As notícias do Vale do Taquari mostram um misto de alento com desespero. Se por um lado pode ser comemorado o fato de que o nível do rio tem baixado hora a hora, por outro ainda há pessoas a serem resgatadas e o rastro de destruição deixado pela força do Taquari e seus afluentes começa a aparecer. É o caso de municípios como Estrela e Lajeado, que viram trechos da BR-386 serem arrancados, assim como o viaduto de acesso a Lajeado. A via está interrompida até que seja feita a avaliação da estrutura da ponte sobre o Rio Taquari, entre os dois municípios.

Os desabrigados e desalojados estrelenses estão na Comunidade Católica Boa União, no Colégio Santo Antônio, na Comunidade São José, no Ginásio Cristo Rei e no São José Operário. O município deve receber um hospital de campanha do governo federal para suprir a demanda da casa de saúde local.

Lajeado tem oito pontos de abrigagem, com cerca de 1.125 pessoas até o início da tarde de sexta-feira. A medida do nível do rio às 19h30 mostrava 27,10 metros, tendo chegado ao máximo de 33,25. No Porto de Estrela, o nível atingiu 34,04. Em ambos os casos, são as maiores cheias da história.

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Em Bom Retiro do Sul, a preocupação era com os salvamentos, além da falta de combustível para manter o gerador do Hospital Santana, que estava sem energia elétrica. A equipe da Prefeitura chegou a socorrer cruzeirenses, que foram lançados à correnteza com a força da água.

Localidades como Passo de Estrela, em Cruzeiro do Sul, estão destruídas. Em Travessa São Miguel, no interior, um bebê de 5 meses foi resgatado pelas forças de segurança. Ele estava com os oito integrantes da família por 48 horas sobre um telhado. Colinas ficou isolada por via terrestre. E a vizinha Imigrante teve dificuldade de acessar a RSC-453, porque a via de saída ficou parcialmente bloqueada devido aos deslizamentos. Parte do município foi tomada pelas águas de arroios.

O casal Adanário Fucks, de 75 anos, e Celi Fucks, de 74, foi encontrado morto na localidade de Barra do Forquetinha, em Forquetinha. A cheia atingiu a residência e eles não conseguiram escapar. Foram localizados pelo irmão de Adanário.

As duas cidades mais atingidas em setembro e novembro do ano passado, Muçum e Roca Sales, tiveram um novo rastro de lama e destruição. O prefeito de Muçum, Mateus Trojan, defendeu que seja buscada ajuda federal e até internacional para atender às demandas. Em Roca Sales, a Prefeitura conseguiu deslocar as pessoas das áreas alagáveis, mas apontou dificuldade de acesso ao interior.
Desta vez, Relvado é um dos lugares mais atingidos. O município fica na subida da serra do Vale do Taquari. Não tem mais farmácias, nem mercados, nem estruturas de saúde pública. A cidade está ilhada e precisa de suporte para recuperação.

Enquanto os rios baixam nos Vales, sobem na Região Metropolitana. Em Porto Alegre, às 21h30 de sexta-feira, o nível do Guaíba no Cais Mauá havia chegado a 4,77 metros. A cidade também vivia o temor do rompimento de um dos portões de contenção. “Esta não é a primeira enchente, mas talvez a maior desde 1941. A cada momento temos que tomar novas decisões e estamos fechando o comércio do Centro e do 4° Distrito”, comentou o prefeito Sebastião Melo.

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