Um impulso inato no ser humano, talvez desde os primeiros deslocamentos que nossa espécie fez, ainda no continente africano, em busca da subsistência, é a curiosidade em saber o que se oculta além da linha do horizonte, ou por trás de alguma montanha. Queremos ver e saber o que o grande mundo reserva ou apresenta, e, assim, uns mais, outros menos, nos sentimos impelidos a sair por aí, a pé, a cavalo, em canoa, em carroça, ou mais modernamente em navios, trens, carros, ônibus ou aviões, para conhecer o planeta.
Desde o princípio essa possibilidade se afigurou mais segura ou provável para os homens, e se pode compreender que em outras épocas as ameaças à integridade das mulheres eram inúmeras. No entanto, à medida que novos meios de locomoção foram surgindo, e mais proteção a elas foi assegurada, muitas saíram igualmente a conferir outras paisagens, culturas, sociedades. E deixaram suas ricas e diferenciadas impressões.
É sobre estas, pioneiras ou contemporâneas, que a escritora portuguesa Sónia Serrano dedica olhar demorado no livro Mulheres viajantes, editado no Brasil pela Tinta da China, em 344 páginas (a R$ 119,90). Trata-se de um esforço valioso e primoroso de resgate de algumas figuras que, se a um tempo são quase anônimas, em outro são referenciais para os tempos atuais. Essa dica ocorre em sintonia com texto que está na página 2 do suplemento Magazine, encartado nesta edição da Gazeta do Sul, como um convite para que homens e mulheres valorizem, mais e mais, a riqueza cultural de cada povo.
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