Nesta segunda-feira à tarde, em um recinto da Assembleia Legislativa, vai acontecer um ato que considero de enorme relevância para nosso município, para a economia regional e do Estado. Sem alarde e sem pompa, imagino, será apresentado e protocolado um projeto de lei que declara a fumicultura como “atividade de relevante interesse econômico, social e cultural no âmbito do RS”.
Talvez você pense que será apenas uma formalidade, alguém querendo chamar a atenção de um setor que, por sua natureza, é estigmatizado como hostil à saúde e, por consequência, à economia e tudo mais que uma narrativa bem direcionada quiser atingir.
Vejo a proposição sob outra perspectiva. Aliás, corajosa e ousada ao reconhecer a importância de um segmento que os holofotes da grande mídia, dos palanques e até dos gabinetes governamentais se esforçam para esconder. Todavia, números são mais eloquentes do que conceitos e impressões subjetivas.
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Análise sobre a balança comercial gaúcha no primeiro trimestre do ano, publicada na semana que passou pela Gazeta do Sul, não deixa dúvidas: “a indústria do tabaco responde hoje por 20,1% de tudo o que o agronegócio gaúcho exporta, superando carnes, soja e cereais”.
Para quem não é familiarizado com esse setor, talvez essa performance impressionante passe despercebida. Mas para quem nasceu, se criou e vive tendo por referência o tabaco – nas propriedades do interior, nas indústrias, no comércio e em uma gigantesca rede de serviços que depende dessa atividade – isso só ratifica o que a realidade cansa de mostrar todos os dias.
Sejamos francos: se reduzirmos o foco e nos concentrarmos só em Santa Cruz do Sul, chegaremos facilmente à conclusão de que, apesar de uma crescente e bem-vinda diversificação na atividade econômica, o município ainda é impensável sem o tabaco. É só olhar para o rendimento que proporciona às pequenas propriedades do interior e reparar na estrutura, na qualidade de vida, no bem-estar das pessoas que apostam nessa atividade. Na cidade, movida pela indústria do tabaco, a vida pulsa cada vez mais frenética por conta de um alto índice de empregabilidade e um nível salarial que multiplica empreendimentos imobiliários, que renova e expande a frota de veículos, movimenta a rede hoteleira, agita a vida noturna em bares e restaurantes e impacta tantos outros segmentos.
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É por isso que a iniciativa do jovem deputado Marcus Vinícius de Almeida chama a atenção porque vai no sentido oposto de correntes que defendem o total controle e até a erradicação da fumicultura e, por extensão, da indústria e de toda a cadeia econômica atrelada ao tabaco.
Mas a proposta vai além e, ao nominar o projeto de “Lei Harry Antônio Werner”, presta uma justa homenagem a um visionário que liderou a organização e estruturação do setor. Profissionalmente, estive muitas vezes em contato com esse homem determinado, de posições contundentes, por vezes, mas sempre fundamentadas em um foco: dar amparo a quem produz e intermediar uma comercialização adequada da safra às indústrias.
Penso que temos que saudar e valorizar este momento, porque a base de nossa economia regional passará a ter um marco jurídico e institucional que fixa um posicionamento permanente do Estado frente à importância do segmento. Vida longa a um setor que produz, gera renda e oferece dignidade a milhares de famílias.
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