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O que pretendiam os foragidos do Presídio Regional

Há muito mais por trás da maior fuga da história das casas prisionais do Rio Grande do Sul do que o desejo de liberdade. Os 26 foragidos que escaparam do Presídio Regional de Santa Cruz no começo da tarde do dia 17 de novembro tinham planos, especialmente aqueles que fazem parte da facção Os Manos. Três dos fugitivos foram recapturados no começo da manhã desta segunda-feira em uma propriedade em Estância São José, a cerca de 25 quilômetros do Centro de Venâncio Aires. Há indícios, segundo a Brigada Militar, de que o trio pretendia resgatar outros apenados na Penitenciária Estadual de Venâncio Aires (Peva). O fato de a localidade ficar nas proximidades da Peva reforça as suspeitas. 

As informações de uma possível fuga da Peva já haviam chegado à Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), tanto que, na última sexta-feira, uma operação foi realizada na casa prisional. Na ação, intitulada Mate Verde, quatro membros do grupo criminoso que teriam influência entre os detentos foram transferidos. Durante a revista, uma serra foi apreendida pelos agentes. 

“Havia indícios de que esta facção, Os Manos, estaria se articulando na região e cometeria alguns resgates de presos, ou no Regional (Santa Cruz) ou em Venâncio Aires”, afirmou o delegado penitenciário regional, Bruno Carlos Pereira. No entanto, ele frisa que não é possível garantir que os três foragidos recapturados teriam a missão de resgatar outros presos. 

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Ainda conforme Pereira, a fuga do Presídio Regional não teria sido planejada para que um número tão grande de detentos escapasse. “Nós temos informação de que a fuga foi arquitetada para alguns, mas não para 26 apenados. Mas, em virtude da facilidade, eles aproveitaram e mais gente escapou”, explicou Pereira. No dia em que o grupo fugiu, havia apenas dois carros para resgatar os 26 foragidos: um HB20, localizado horas depois com um deles, e um veículo vermelho, cujo modelo não foi divulgado.

Além de resgatar detentos da Peva, a Brigada Militar acredita que o trio recapturado ontem planejava cometer assaltos a estabelecimentos comerciais em Santa Cruz, Vera Cruz, Venâncio Aires e Candelária. “Eles pretendiam buscar recursos para montar uma estrutura fora do sistema penitenciário”, ressaltou o comandante regional da Brigada Militar, coronel Valmir José dos Reis. “Esse grupo tem relevância e tinha objetivos postos. Eles precisavam alimentar o sistema com armamento, dinheiro e carros.” 

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Segundo Reis, quando um grupo desses escapa do sistema penitenciário é porque tem planos e uma missão do lado de fora. “Quando saíram (do presídio), a gente já sabia que causariam danos até serem recapturados. Essas pessoas, quando escapam, se organizam e cometem crimes.” O comandante salientou que, para encontrar os foragidos – 16 dos 26 já estão presos novamente – a BM conta com o setor de inteligência, que faz uma análise das informações. “A Brigada não prende criminosos do perfil deles por acaso. É um trabalho de inteligência. Há análise de dados, as informações são confrontadas e monta-se o cenário”, ressaltou. 

Procurados

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Dos 16 detentos que continuavam foragidos até a noite de 17 de novembro, dia da fuga em massa, dez deles ainda não foram localizados.  Maicon Robson Schmidt foi encontrado no dia 20,  em uma residência na Rua Arnoldo Henrique Zimmer, no Bairro São João. Na última sexta-feira, outros dois foram presos. No começo da tarde, Jorge Jardel Vidal da Silva foi localizado na casa da companheira, na Rua Venezuela, no Bairro Bonfim. Jonathan Ricardo da Silva, condenado por latrocínio (roubo com morte), foi detido após o assalto a um posto de combustíveis na RSC-287, em Venâncio Aires, à noite.

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Propriedade servia de esconderijo para trio de fugitivos

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Uma confortável propriedade em Estância São José, no interior de Venâncio Aires, foi o esconderijo escolhido por três dos 13 apenados que permaneciam foragidos até ontem. Lucas Gabriel Franco Graff, de 21 anos, e Luciano Barbosa, mais conhecido como Caco Bala, de 47, e Anderson Fernando Machado, de 30, estavam no local. Além dos fugitivos, foi localizado Fernando Pablo Alves, de 27. Ele é de Novo Hamburgo e deveria cumprir pena em prisão domiciliar.

Conforme o capitão Rafael Menezes, que coordenou a ação com a capitã Michelle Vargas, a BM tinha informações sobre a localização do trio desde o fim de semana. Mas foi durante a madrugada de ontem que houve a confirmação. “Cercamos o local por volta das 7 horas. Um deles estava fazendo o serviço de sentinela, usando uma pistola e um prolongador.” Eles não resistiram à prisão.

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A BM estima, a partir das informações repassadas ao setor de inteligência, que eles estivessem na propriedade há cerca de uma semana. “Geralmente eles ficam mal instalados. Mas não foi o caso. Estavam muito bem instalados.” O local pertence a um detento da Peva, que cumpre pena por tentativa de homicídio e outros crimes. 

No local, os policiais encontraram três pistolas 9 milímetros, uma submetralhadora, quatro coletes balísticos, dois carregadores de submetralhadora, seis carregadores de pistola – três deles com prolongadores –, cinco toucas ninja, um binóculo com visão noturna e 297 munições. 

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