Em uma entrevista memorável, a Monja Coen destacou o sistema educacional dinamarquês, que incorpora valores de humanismo e tolerância, fazendo da empatia uma disciplina obrigatória. A proposta é formar cidadãos capazes de coexistir de maneira harmoniosa, fortalecendo a democracia e a igualdade.
Desde 1993, as escolas da Dinamarca dedicam uma hora semanal ao Klassens tid (tempo de classe), em que os alunos aprendem a ajudar colegas, resolver problemas e desenvolver saúde mental. O foco é a colaboração, não a competição. As crianças discutem conflitos, compartilham experiências e aprendem a ouvir diferentes perspectivas, cultivando tolerância e respeito.
A abordagem educacional como um todo também é guiada por princípios humanistas: equilibrar conhecimento técnico com relações humanas, priorizar resolução coletiva de problemas e reduzir a ênfase em memorização e testes formais. O objetivo é formar cidadãos conscientes, capazes de promover igualdade, democracia e justiça social.
Publicidade
LEIA MAIS: O desafio de reconstruir a infraestrutura e avançar
Essa visão dialoga diretamente com o conceito de Indústria 5.0, uma mudança de paradigma em que tecnologia e humanidade caminham juntas. Ao invés de substituir pessoas, as máquinas passam a ampliar suas capacidades criativas. A Indústria 5.0 representa um avanço em relação à 4.0: não a substitui, mas a complementa, colocando o ser humano no centro dos processos.
Nesse novo estágio, robôs, sistemas digitais e inteligência artificial atuam ao lado de operadores, programadores e técnicos, valorizando o potencial cognitivo humano. A manufatura torna-se híbrida, com personalização em massa, interconexão robótica e sistemas ciberfísicos apoiados por 5G, computação em nuvem e edge computing. Tecnologias como biotecnologia, robótica avançada, manufatura aditiva, IoT, machine learning e cobots viabilizam esse ecossistema cooperativo.
Publicidade
O propósito central é claro: tornar a produção mais sustentável, inclusiva e orientada à qualidade de vida. A automação assume tarefas repetitivas ou pesadas, enquanto o trabalho humano se desloca para atividades criativas, analíticas e colaborativas. Isso redefine o papel das pessoas na indústria e impacta setores como educação, saúde, energia, agro, varejo e os vários setores da infraestrutura.
LEIA MAIS: Trens fora dos trilhos e sem rumo
A Indústria 5.0 busca transformar a manufatura em vetor de bem-estar social. Não se trata apenas de produzir mais e melhor, mas de produzir para melhorar a vida. É uma Super Smart Society, fundada na cooperação entre humanos e máquinas.
Publicidade
Neste momento histórico conturbado da história humana, o resgate dos valores humanos é uma notícia que traz esperança. Assim como a indústria integra tecnologia e sensibilidade humana, o sistema educacional dinamarquês coloca a empatia no centro da formação. Ambos apontam para um mesmo horizonte em que a sociedades é mais cooperativa, lúcida, tolerante, resiliente e justa.
A grande notícia é que parece possível acreditar que, do fundo da alma humana, surja um caminho capaz de fazer do mundo um lugar em que se possa viver em plenitude.
LEIA MAIS TEXTOS DE LUIZ AFONSO SENNA
Publicidade
QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!