Conquistar o título de Miss Rio Grande do Sul carrega um significado que vai muito além da beleza para Júlia Guerra. Aos 35 anos, ela se tornou não apenas um rosto bonito nas passarelas, mas um símbolo de representatividade, coragem e superação. Profissional da área da saúde, quiropraxista e pós-graduada em Neurociência, Gestão em Saúde e Comunicação e Oratória, ela desafia paradigmas em um universo historicamente marcado por padrões rígidos.
“Sempre quis ser uma mulher diferente, uma mulher referência. Mas, na infância, nem passava pela minha cabeça ser miss, até porque não me via bonita”, conta.
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Natural de Soledade, Júlia começou sua trajetória no universo da moda aos 12 anos, como modelo. Aos poucos, foi se aproximando dos concursos de beleza até que, em 2011, participou pela primeira vez do Miss Universo Rio Grande do Sul. Depois, conquistou os títulos de Miss Rio Grande do Sul Latina, Miss Brasil Latina e venceu o Miss América Latina del Mundo, sendo uma das poucas brasileiras a alcançar um título internacional.
O retorno aos concursos em 2023, após a mudança nas regras do Miss Universo, que passou a permitir candidatas de qualquer idade, casadas e com filhos, veio carregado de significado.
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Do consultório para a passarela
Mesmo com o título, Júlia não deixou sua profissão de lado. Morando em Porto Alegre há mais de uma década, ela mantém sua clínica de quiropraxia, onde atende de segunda a sábado, das 8 horas às 20 horas. A rotina é intensa. No entanto, Júlia vê no empreendedorismo uma fonte de força para enfrentar os desafios do concurso.
“Ser empreendedora me deu muita autonomia e segurança. Na clínica aprendi a liderar, a me posicionar e a construir minha autoridade como profissional. Tudo isso me fortalece quando falo com os jurados e represento outras mulheres”, destaca.
Ocupar esse espaço como miss, sendo uma mulher empreendedora, profissional da saúde e fora dos padrões tradicionais do concurso é, para ela, uma forma de ampliar a representatividade. “Já sofri diversas falas machistas. O que me motiva a continuar é ser inspiração para outras meninas da mesma área, mostrando que a gente pode, sim, ser dona do próprio negócio.”
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Autoestisma e representação
Se tem algo em que Júlia acredita é que beleza vai muito além da estética. Na sua visão, bem-estar e autoestima são pilares que sustentam a verdadeira beleza.
Representar o Rio Grande do Sul no Miss Brasil tem um peso que Júlia leva com orgulho. Além de carregar a tradição do Estado nos concursos, que já revelou nomes como Ieda Maria Vargas e Julia Gama, ela leva consigo sua própria história, construída com trabalho, resiliência e propósito.
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Lya Luft como inspiração
Na fase de entrevistas do concurso, Júlia surpreendeu os jurados ao citar a escritora santa-cruzense Lya Luft como uma de suas maiores inspirações. Ela explica que se identifica profundamente com a maneira como Lya abordava os sentimentos, os silêncios, medos e, principalmente, a força interior das mulheres.
Para Júlia, a escritora ensinou que ser forte não significa ser dura e que, muitas vezes, a sensibilidade é o maior ato de coragem. “Quero representar com autenticidade e empatia, mostrando que a mulher gaúcha é forte, mas também é feita de sentimento, reflexão e luz, assim como Lya tão lindamente foi”, declara.
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