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CONVERSA SENTADA

Eu, “subversivo”?

Eu nunca tive, durante o período acadêmico, nem vontade nem tempo para as passeatas e outras manifestações. O problema era o “baixo clero” das forças da repressão que em tudo viam “subversivos”.

Vou, portanto, narrar o que aconteceu comigo nessa época turbulenta.

Certo dia, quando no quarto ano de Direito na Ufrgs, fiz um comentário no barzinho, que foi armazenado como sendo subversivo. Não era nada disso, eu apenas referi que estava na hora de voltarmos a uma plena democracia, eleições livres, etc.

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Tempos depois, já formado, me inscrevi no concurso para juiz de direito. Na época o Tribunal procedia ao concurso, mas quem nomeava o juiz para o cargo era o governador.

Comigo foram aprovados 28 candidatos. E nada de saírem as nomeações. Um amigo me segredou que estava tudo parado por minha causa.

Procurei uma pessoa que tinha bom trânsito no governo. Foi-me pedido que eu declarasse por escrito que eu não era comunista. Ora, ora, ora: como eu não era comunista mesmo, assinei. Não me envergonho, se fincasse o pé seria pior para todos.

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Pronto, saíram as nomeações….

Tudo que me faltava era ser comunista, sendo neto e filho de comerciantes. A propósito: nunca li o Capital, do Karl Marx. Mais: na minha época de faculdade eu era um dos poucos não “comunista”. Além de ser o mais “pobre” da turma.

A alta aristocracia dos estudantes da Ufrgs era composta de muitos esquerdistas. Eu não tinha dinheiro para também ser. Meu negócio era estudar e assegurar um bom futuro.

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As gurias que eu queria namorar perguntavam que carro eu tinha. Eu retrucava que nem bicicleta possuía e nem dinheiro para comprar uma. Se quisesse me convidar para um chope, ela teria que pagar o meu e o dela.

Enfim, meu pior defeito para arrumar uma namorada era não ter sequer um Gordini ou um DKW usado.

Na minha época de faculdade, os protestos se organizavam na frente da Reitoria ou na Borges de Medeiros. A maioria dos próceres dos Centros Acadêmicos ficavam ou nos andares da reitoria ou meio escondidos na multidão.

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odavia, pouca coisa mudou. Hoje, já com os cabelos “entordilhados”, mas bem faceiro, vejo, com preocupação, a bagunça geral. Não há colaboração e sincronia entre os governos, é um puxa pra cá e outro para lá.

Tomara que os governos não atrapalhem os empresários! Muito menos os heróis do agro.

Falar em agro, finalmente estamos livres para vender nosso gado atravessando Santa Catarina, pois não vacinamos mais contra a aftosa, o que era um entrave.

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Vai subir ainda mais o valor do nosso gado. Que é o melhor do mundo.

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