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Novos hábitos financeiros

No último dia 16, em encontro online de mentoria de educação financeira, a educadora financeira da instituição DSOP – Educação Financeira, Juliana Barbosa, de Salvador (BA), propôs uma dinâmica que, à primeira vista, não teria nada a ver com o treinamento. Juliana pediu que os participantes pegassem uma folha em branco e escrevessem nela, com a mão usual, o primeiro nome. Em seguida, ela desafiou os mentorandos a escreverem, de novo, nessa mesma folha, o nome, mas com a mão trocada (não usual). Tendo participado do exercício, confesso que, como destro, consegui escrever meu nome com a mão esquerda, mas o resultado, embora fosse legível, pareceu um pouco estranho. O que teria a ver a citada dinâmica com hábitos financeiros?

Muito se ouve falar que, após a pandemia, vamos ter um “novo normal”. Com a reabertura gradual do comércio e outras atividades, em várias cidades, muita gente voltou a trabalhar e está retomando parte da rotina que tinha antes do início da pandemia do coronavírus. Infelizmente, em muitos casos, o período de distanciamento social e as restrições ou até proibição de atividades provocaram a redução ou fechamento definitivo de milhares de estabelecimentos comerciais e de outras atividades (o IBGE informa por volta de 500 mil), gerando queda ou perda total da renda das pessoas, amenizada, por enquanto, com os auxílios emergenciais do governo federal.

Como consequência, apareceram ou pioraram as dificuldades no orçamento para milhões de famílias que, para driblar a situação, passaram a adotar novos hábitos. Tudo indica que a freada na economia e as restrições de mobilidade impostas pela pandemia devem durar mais algum tempo. Eventualmente, dependendo do avanço da doença, até se tornarem mais rígidas. Por isso, é recomendável manter hábitos adquiridos durante a quarentena, como 1) cuidar mais de si (higiene, saúde e busca de conhecimento, inclusive de educação financeira); 2) usar máscara em ambientes de acesso público, principalmente quando forem fechados, com igrejas, restaurantes, escritórios; 3) evitar aglomerações, preferindo o pequeno e tradicional comércio; 4) recuar nos gastos, segurando as compras por algum tempo; 5) economizar, ficando em casa: preparar as refeições; diminuir as vindas da faxineira, do tempo e número de banhos por dia; 6) substituir os acessos às redes sociais, muitas vezes multiplicadoras de fake news, pelas mídias tradicionais, principalmente os jornais, a televisão e o rádio; após poucas semanas de quarentena, a TV e o rádio tiveram um crescimento acentuado de audiência que se mantêm em índices acima dos anteriores à pandemia.

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A consultora de educação financeira do Banco Carrefour, Camila Fontana, avalia que “neste período, aprendemos a viver com mis simplicidade e podemos usar esse aprendizado para seguir assim: de uma maneira mais econômica e sustentável no futuro”. Parece que, neste “novo” normal, não cabe ostentação. A consultora sugere quatro estratégias da quarentena que podem ser mantidas ou aprimoradas para administrar melhor as finanças domésticas, neste momento desafiador da economia:
1ª) anotar todos os gastos: é fundamental saber onde o dinheiro está sendo gasto; usando uma planilha de computador, aplicativo de celular ou um simples papel para registrar cada desembolso efetuado, por menor que seja, é possível saber o que pode ser reduzido, substituído ou até eliminado;
2ª) priorizar pagamentos: avaliar quais são as despesas essenciais que precisam ser pagas, sob pena de prejuízos ou implicações maiores;
3ª) fazer pequenos reparos por conta própria: muita gente arregaçou as mangas e reparou encanamentos, pintou cercas e até casas, consertou roupas;
4ª) buscar a educação financeira: a pandemia mostrou a necessidade de as pessoas reverem seus gastos e investimentos, e procurarem conhecimento especializado para lidar melhor com o dinheiro.

Com base na anotação de gastos, citada anteriormente, que deve ser feita durante 30 dias (quem tem renda fixa) ou 90 dias (com renda variável) é possível fazer um diagnóstico inicial das finanças pessoais e familiares. As pessoas terão em mãos uma radiografia de seus gastos, tornando-as mais conscientes na hora de fazer alguma compra. É possível identificar hábitos prejudiciais que precisam ser mudados. Depois, educar-se financeiramente. Não só aprender a elaborar e acompanhar um orçamento, fazer cálculos, pesquisar preços, que são providências necessárias, mas não fundamentais.

A educação financeira que a metodologia DSOP, por exemplo, está disseminando pelo Brasil e em outros países, vai além: ela trabalha o comportamento das pessoas. É a mudança do modelo mental – coisas em que acreditamos, como, por exemplo, que uma pessoa só é feliz quando tem tudo o que deseja – e de hábitos.

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Hoje, já se sabe que, geralmente, os problemas financeiros não são decorrentes de baixos salários ou de crises econômicas do país, embora, em alguns casos, isso seja verdade. Tanto assim que até pessoas com receitas acima da média também tem dificuldades até para pagar suas contas mais essenciais, quem dirá conseguir acumular algum patrimônio. Muitos problemas financeiros ocorrem simplesmente pelo fato de as pessoas repetirem hábitos prejudiciais quando se trata de dinheiro: não elaborar e acompanhar um orçamento pessoal ou familiar, comprar por impulso, não definir objetivos financeiros, não poupar, não planejar seus investimentos, etc. são alguns deles.

O sucesso financeiro não depende do quanto se ganha, mas de como se lida com o que se ganha. Esse é um hábito que pode ser aprendido. Pode não ser necessariamente fácil, nem rápido, nem sempre simples. Como escrever o nome com a mão trocada. Mas é possível. Se alguém acredita que pode mudar – e faz disso um hábito – a mudança desejada se torna real.

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