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LUIS FERREIRA

Eles também disparam contra nós

Onde e quando isso vai parar?
A transformação da divergência política em hostilidade aberta e violenta é uma tendência neste século. Em muitos lugares. Para não poucas pessoas, a democracia representativa é uma farsa ou, no mínimo, perdeu o sentido. A sociedade deixa de ser vista como um espaço onde grupos diferentes, com credos e convicções particulares, podem coexistir em paz. Ela agora deve ser ambiente de conflagração, de facções empenhadas em destruir inimigos reais ou imaginários.

Em meio a esse “espírito do tempo”, em que a busca de consenso se torna não só inviável, mas indesejável (sinal de fraqueza dos que não sabem qual é o seu “lado”), não é de espantar que conflitos históricos se acirrem e cheguem a novos extremos de violência.

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A Rússia invade a Ucrânia, na maior agressão de um país contra outro desde a Segunda Guerra. Esse embate continua, agora eclipsado pelo confronto entre Israel e grupos terroristas, o pior em décadas. Sem sinal de paz no horizonte.

Em 1963, o italiano Primo Levi (1919-1987), autor de livros sobre a experiência de judeu prisioneiro em Auschwitz, lançou A trégua. Conta a história de sua jornada para casa, após a libertação. A certa altura, Levi lembra a história contada por um companheiro no campo, Henek.
“Caminhava frequentemente com o pai pelo bosque no domingo, ambos com o fuzil. Por que com o fuzil? Para caçar? Sim, também para caçar; mas também para disparar contra os romenos. E por que disparar contra os romenos? Porque são romenos, explicou-me Henek, com simplicidade desarmante. Eles também, de vez em quando, disparavam contra nós.”

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Ad infinitum. Em 1972, terroristas do grupo Setembro Negro sequestraram atletas de Israel durante os Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha. Após negociação frustrada, todos os reféns foram mortos. O episódio inspirou o filme Munique, de Steven Spielberg (2005). Na trama, agentes isralenses recebem a missão de caçar e executar os envolvidos no atentado.
Para quê? Os terroristas eliminados são substituídos por outros, mais determinados e vingativos. “Perdas colaterais” ficam pelo caminho, e a violência alimenta a si própria.
Ninguém lembra quem disparou primeiro.

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