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OPINIÃO

Luis Fernando Ferreira: “Janeiro Branco”

Foto: Pexels

“Da nossa vida, em meio da jornada / Achei-me numa selva tenebrosa / Tendo perdido a verdadeira estrada.”

Os versos que abrem A Divina Comédia, poema clássico de Dante Alighieri (Itália, 1265-1321), foram utilizados por outro escritor, o norte-americano William Styron, para representar uma doença ainda mal compreendida: a depressão.

Em 1991, Styron publicou o livro autobiográfico Perto das trevas. Nele, conta a experiência de uma grave crise depressiva que sofrera anos antes. Já era então um romancista famoso, autor de A escolha de Sofia (transformado em filme vencedor do Oscar), mas nem todo prestígio evitou que a doença quase o matasse – no que, para ele, foi uma descida ao abismo mais profundo, tal qual a jornada de Dante aos círculos infernais da Comédia.

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Mas, assim como Dante, Styron voltou do inferno para nos contar. Precisou, entre outras coisas, passar por uma internação hospitalar. “Quem recuperou a saúde quase sempre recupera a capacidade para a serenidade e a alegria, e isso deve ser indenização suficiente por ter suportado o desespero além do desespero”, escreveu.

Fato é que seu relato trouxe luz a um assunto que ainda é cercado de estigmas e preconceito, três décadas depois. Depressão não é mera “tristeza” ou “frescura”, como insistem alguns. Da parte dos que sofrem, muitas vezes há vergonha e receio de buscar ajuda – e ser visto como “louco”.

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Para trazer orientações sobre saúde mental, a campanha Janeiro Branco foi criada em 2014, em Minas Gerais. Hoje ela tem abrangência nacional e busca prevenir males que decorrem do estresse, como depressão, ansiedade e síndrome do pânico. O nome foi escolhido porque janeiro sempre representa um novo início. É o mês em que as pessoas projetam mudanças de vida, uma “página em branco” na qual se rascunham projetos.

Em outubro de 2023, pesquisa do Instituto Ipsos revelou que cinco em cada dez brasileiros (52%) acham que a saúde mental é o maior problema em termos de bem-estar da população. Em 2018, o percentual era de 18%. Câncer e uso abusivo de drogas, respectivamente, foram a segunda e a terceira maiores preocupações de saúde em 2023.

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Cuidem-se.

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