Encontrar um fóssil equivale a entrar na sala de visitas de um tempo que tem muito a nos contar e recomendar. Sala que, se estivermos suficientemente motivados e atentos, nos introduz aos antigos ambientes de sedimentação. Nos conta acerca do clima, da geografia, dos hábitos alimentares, das coexistências e das relações estabelecidas. Revela os segredos da evolução, como nos faz entender que muito temos a aprender.
Talvez, curiosamente instalados na sala de visitas do tempo, possamos nos dar conta de que estamos confundindo a “Casa Comum”, que nos congrega, com um grande depósito de onde possamos retirar, a nosso bel-prazer e ganância, o que quisermos. Assim como estamos fazendo com outros fósseis, estes que queimamos incautamente, liberando gases de efeito estufa, a exemplo do dióxido de carbono.
José Alberto Wenzel: na trilha
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A este cenário apresentam-se os novos fósseis, os do Antropoceno: atual época geológica em que a humanidade mostra força equivalente às que a Terra vem exercendo em períodos medidos em milhões de anos. Aí começam as diferenças, o que a Terra mensura em escala geológica, nós humanos aceleramos artificialmente para tempos muito breves. Alguns situam o início do Antropoceno ao começo da agricultura, cerca de 11,7 mil anos atrás, outros o temporalizam à Revolução Industrial em 1760. Muitos o aproximam ainda mais, para 1950, considerado o ano da largada para a “Grande Aceleração”. Mas quais serão os registros fósseis destes tempos artificialmente acelerados? Podemos citar o plástico, metais, concreto, cinzas e outros resíduos tecnológicos. Constrangidos, dizemos que alguns pesquisadores têm chamado a esses registros de “tecnofósseis”.
Todavia, novos ares sopram de todos os lados. Ventos benfazejos que adentram por muitas varandas do tempo. Tempo emergente, em gestação. Tempo expresso, em significativa medida, na “Cúpula dos Povos” e nos empenhos da COP 30; nas feiras de ciências escolares; em muitos trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses; no encontro de 650 estudantes no dia 21 de outubro durante a “Semana do Lixo Zero”; em mobilizações como do Cinturão Verde; em programas a exemplo do “Verde é Vida”, “Produtor de Água” e do Instituto “Crescer Legal”; na atuação do Instituto Binemac e da Associação Cayana-Vida Silvestre; no Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e no Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa); na Summit realizada no dia 18 de novembro pela Faculdade Dom Alberto; no Centro Socioambiental da Unisc; na Agenda 2030 do Cisvale; no plantio de 200 árvores, nativas e frutíferas no dia 21 de setembro de 2024, no Bosque do Parque Regional do Imigrante; nas instituições, associações, Sebrae, empresas (ESG) e entidades de classe.
José Alberto Wenzel: Ombro amigo
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Em cada pessoa, da área urbana e rural, que zela, não raro de forma anônima, pela natureza; na ação do Ministério Público; nas manifestações de vereadores; nas secretarias municipais, como a de Meio Ambiente, na Sema/Fepam e sistema ambiental; nos conselhos, como do Meio Ambiente e o Socioambiental; na imprensa, publicações e documentários; em movimentos públicos e privados; na consulta popular/seminário realizada no dia 17 de junho deste ano pelo Sicredi VRP, sobre a área do sanatório Kaempf; nas falas inspiradoras de Krenak e Kopenawa; nos Comitês de Bacias Hidrográficas… A lista se alonga em meritórias iniciativas aqui e mundo adentro. Se você, estimado leitor, puder e quiser acrescentar outros movimentos e iniciativas a esta lista, muito agradecemos (51) 99830 8445.
Assim, se os fósseis e os extremos climáticos atestam, com veemente urgência, que seus registros demarcam transições geológicas, inclusive extinções, a “Rosa dos Ventos” areja virtuosas esperanças. VAMOS ECO VENTAR JUNTOS!!!
LEIA AS COLUNAS DE JOSÉ ALBERTO WENZEL
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