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ENOLOGIA

Eu, Gourmet: tire todas as suas dúvidas sobre vinhos

Foto: Pixabay

É inegável o aumento do consumo do vinho no Brasil a cada ano! Mais e mais pessoas vão provando e se deliciando com esta bebida de Baco e com o universo que a compõe. Nesta jornada de degustação, muitas perguntas e dúvidas surgem, e muitas vezes são comuns e muito pertinentes. Para tanto, o artigo desta semana sugere dirimir parte de algumas destas dúvidas. Vamos a elas!

POR QUE O VINHO MANCHA OS DENTES E A LÍNGUA?
Os vinhos tintos possuem pigmentos – chamados polifenóis – que vêm da casca da uva, e esta cor acaba saindo da casca e colorindo a bebida. São estes pigmentos que podem deixar lábios, dentes e língua roxos. Especialistas atestam que quanto mais jovem o vinho, mais fácil ele mancha. Algumas uvas mais tânicas, como a Malbec, a Cabernet Sauvignon, a Syrah e a Tannat, têm bastante pigmentação e podem manchar mais a boca.

E O QUE SÃO TANINOS?
Tanino é um polifenol, um composto químico naturalmente encontrado em plantas, sementes, cascas, madeira, folhas e cascas de frutas e, consequentemente, na uva. O tanino causa uma sensação de secura na boca e, muitas vezes, uma textura aveludada na língua. No vinho, o tanino possui a propriedade de causar amargor e certa adstringência, uma aspereza no palato. Todos os vinhos possuem tanino, seja branco, rosé ou tinto. As uvas mais tânicas são: Tannat, Cabernet Sauvignon, Syrah, Malbec, Tempranillo, Petit Sirah, Sangiovese, Nebbiolo e Montepulciano, entre outros.

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O QUE É AQUELE GOSTO HERBÁCEO PRESENTE EM ALGUNS VINHOS?
O gosto de pimentão verde, ervas finas, temperos, ou seja, os herbáceos, em geral, advém da substância denominada pirazina. Ela surge tradicionalmente em algumas uvas, tais como a Cabernet Sauvignon, a Pinot Noir, a Carmenére e a Cabernet Franc. A pirazina é encontrada no cacho da uva e sua concentração diminui à medida em que as uvas amadurecem. Outros fatores que influenciam a quantidade de pirazinas no vinho é a temperatura de maturação da planta, o manejo durante a fermentação e produção do vinho e o envelhecimento em garrafa.

É VERDADE QUE QUANTO MAIS VELHO FOR O VINHO, MELHOR ELE SERÁ?
No passado esta afirmação tinha bem mais valor; afinal, as técnicas produtivas, o manejo do solo e a tecnologia auxiliadora da produção eram mais singelas do que hoje, o que originava vinhos jovens mais duros e brutos, rústicos, que necessitavam acomodar-se com o passar dos anos e envelhecer, ficando mais dóceis ao paladar. Atualmente, pelo avanço da modernidade como um todo, os vinhos, mesmo jovens, já estão prontos para o consumo, não necessitando, em sua maioria, serem “domados” na masmorra das adegas! O crítico Robert Parker contesta o dito “milagre da garrafa”, ou seja, de que o vinho melhora com o tempo. Ele entende que, devido à excelência dos processos produtivos pelos quais os vinhos passam hoje, diminui a capacidade de a bebida necessitar evoluir e se tornar mais complexa com o tempo. Claro que a evolução ocorrida na garrafa, onde os aromas ditos terciários surgem, acomoda o vinho, cria novo olfato, nova boca e nova cor com o tempo, transformando o vinho. Para alguns rótulos, tal amadurecimento não só é necessário como essencial.

QUAL A DIFERENÇA ENTRE VINHO RESERVA E RESERVADO?
A cena é muito comum: o consumidor em dúvida sobre qual vinho comprar, parado defronte à gôndola, olhando aquelas dezenas de vinhos de bom custo-benefício polarizados entre rótulos ditos “Reserva” e “Reservado”. O vinho Reserva sempre é a melhor opção, pois se convencionou que tal adjetivo geralmente indica um vinho que passou por algum período de amadurecimento em barris de carvalho e posterior envelhecimento na própria garrafa. Ou seja, quando tais ações são realizadas com maestria, trazem inúmeros benefícios ao vinho, deixando-o melhor em quase todos os sentidos. Já o termo Reservado nada significam de agregado ou melhoria vínica; emprestam tal fardo a vinhos de entrada, sem grandes pretensões a não ser confundir o consumidor, induzindo-o de que esteja comprando um “Reserva”, mas sem qualquer benefício agregado. Ou seja, puro marketing! Compre sempre um Reserva, nunca um Reservado. Santé!

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Fala Baco

A Bodega Zuccardi, tradicional vinícola argentina, estabelecida no Valle do Uco e adjacências, foi uma das primeiras vinícolas sul-americanas a implantar a agricultura de precisão em seus vinhedos. O levantamento é tão minucioso que ela consegue avaliar praticamente videira por videira de seus mais de 700 hectares cultivados. Além de uvas, a família Zuccardi tem olivocultura em seu portfólio. Possui uma ampla gama de vinhos, divididos em várias linhas de produtos, sempre pontuados pela qualidade e pela excelência produtiva. Um desses vinhos é o Tito Zuccardi 2013, blend elaborado pelas uvas 80% Malbec, 10% Cabernet Sauvignon e 10% Ancelotta (inusitado complemento com esta casta italiana de pouco uso na Argentina). O nome é uma homenagem ao avô Alberto, patriarca inovador, que plantou as primeiras vinhas da família.

Esse vinho é uma maravilha, impressionando logo ao servir a taça, com uma coloração rubi violáceo turva quase negra e lágrimas agarradas à taça. De imediato, exibe aromas com muita fruta negra madura, com predominância de ameixas, amoras, groselha, mirtilos, cerejas, envoltos em tabaco, chocolate tostado, chá preto e violetas. Ao primeiro gole, vá com calma, pois o volume em boca preenche rápido o paladar, com seus taninos redondos e macios, equilíbrio e potência, além de perene amplitude e cômodo retrogosto. É muito vivo e cativante, lembrando um vinho de safra mais recente. Seus 15,1% de graduação alcoólica sugerem ao menos 1 hora de decanter para ficar ainda melhor, elegante e de alta gama! Fermenta em cubas de concreto e depois repousa por 12 meses em barricas de carvalho francês.

Com o Malbec dominando o corpo e a Ancelotta o nariz, a harmonização sugere carnes bovinas com chimichurri, cordeiro não muito magro, vegetais na brasa com azeite de oliva, molhos condimentados, carnes de caça ao forno ou panela, queijos de cura.

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Possui 15,1% de graduação alcoólica e o ideal é degustá-lo na temperatura de 16o C a 18o C.

E lembre-se: se beber, NÃO DIRIJA!

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