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ROMEU NEUMANN

O crime compensa? Socorro!

Me comovi com a revolta de um casal, relatada pela Gazeta do Sul na edição de quarta-feira, dia 22 de março. Ainda jovens, marido e mulher tiveram sua casa em construção na chácara invadida em São Martinho, interior de Santa Cruz do Sul. Mais do que perdas, incorporaram um trauma na sua história.

Relatos semelhantes chegam de Linha Andrade Neves, Alto Boa Vista, Linha Nova, outras localidades, e da nossa área urbana. Isso não vinha ocorrendo com essa frequência em nosso município. Assim como não acontecia em Vera Cruz, Sinimbu, Vale do Sol, Candelária, Venâncio Aires, Rio Pardo, Pantano Grande, Vale Verde, Passo do Sobrado, e me perdoem os demais municípios da região, que vivem sob o mesmo flagelo.

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Nossos filhos ainda eram pequenos quando decidimos pela construção de uma casa no campo. Achávamos que, se pudéssemos distanciá-los das baladas por mais alguns anos, para que decidissem com mais propriedade e juízo sobre o que gostariam de fazer das suas vidas, teriam mais condições de acertarem nas escolhas. E nós, um pouco mais de sossego.

Acho que deu certo. De início faltava lugar no carro, trocamos por uma caminhonete, sempre lotada com nossa turminha e com amigos que iam na carona para passarmos finais de semana no interior, onde outra turma já nos esperava. Churrasqueadas, pescarias, jogos de futebol, torneios de vôlei, rodadas de pôquer, canastra, fizemos de tudo um pouco.

Os anos foram passando, os filhos cresceram, se tornaram adolescentes, hoje são adultos. Já não conseguimos reuni-los no sítio porque se dispersaram e estão absorvidos por seus projetos de vida.
Tenho saudade, nenhum arrependimento. Mas quero voltar ao início desta história. Me coloco na situação das famílias que estão tendo suas casas arrombadas. Desta dor e revolta eu entendo!

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A primeira vez foi num distante 10 de maio, Dia do Trabalhador. Até pareceu ironia. Levaram não só patrimônio, mas devastaram um sonho. Hoje já não sei, depois de tantas vezes que ouvi ao telefone alguém avisando: “a casa de vocês foi arrombada de novo”, o que mais dói. Seria o prejuízo com a perda dos bens ou a destruição que promovem em portas, janelas, paredes e até no telhado?

Talvez pior que tudo isso seja a percepção de que marginais invadiram o nosso lar e violaram nossa intimidade. E, para derradeira desolação, a triste certeza de que nada vai acontecer a nosso favor. “Perdeu, mané!”, disse um ministro do Supremo Tribunal Federal meses atrás a um cidadão brasileiro a respeito do resultado das eleições presidenciais.

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Os vagabundos que nos roubam, na cidade e no interior, devem repetir todos os dias, rindo de nossas caras, sob o abrigo da impunidade: “Vocês perderam, seus manés”! A propósito, um leitor me enviou mensagem na semana passada relatando vários casos de invasões na nossa cidade. É gente que chega, se apodera de um imóvel, por vezes provoca incêndios e, não raro, no jargão popular, põe “o dono a correr”.
Muito triste!

Como não há a menor esperança de reação por via constitucional, legal, regimental, seja o que for, para endurecer o combate ao crime – porque os que fazem as leis são omissos – resta fazer um apelo aos nossos órgãos de segurança: não permitam que nossas comunidades e nossas famílias se tornem reféns de marginais. Ou ladrões e autores de outros crimes têm razões para temer a lei e as autoridades que a fazem cumprir, apesar das amarras processuais, ou vamos convencionar, pública e definitivamente, que o crime compensa.

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