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MEIO AMBIENTE

É possível viver sem sacolas plásticas? Veja práticas sustentáveis em Santa Cruz e pelo mundo

Foto: SHVETS/Pexels

Você sabia que uma sacola plástica pode levar mais de 400 anos para se decompor no meio ambiente? De acordo com dados da revista Proteste, o Brasil produz, por ano, 3 milhões de toneladas de plásticos de uso único, sendo o maior produtor da América Latina. Do montante, 13% são itens como pratos, talheres, sacos plásticos e canudos. A campanha #DeLivreDePlástico foi lançada em dezembro do ano passado, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNU-MA) em parceria com a ONG Oceana, tendo como objetivo reduzir esse percentual no Brasil e colaborar com a natureza diante do alto risco de poluição e de degradação ambiental causado por esse material.

Entretanto, já existem outras opções: as sacolas biodegradáveis, por exemplo, podem levar de seis meses a dois anos para se decompor totalmente. Outro tipo é a sacola compostável, que é feita com amido de milho, mandioca ou batata. Ela se decompõe em até 180 dias e pode ser empregada como adubo para o solo. Já as sacolas de papel produzidas com material biodegradável levam de três a seis meses para se decompor totalmente na natureza, uma vez que o papel também é reciclável e renovável.

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Além disso, o uso de sacolas retornáveis feitas de polietileno, PVC, ráfia, polipropileno ou de tecido (pano) já é realidade em vários países, inclusive no Brasil. Essas sacolas, também conhecidas como ecobags, além de muito mais resistentes, substituem o plástico e podem ser utilizadas nas compras em supermercados e lojas e para o transporte de materiais diversos.

Um bom exemplo em Santa Cruz

Em Santa Cruz do Sul, Franciele Kraetzig não utiliza sacolas plásticas há oito anos. “Vou ao mercado e as pessoas já me conhecem por isso. Levo minha sacola retornável e trago tudo nela, normalmente.” Mesmo com algumas “caras de estranheza” diante da atitude, ela mantém esse hábito durante quase uma década.

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Franciele Kraetzig garante que é possível dispensar uso do plástico mediante a adoção de pequenas modificações no cotidiano | Foto: Alencar da Rosa

Franciele, que é cozinheira e produz marmitas fit, garante que as pessoas não precisam de sacolas de plástico. “O pessoal me diz: e o lixo do banheiro? Se você faz questão, compre a sacola biodegradável”, reflete. Com a mudança de hábitos, passou a produzir menos lixo. Ela fez uma horta simples e uma compostagem no pátio de casa, que é o local para onde destina os resíduos orgânicos. “Praticamente só produzo o lixo de banheiro. Os meus dois filhos já sabem: quando comem uma banana, por exemplo, colocam as cascas abaixo de uma árvore no pátio, ou na horta.” Quanto ao lixo seco, que é o mais produzido pela população, Franciele lava os materiais e depois encaminha à reciclagem para que sejam reutilizados.

No ofício de cozinheira de marmitas fit, ela propõe uma troca com as clientes, para que os recipientes onde serve os alimentos não se transformem em lixo. Quando as freguesas retiram as marmitas – entrega que é realizada nas terças-feiras para toda semana –, os recipientes usados na semana anterior são devidamente higienizados e reutilizados para a mesma cliente. “Com isso, forneço alguns brindes para incentivar as clientes a devolverem os recipientes. Existem meios, é só querermos. Se dez pessoas não usarem sacolas será uma grande diferença para o planeta”, salienta.

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Pelo mundo: se você quiser uma sacola, vai precisar comprar

Inglaterra

Moradora de Londres desde 2014, a jornalista santa-cruzense Sabrina Schneider relata que ir ao supermercado sem planejamento vai exigir a compra de uma sacola para carregar os produtos. As grandes redes do país substituíram as sacolinhas plásticas por sacolas tipo “longa vida”, também chamadas de bag for life (para a vida toda). Qualquer estabelecimento é obrigado a cobrar no mínimo 10 pence (em torno de R$ 0,62) por uma delas.

As grandes redes da Inglaterra substituíram as sacolinhas plásticas por sacolas tipo “longa vida”

Entretanto, já existem redes de supermercados com planos de abolir totalmente qualquer sacola plástica, mesmo as “for life”, porque muitas pessoas as utilizam como se fossem descartáveis. “Tem uma rede de supermercados que fez algo bem bacana: substituiu os plásticos por sacolinhas biodegradáveis, feitas de amido de milho ou batata.”

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Em Londres é comum fazer as compras on-line, pelo aplicativo do supermercado. Os produtos são entregues em engradados, que o consumidor esvazia e devolve ao motorista. “O supermercado em que faço minhas compras on-line ainda usa sacolinhas pela facilidade da entrega, pois o motorista não precisa esperar que o freguês descarregue as caixas antes de partir para a próxima parada. Elas são cobradas junto com o rancho. Na semana seguinte, devolvo as sacolinhas ao motorista que vier fazer a nova entrega, para que sejam recicladas. Depois recebo o reembolso na fatura do novo rancho, e assim sucessivamente”, explica. Conforme Sabrina, muitos legumes e frutas ainda são vendidos em bandejas e sacos plásticos, em vez de soltos. “Essa é a próxima prática a ser abolida por supermercados”, acredita.


