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CONTRAPONTO

Muito além do divã

No último dia 22, em entrevista ao jornal Estado de São Paulo, o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Marco Aurélio de Mello, declarou que o tribunal exercita um período de extravagância institucional, com decisões que impõem um enorme desgaste à imagem do Judiciário e violam princípios do estado democrático de direito.

Questionou a legitimidade do STF em julgar Bolsonaro, cujos processos deveriam tramitar na primeira instância (exemplo do caso Lula). Destacou como incompreensíveis e absurdas a “tornozeleira eletrônica, a mordaça e a censura prévia”, impostas a Bolsonaro pelo ministro Alexandre de Moraes.

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Que a atuação do STF tem sido excessivamente incisiva e concentrada em decisões individuais. E apelou por correção e retorno do colegiado como instância decisória principal. E não como órgão individual. 

A crítica atingiu o ministro Alexandre de Moraes, relator de diversos inquéritos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em tom irônico, Marco Aurélio afirmou: “Teria que colocá-lo [Moraes] em um divã e fazer uma análise do que ele pensa, o que está por trás de tudo isso!”.

Em 21 de agosto de 2024, meu artigo (F20-F29) em Contraponto se antecipou hipoteticamente à atual ironia do ministro Marco Aurélio, ao cogitar “colocar” o ministro Moraes no divã.

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F20-F29 é o código clínico que aborda o tema da esquizofrenia e os transtornos delirantes, que se “caracterizam em geral por distorções fundamentais e características do pensamento e da percepção, ideias delirantes de controle, de influência”. (Fonte: www2.datasus.gov.br)

À época, minha pesquisa foi a propósito do comportamento de midiática figura judicial. Recorri a um especialista, não sem antes lhe informar a quem me referia e as circunstâncias “processuais”. Assegurado seu anonimato, o consultado compreendeu minha reflexão e respondeu:

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“Afinal, um cargo daquela relevância não pode ser exercido por uma parafrenia fantástica (também chamada de loucura raciocinante), manifestada pela pura fantasia sem preocupações com a similitude lógica, ideias que têm sua origem em um pensamento paralógico. 

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Espaço e tempo são adaptados a ela, ambiguidade das pessoas, confusão do conjunto de acontecimentos, lembrando muito as criações surrealistas. 

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Megalomania, com os mais diversos temas agrupados, perseguições (conspirações, lutas políticas), ideias de transformações, acabam por transformar tais pessoas em vítimas encurralados pelas forças dominantes.

 Mas paradoxalmente chama a atenção a correta adaptação à realidade. Permanece inserido na realidade com sua verdade histórica, como se tivesse dois olhos diferentes. E, por fim, a capacidade intelectual, memória, trabalho, vida social, continuam intactos, de forma impressionante.”

Resumo da ópera, meus amigos. Nada de novo no front. Freud explica!

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