrial e Serviços do Rio Grande do Sul (JucisRS) e da Receita Federal.

Segundo a presidente da Junta, Lauren de Vargas Momback, parte do fenômeno é consequência do desemprego desencadeado pela pandemia, que levou muitas pessoas a abrirem negócios próprios – é o chamado empreendedorismo por necessidade.

Dos novos empreendimentos, cerca de 64% são do setor de serviços e em torno de 26% são do comércio. Além disso, a ampla maioria das empresas é de pequeno porte: cerca de 53% foram abertas por microempreendedores individuais (MEIs), cujo faturamento anual é de até R$ 81 mil. Os meses de agosto e setembro tiveram os maiores volumes de registros de novas empresas no município.

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Outro fator determinante foi a decisão da Junta de suspender, no fim de outubro, a cobrança da taxa de constituição de empresas por 90 dias. A isenção, que está em vigor até o próximo dia 24, teria estimulado pequenos empreendedores a saírem da informalidade. Também pode ter influência nos números a chamada “pejotização”, tendência de trabalhadores atuarem em empresas por meio de pessoas jurídicas e contratos de prestação de serviço.

O desempenho de Santa Cruz acompanha a tendência do Rio Grande do Sul, onde 196,3 mil empresas foram criadas – um crescimento de 5,1% –, das quais mais de 80% são MEIs.

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Outro indicador positivo é que, apesar do baque da pandemia, o número de extinções de empresas em Santa Cruz (866) foi inferior ao dos dois anos anteriores. Dos empreendimentos fechados, 53% eram de serviços e 37% eram comércios. O mês de dezembro foi o que teve o maior número de CNPJs encerrados – 92 no total.

Três motivos

Empreendedorismo por necessidade – Com o impacto econômico da pandemia, pessoas que perderam o emprego tiveram de constituir seus próprios negócios para sobreviver.

Suspensão de taxas – No final de outubro, a Junta Comercial suspendeu temporariamente a cobrança de taxa para constituição de novas empresas nos formatos LTDA., Eireli, empresário individual e cooperativa. A taxa varia de acordo com a natureza jurídica da empresa. Com essa suspensão, ficou mais barato abrir um novo negócio.

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Formalização – Pequenos empreendimentos que estavam na informalidade aproveitaram a isenção da taxa de constituição para se regularizem na reta final do ano.

Pejotização – Em muitos casos, trabalhadores constituem empresas para atuar por meio de contratos de prestação de serviço. Essa tendência aumentou nos últimos anos, com a reforma trabalhista.

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E 2021?

De acordo com Lauren, as perspectivas para 2021 são promissoras, sobretudo com a iminência do início da vacinação contra Covid-19. “Muitas empresas fecharam as portas, mas não encerraram e estão esperando a pandemia passar para retomar. Quando as pessoas forem imunizadas, elas vão se sentir mais tranquilas”, observou. Para ela, no entanto, uma medida importante seria a prorrogação do auxílio emergencial do governo federal, que foi fundamental para o reaquecimento da economia nos últimos meses.

Uma “aventura” para diversificar a renda em meio à crise

Foi em agosto que João Antônio Rodrigues Junqueira decidiu transformar em realidade uma ideia que alimentava há algum tempo. Amante da cozinha há vários anos, identificou uma lacuna no setor de entregas de comida em Santa Cruz, muito focado em lanches, como pizzas e hambúrgueres. Com o crescimento desse mercado ao longo do ano passado, devido ao isolamento social imposto pela pandemia, concluiu que o momento era propício para tirar o projeto do papel.

Junto com a companheira, Caroline Werle, e um amigo, Maurício Dutra Ferreira, criou um serviço de delivery de massas que começou a operar no dia 4 de dezembro. Tanto ele quanto os sócios possuem outras atividades – Junqueira trabalha na distribuidora de alimentos de sua família, Caroline é professora universitária e Maurício atua em uma rede de varejo. A ideia era justamente diversificar a renda em um momento de dificuldades na economia. “Meu pai sempre fala que não é bom ter uma fonte de renda só”, conta Junqueira, que tem 31 anos.

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A empresa foi constituída como MEI e o investimento foi pequeno, já que o trio pôde se instalar na antiga sede da distribuidora, que estava desocupada. Além disso, o desenvolvimento da marca ficou a cargo do irmão de Maurício, o que permitiu uma negociação amigável.


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A operação ocorre apenas de quinta a sábado. Enquanto Junqueira assume a frente da produção – com a ajuda da mãe, que tem experiência em cozinha profissional –, Caroline se responsabiliza pelos pedidos e Maurício, pela parte operacional e financeira. Com o arrefecimento na demanda nos últimos dias devido ao período de férias e ao calor intenso, a aposta é em qualificar o serviço, inclusive expandindo o cardápio, e se preparar para o inverno, quando a previsão é de uma procura maior.

A perspectiva é de crescimento em 2021. Para Junqueira, que define o projeto como “uma aventura”, a superação da crise passa por atitudes como a dele e dos sócios. “Depende muito de a gente se esforçar para amenizar o baque. Podíamos muito bem ficar em casa assistindo Netflix, mas nos propusemos a trabalhar. Se tu não fizer nada, nada vai acontecer”, observou.

Os números

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