Israel

Uso de sacolas retornáveis faz parte do cotidiano de Ana Maria Piazera em Israel

A professora aposentada Ana Maria Piazera, santa-cruzense que mora há 15 anos em Raanana, Israel, conta que, se a pessoa quiser uma sacolinha plástica nos supermercados, precisa pagar um shekel por unidade (em torno de R$ 1,48) . Segundo ela, é uma forma de incentivar o uso de itens que não sejam descartáveis.

Muitos restaurantes embalam as refeições tipo take away em sacolas de papel. “Na minha casa procuramos reduzir ao máximo o uso de sacolas plásticas, e sempre temos na bolsa aquelas retornáveis e dobráveis, que ficam bem pequenas e podem ser usadas just in case”. Pelas ruas, é comum ver muitas pessoas carregando as compras em carrinhos de feira e em sacolas não descartáveis, vendidas pelos supermercados e estabelecimentos que comercializam alimentos.

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Alemanha

Lissi se tornou colecionadora de retornáveis em um país com uma série de ações ambientais

Conforme a santa-cruzense Lissi Bender, professora universitária aposentada e pesquisadora da imigração alemã, as sacolas de pano, mochilas, cestas e outros recipientes fazem parte da ida às compras na Alemanha. Há anos os mercados de lá não fornecem mais bolsas gratuitas. “Virei colecionadora de sacolas de pano”, ressalta Lissi, que atualmente mora no país.

Quem não traz recipiente de casa precisa comprar um. Mesmo as sacolas de plástico compradas são reforçadas, e nelas é possível ler frases como: Einweg ist kein Weg (descartável não é solução), ou Mehrweg ist gut für die Natur (reutilizável é bom para a natureza). Muitas lojas cobram até mesmo por embalagem de papel. Copos descartáveis são cobrados na hora de se comprar um café, por exemplo. Rolos de sacos amarelos, o Gelbe Sack, são fornecidos para o acondicionamento de lixo de resíduos recicláveis.

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Para vidros, garrafas pet e latinhas, cobra-se um Pfand – valor a mais embutido na compra, geralmente 15 centavos de euro (em torno de R$ 0,80) para garrafas de cerveja e 25 centavos de euro (R$ 1,33) para latinhas e garrafas de plástico. Esse valor é ressarcido quando se devolve as embalagens vazias ao mercado. Para tanto, há máquinas recolhedoras de embalagens. Vidros sem Pfand são depositados em contêineres.


Japão

Akira Shinjo, gerente de melhoramento de plantas da Japan Tobacco International (JTI), afirma que, em julho de 2020, o governo do Japão introduziu a cobrança de uma taxa por sacolas plásticas na maioria dos supermercados e lojas de conveniência. “Dependendo do tamanho da sacola e das lojas, o preço é de 3 a 5 ienes (em torno de R$ 0,11 a R$ 0,19) por unidade. Junto com essa política o consumidor, em geral, acha que o preço não é barato e costuma levar a própria sacola reutilizável quando vai aos supermercados.”

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Existem muitas regras rígidas para triagem e descarte de lixo no Japão, embora os detalhes sejam diferentes entre as regiões. As pessoas têm que separar e enxaguar alguns tipos de lixo, como garrafas plástica, garrafas de vidro, latas, embalagens plásticas e outros dentro de casa, para depois descartá-los em lugar e horário designados.


Áustria

Áustria oferece várias opções de recicláveis e retornáveis para acondicionar produtos

Verena Christianus, brasileira que mora há 24 anos em Mutters, a cinco quilômetros de Innsbruck, capital do Tirol, na Áustria, tem sacolas retornáveis de todos os tipos e de diferentes países. Inclusive uma Sacola do Bem – fornecida pelo projeto realizado pela Gazeta Grupo de Comunicações, com patrocínio do Município de Santa Cruz do Sul e apoio da Unisc.

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Por lá, os saquinhos biodegradáveis são cobrados: 0,01 ou 0,02 euros (cerca de R$ 0,05 a R$ 0,11). As sacolas retornáveis de tecido custam na base de 2,00 a 3,00 euros (cerca de R$ 10,66 a R$ 16,00); as de papelão custam menos, em torno de 0,50 euros (cerca de R$ 2,66), dependendo da espessura do papelão. Nas lojas onde há sacolas plásticas, elas também são cobradas.

Os preços das sacolas ecológicas variam dependendo da loja ou supermercado, do material (tecido, papelão ou plástico) e do modelo. “As pessoas pagam com gosto, pois elas são reutilizáveis durante anos, praticamente até se acabarem. E as biodegradáveis também tiveram seu custo para serem feitas, mas o valor é mínimo, quase simbólico. Sempre que saio, tenho algumas junto. Elas são praticamente dobráveis e cabem nas bolsas”, salienta Verena.

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Nova York

O engenheiro de software Lair Ipê da Silva Júnior, que é santa-cruzense e morador de Nova York há três anos e meio, está acostumado a levar bolsas de tecido para os supermercados e lojas. Segundo ele, há alguns anos ainda era comum ter sacolas plásticas nesses lugares. Porém, em março de 2020, uma lei passou a proibir a entrega nos estabelecimentos comerciais.

A partir daí, também começou a ser cobrado um valor de 5 centavos de dólar (cerca de R$ 0,26) por sacola de papel. “Lembro que no começo ficava pensando sobre o que iria fazer com as sacolas de que precisava para o lixo. Porém, logo gostei da ideia de comprar sacolas apropriadas para o lixo, pois elas não rasgam e não deixam o odor passar. Também, no final das contas, os plásticos só ficavam acumulando em casa sem muita utilidade”, comentou.

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